Apesar De Tudo AyA

Capítulo 5

Esse vai para as loucas do tarô do FBI,
em especial para Yvi que pediu
pela cena do anel aqui.

Ter medo de enfrentar os desafios é
o mesmo que permanecer estático.
Quando sentir o frio na barriga, vai saber
que está valendo a pena viver.
(Amanda Rezende)

-----------------------------
2008. Madrid/ES
Alfonso
-----------------------------

Eu ansiava por uma resposta dela, quando levanta o rosto, vejo lágrimas em seus olhos e Anahi sacode a cabeça levemente, respira fundo pra responder.

- Alfonso, eu.. – Ela pega a caixinha para olhar o anel. Ele é um solitário de ouro e a extensão do arco é dupla, com um diamante verde cravejado no formato de uma estrela no topo e entorno dela vários pequenos diamantes. Anahi continua sem falar nada e seus olhos transmitem dor.

- Eu pensei em um topázio, mas aí lembrei que não chegaria nunca, nem perto, da cor dos seus olhos. Mudei de ideia e coloquei o diamante verde – Pego o anel da caixinha estendendo pra que ela ver os detalhes mais de perto. – Com o verde você se lembra de mim, com a estrela eu quis simbolizar o papel das nossas vidas. Sim, vão existir outros, quem sabe até mais especiais, mas foi com Miguel que eu te encontrei, isso torna esse casal em algo épico – toco levemente seu maxilar com a ponta dos dedos e Anahi se deita nela, com os olhos fechados ao sentir o carinho. - E por fim, mas não menos importante, simboliza que os sonhos são como estrelas: você não pode tocá-las, mas se você as seguir, elas vão guiar o seu destino.

- Peter Pan! Você pensou em tudo, não é? – Vejo nascer em seus lábios um sorriso discreto.

- Eu quero que seja perfeito Any. Eu quero ser o homem que você vai escolher para estar pra sempre. No meu coração, eu sei que não importa onde, quando ou como, você e eu vamos ficar juntos! Então porque adiar o inevitável? – Coloco tudo o que tenho nas mãos dela e aguardo ansioso por sua resposta.

Anahi ainda não tirou os olhos do anel que estou segurando, vejo quando ela se agarra a minha mão na sua e a leva aos seus lábios, mas é a lágrima que cai por entre seus cílios que me faz sentir uma pedra no estômago.

- Poncho, eu não posso –  sua voz sai fina, de forma quase torturada enquanto chora. – Por favor, não fica bravo comigo, mas não dá! Não posso. Não agora, me entende...

Minha pulsação acelera e tudo que eu mais quero agora, é que se abra um buraco no chão e eu seja sugado para lá. Minha voz sai com um tom cortante e frio que quase não reconheço como sendo minha.

- Você não está nem disposta a tentar ter um relacionamento comigo, não é mesmo? - A informação vai chegando ao meu cérebro e a vergonha começa a se instalar dentro de mim - Eu sou uma anta mesmo! - Frustrado e muito decepcionado, tiro rapidamente a mão que está no meio das dela e me viro de costas, tentando lidar com os sentimentos de rejeição.

Ouço o suspiro alto e no momento seguinte sinto suas pequenas mãos em meus ombros e seus beijos leves em meu pescoço.

- Não falei que eu não quero, mas que eu não posso. Não faz isso comigo, Poncho. - Suas lágrimas molham minha pele nua.

O que eu mais quero é consolar ela e dizer que tudo bem, que eu estava ali e que iríamos resolver tudo juntos. Mas ao contrário do que eu deveria fazer, o que eu me ouço falar é...

- Não fazer isso contigo? Essa fala deveria ser minha Anahi! Eu que te peço, não faz isso comigo, não faça isso com a gente... - Me viro para encarar seus olhos chocados. - Eu sei que as coisas não estão fáceis agora. Eu sei que tem uma porrada de gente por trás do que podemos fazer fora de quatro paredes, mas eu também sei que estou disposto a mudar isso. Quero lutar! Quero que a gente dê certo. Eu posso te proteger do que for, você sabe disso!