Era como se houvesse uma luta interna dentro de mim. Uma parte que estivesse ansiosa para sair do meu corpo e ficar mundo afora. Como se meu organismo estivesse rejeitando essa sensação ruim dentro de mim. Não parecia ser doença, mas, sim, uma magia negra lutando contra uma magia poderosa. — Angel.
- E o que eu tenho que fazer? – Eu perguntei, meus braços cruzados e meu maxilar travado com força. Eu estava me segurando para não mandar esse velho para a puta que pariu e fugir com Angel para longe, esperando que ela melhorasse com o tempo.
- Você não vai fazer mais nada, já fez mal o suficiente para a minha filha. – Dumbledore se virou para mim e cerrou seus olhos levemente. – Eu sei o que preciso fazer, mas necessito que Angel esteja aqui e... com alguém a segurando. – Ele respirou fundo. – Você vai ser essa pessoa. – Dumbledore disse, contra sua vontade. – Se você machucar ela mais do que já está machucando, não hesitarei em colocar você em Azkaban pelo resto da sua vida, senhor Riddle. Só não faço isso nesse exato momento por causa de Angel. Ela ainda ama você. – Eu engoli em seco, tendo noção do poder que Dumbledore tinha sobre mim. – Pegue-a e a traga até aqui. Agora.
Eu me virei e saí dali, caminhando rapidamente de volta para o quarto de Angel. Assim que entrei, a encontrei dormindo ainda. Porém, pude ver que ela estava soando frio, sua respiração estava acelerada e seus olhos estavam levemente apertados. Eu a peguei no colo e levei de volta para a sala de Dumbledore, ignorando os olhares curiosos.
- O que aconteceu com ela?! – Pude ouvir a voz de Ethan atrás de mim. Ele veio para o meu lado e colocou a mão na testa de Angel enquanto eu andava rapidamente.
- Não é da sua conta. – Eu puxei o corpo dela para longe do toque dele e continuei caminhando.
- Sim, é sim. Angel é minha amiga também. – Eu parei e me virei para encarar ele, o fuzilando com os olhos.
- Ela era sua amiga. Angel não quer mais nada com você, pode ter certeza disso. Ela está comigo agora. Vá embora antes que eu te faça ir a força. – Eu voltei a andar e não parei até chegar na sala de Dumbledore. A depositei deitada na mesa dele e me afastei minimamente, mas continuei segurando a mão dela.
- Angel, definitivamente, vai acordar. E ela vai sentir muita dor. Eu... – Dumbledore suspirou. – Não é possível retirar uma magia negra do corpo de uma pessoa, porém, isso, normalmente, não afeta o corpo que foi imposto sobre essa magia. Mas o caso de Angel é diferente, seu corpo aprendeu a produzir feitiços de auto-proteção. Assim como o feitiço que impede alguém de mexer na memória dela, Angel criou uma proteção conta essa magia negra. E... como a magia é muito forte, o corpo de Angel vai lutar até retirar essa magia de dentro dela. Ou seja, Angel vai ter que lutar até a morte contra a magia de uma Horcrux. – Eu engoli em seco, me segurando para não socar minha própria cara. Onde eu estava com a cabeça quando fiz dela uma horcrux minha?! – Como Angel puxou parte do meu poder, eu sou o único que pode arrancar esse feitiço de proteção de dentro dela, a mantendo segura novamente. Contudo, como o feitiço foi criado inconscientemente por ela, a dor que Angel sentirá vai ser enorme. Pois o feitiço está impregnado no organismo dela, impedindo que a magia negra faça seu trabalho de imortalidade. – Dumbledore olhou para mim. – Preciso que você segure ela e não deixe ela se levantar, Angel com certeza acordará durante o processo. – Eu assenti, vendo minhas mãos tremerem de nervosismo. – Só mais uma coisa. – Eu olhei para o velho novamente. – Você sentirá parte da dor de Angel, já que vocês partilham o mesmo núcleo agora. – Antes que eu pudesse me preparar melhor, Dumbledore colocou sua varinha sob o coração de Angel e fechou os olhos enquanto murmurava um feitiço completamente estranho e em outro idioma.
