Espanha.

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Um mês se passou desde que fugi de Jeff, de toda aquela loucura que inventamos. E infelizmente, não paro de vomitar há 2 semanas, isso sem falar que minha menstruação não desceu. Isso não podia estar me dando paranóias piores, afinal, eu não tenho como ter certeza disso sem um teste, porém estou com medo demais de estar grávida para comprar um teste. Queria ter uma amiga agora.

Vou até a farmácia e compro alguns testes, no caminho de volta compro uma garrafa d'água. Meu estômago está repleto de borboletas, principalmente porque sei que é de Jeff, e não tenho como errar sobre isso. Só transei com ele, então é impossível ser de outro. A ideia de abortar não é ruim, não tenho a menor condição de criar essa criança, nem de tê-la. Como infernos vou até um hospital sendo que estou nessa situação? Jeff botou qualquer pessoa que podia atrás de mim, ao mesmo tempo continua arrombando prisões e hospícios, aumentando os números.

Tenho que parar de me guiar pelas emoções. Se eu não tivesse fugido e o deixado com tudo, isso não estaria acontecendo. Como sou burra!

Preciso respirar e pensar direito, já matei pessoas demais, isso está deixando um rastro óbvio e doentio. Jeff é um rastreador nato, já cansou de me achar, e antes de mim, suas outras vítimas que tiveram o fim que eu, ainda, não tive. Embora ache que nenhuma foi tão ridícula ao ponto de se envolver com ele e também de engravidar dele. Céus, estou fodida.

Já matei tanta gente que não devia me importar em matar essa criança inconveniente, mas toda vez que penso em abortar, quero desesperadamente chorar. Essa criança é a única coisa que me liga a Jeff, é claro, sem contar minhas inúmeras cicatrizes. Tenho que esconder praticamente todo o corpo, isso me destrói. Eu era linda, e agora, sou uma procurada grávida e mutilada. E ainda um dia pensei que ele era um herói. Sim, ele me salvou da morte naquela noite, mas teria sido melhor do que viver toda a tortura de virar isso, o monstro que fugi por anos. Anos e anos correndo para um dia, o senhor sabe tudo acabar com todo meu esforço. Me acorrentando, espancando, beijando, abraçando. Cada vez que sua voz ecoa em minha mente, meu corpo estremece e fico sem ar. Não sei se isso é amor ou medo, talvez os dois. Não sei o que sinto, mas sei que se estiver certa, e tiver esse filho, vou garantir que ele nunca me encontre, e que vou tentar dar a essa criança uma vida normal. Não posso cria-lo, então vou o entregar a um orfanato, isso é o melhor a se fazer. Isso, Lua, pense racionalmente!

Faço os testes, e todos dão positivo. Começo a gritar e jogar tudo de um lado para o outro. Como não perdi essa criança? Apanhei em brigas depois que fugi, e mesmo assim nada, ela continuou crescendo como se nada tivesse acontecido. Isso não pode ser normal, não, é impossível ser normal sendo que seu pai é Ele, e eu sou a vadia da mãe. Tenho que sumir daqui, dessa vez a viagem será até mesmo ao inferno se tiver que ser. Os estados unidos não é mais onde estou segura, tenho que usar a cabeça e fugir. Bom, meu espanhol não é grande coisa mas posso tentar ir ao México.

Entro no ônibus, viajando de cidade em cidade, fazendo algumas paradas no meio do caminho. Nunca pensei que mijaria tanto, estar grávida é horrível. Por sorte matei gente o suficiente para ter bastante dinheiro comigo, uma mochila cheia, e isso é meu porto seguro por enquanto. Depois, só preciso encontrar alguma ovelha solitária na Espanha, a matar, e viver na casa. Não sei porque nunca fiz isso antes, afinal Jeff nunca iria me procurar na Espanha. Talvez lutar para tentar fugir com esse bebê tenha me deixado mais atenta. Mesmo que eu voltasse para ele, tudo estaria começando de novo, a tortura e etc. Tenho que pensar nessa criança agora, e Jeff não seria um bom pai nem de longe. Posso vê-lo tentando ensinar essa criança a esfaquear alguém assim que ela aprender a andar. É apavorante e cômico. Não consigo evitar de dar uma pequena risadinha balançando a cabeça negativamente. Eu o amo, mas preciso pensar em mim, como tenho feito. E agora, nessa criança.