Mantive os olhos em Angel até começar a sentir dor. Percebi que ela estava acordando e tentando se mover. – Tom? – Ela me olhou confusa e logo soltou um grito de dor. – Para, por favor... o que é isso?! – Ela rangeu os dentes e gritou novamente. Eu travei o maxilar, mas mantive minha postura. Apesar da dor imensa que eu estava sentindo, a dor de Angel deveria ser muito pior. Era como se meus ossos estivessem se quebrando todos de uma vez, se movendo para o lado e dando passagem para que algo saísse. Pude sentir o suor escorrer pela lateral da minha cabeça. – Tom... faz isso parar! – Seus gritos de ajuda me deixaram pior do que eu já estava, era mais doloroso ver Angel desse jeito do que sentir a dor que ela estava sentindo. Eu faria de tudo para que eu estivesse ali, não ela.
De repente, o fogo aceso nas tochas ao redor da sala começou a se tornar verde, à medida que o grito de Angel se tornava mais poderoso. Dumbledore franziu a testa, se concentrando melhor. Sua mão já estava tremendo. Pude ver uma esfera verde brilhante começar a sair do peito de Angel, indo em direção à varinha de Dumbledore. Eu segurei Angel com mais força enquanto ela arqueava as costas, seu rosto ensopado de lágrimas e seus dentes rangidos com força.
Naquele momento, eu jurei a mim mesmo que nunca mais deixaria que Angel sentisse dor alguma.
Quando a esfera brilhante saiu completamente do peito de Angel, ela relaxou o corpo completamente, desmaiando na mesa. Eu soltei seu corpo e cambaleei para trás, me apoiando em uma das mesas da sala. Observei Dumbledore colocar a luz brilhante em uma espécie de frasco minúsculo e redondo, que decorava uma pulseira de tira fina e preta.
- O que é isso? – Eu perguntei, ofegante.
- Parte do poder protetivo de Angel está aqui. Ela poderá usar essa pulseira e mentalizar esse poder quando ela quiser. – Eu arqueei as sobrancelhas. – Assim, o poder não vai funcionar sozinho, ele precisará de um gatilho. Angel será esse gatilho. – Ele colocou a pulseira no pulso dela, a olhando com pena e ternura. – Se Angel descobrir que é uma horcrux, ela tentará usar esse poder para desfazer o feitiço. E isso é impossível. Ela irá morrer se tentar. Portanto, Tom Riddle... – Dumbledore se aproximou de mim e cruzou seus braços. – Não deixe, nunca, que Angel saiba que é sua horcrux. Posso não concordar com as coisas que você faz, mas isso é para salvar a vida da minha filha, não a sua. É melhor você parar com as coisas horríveis que estava fazendo e ainda planeja fazer, isso tudo só afetará Angel ainda mais. Estamos entendidos? – Eu assenti, desviando o olhar para o corpo fragilizado de Angel na mesa. Sua cor já estava voltando ao normal, assim como o rosado das suas bochechas e da ponta do seu nariz. Eu sorri minimamente ao vê-la melhor. – Leve-a para o quarto dela e coloque-a na cama. – Dumbledore ordenou, eu não hesitei em pegar Angel no colo e caminhar com ela para fora dali.
Enquanto eu caminhava com ela, observei seu lábio voltar ao normal também. Ele já não estava com a aparência cinza e mórbida de antes, agora estava inchado naturalmente e rosado, assim como o restante da sua pele. Angel, definitivamente, estava melhor. Eu entrei em seu quarto e depositei ela na cama, colocando um feitiço aquecedor no colchão e a cobrindo com o grande cobertor. Depositei um beijo calmo nos lábios quentes dela, me afastando apenas para observá-la e analisar cada pedaço do seu rosto.
oi, pedaços de coxinha. Como estão agora?
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Possessive || Tom Riddle
FanfictionApós a morte dos pais, Angel Swan, uma garotinha de apenas 9 anos, passa a morar no Orfanato Wool, onde conhece seu melhor amigo; Tom Riddle. Os dois vivem uma amizade saudável e bela, mas que muda drasticamente assim que Tom descobre ser um bruxo e...