Estou me apegando rápido demais a essa ideia de filho. Nem sei se vou ficar com ele, mas também não consigo parar de pensar em como será seu rostinho, seus olhos, e qual será seu gênero. Estou com medo de Jeff mais do que nunca agora, ele nunca me teve longe por tanto tempo desde que nos conhecemos, e sei que é capaz de me destruir. Me perguntei muitas vezes o motivo real de ter fugido, mas agora entendo, mesmo sem saber, fiz o certo. Estou pensando em ter a criança, e principalmente, em cria-la. Quero que seja uma garota, afinal homens são complicados demais.

Assim que chegamos, vou para a parte mais deserta da cidade onde fui deixada, que é uma cidade pequena, onde costumam caçar animais. Não há lugar melhor para uma cabana, talvez eu compre uma, afinal, todos parecem se conhecer nesse lugar. Não posso levantar suspeitas agora. Tenho dinheiro suficiente para comprar um lugar pequeno, mas lugares longe da cidade são mais desvalorizados, e para mim é a melhor coisa possível. Ele não vai me pegar de novo, e mesmo que venha, dessa vez não vou ter a maldita piedade de antes, vou ter que engolir meu amor e até mesmo mata-lo se necessário. Eu não quero que meu filho sofra tudo isso que eu sofri, e nem que veja o que vai acontecer comigo quando sentir a energia sedutora e assassina do seu pai perto de mim. Jeff acorda o monstro em mim como ninguém, e sabe disso, esse é o seu trunfo. Eu não tenho mais a misericórdia de pensar em quem é na minha frente, só puxo o maldito gatilho, mas agora, não posso ser rastreada. Cada passo meu vai ter que ser pensado, vou ter que até mesmo respirar controladamente. Não posso arriscar que ele chegue a essa criança, que por motivos diabólicos, não consigo me livrar.

Foi um pouco caro, mas consegui comprar uma pequena casa no meio de um mato, cheia de capins mal cortados, tinha uma cerca de ferro e grades ao redor, provavelmente era de alguém que não gostava de visitas. É uma casa pequena, com uma peça pequena para cozinha, um quarto, um banheiro e a sala é a peça da entrada. É mais do que suficiente para sobreviver. Bom, ela já vem com um colchão, as bancadas da cozinha e o banheiro. Vou ter que me virar em lojas de móveis usados. Por sorte, aqui, meu rosto não é noticiado há tempos, foi apenas uma ou duas vezes, ou seja, todos já me esqueceram. Isso sem contar que estou bem mais acabada do que antes.

Começo a procurar alguma coisa sobre empregos no jornal local, e acabo descobrindo uma lanchonete onde precisavam de uma atendente e faxineira. O salário é 1.500, trabalho todos os dias durante 12 horas. Bom, isso parece exploração, mas não tenho muita escolha agora.

- É bom você ser grata a mim quando for mais velha, afinal estou tentando ter uma vida trabalhosa por sua culpa. - Falei tocando minha barriga e indo até o banheiro. O chuveiro mal aquece, tudo que ele aguenta é chegar até um morno quase frio. Vou viver com isso por um mês, se precisar, mas não posso gastar mais. Ainda tenho bastante dinheiro, mas também preciso comer.

Me arrumo e saio de casa, caminhando até a cidade, que fica a 5 quilômetros da minha casa. Vou ter que comprar uma agenda para anotar todas as coisas que tenho que comprar. Bom, posso acabar causando um "acidente" com a gerente e ela morrer por causa que o gás vazou em casa. Acontece, não é tão óbvio...

Merda, Lua! Pare de pensar em matar todo mundo! Você não fugiu dele porque queria uma vida normal? Agora viva a merda de vida normal.

Dance With Devil -Jeff The killerOnde histórias criam vida. Descubra agora