Arame farpado

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      —Mas que porra você estava pensando?! —Jeff gritou —Se você acha que vai ser tão fácil assim se livrar de mim, se livrar de você mesma, está enganada. —Ele se aproximou de mim, até deixar nossos rostos com poucos centímetros de distância. —Eu não vou deixar você ir, nem viva ou morta. ENTENDA ISSO!

       —Vai pro inferno! —Gritei de volta —Não me interessa o que VOCÊ deixa ou não, eu quero que você se foda! Não me importo mais, eu tô cansada, isso não é um jeito de viver, eu to ferrada, você me ferrou. Agora, o mínimo que deveria fazer era me matar, mas claro, você não é homem o suficiente pra isso! —Respondi, Olhando em seus olhos, sei que ele pode me matar, mas eu quero isso, eu anseio pela morte. Por meu corpo esfriar e eu simplesmente deixar de existir. Seu olhar, furioso. Meu olhar, Desafiador.

      —Eu vou te mostrar do que eu sou capaz, Rata. —Ele disse puxando meu cabelo e me arrastando pelos corredores, até uma sala onde havia uma cadeira, haviam facas e armas, armas de choque, lâminas e tudo quanto é tipo de arma que eram possíveis imaginar. Era provavelmente a maior sala do hospital sem contar o quarto. Ele me amarrou lá, ele não fez cortes como antes. Dessa vez, ele começou quebrando ossos, um de casa vez, lentamente, mãos, braços, pés, depois começou a fazer cortes pelos mesmos lugares onde ele havia quebrado meus ossos. Meus gritos ecoavam por provavelmente todo o hospital, eu sentia a dor ecoar por cada parte, cada célula do meu corpo. —A faca, estava mergulhada em veneno, mas não, isso não vai te matar, só vai fazer doer muito, muito, muito mais. Mas isso é só o início, agora vem a parte divertida, Rata. —Ele disse me puxando e me fazendo ficar de pé, eu gritava de dor para me mover, um tonel de água estava a alguns metros de onde estávamos, Jeff segurou meus cabelos e mergulhou minha cabeça no tonel. Eu me afogava e ele me trazia a superfície, meus pulmões ardiam, meus braços quebrados estavam sendo apertados por cordas, fazendo eles queimarem e doerem. 

      —Chega... —Eu disse ofegante assim que ele me trouxe até a superfície —Eu não aguento mais... Por favor... Chega... —Comecei a chorar, mas ele não reagiu, continuou lá, frio.

      —Eu acho... Que você aguenta mais um pouco, afinal ainda está muito bem. Mas tudo bem, acho que chega por hoje disso. —Ele disse me carregando e indo embora daquele quarto.

      Eu estava ofegante e tossia várias vezes, mas ele mentiu. Não havia acabado. Não estava nem perto de acabar.

       Jeff me levou para um quarto escuro e lá, ele me encostou de pé na parede, sem eu poder sequer me mover e me deixou cercada por arame farpado. Qualquer movimento fazia um corte profundo, o arame enganchado em minha pele. Eu mal podia respirar, não podia me mover, meu corpo Doía, estava com frio e fome, zonza graças a perda de sangue, eu não devia ter falado tudo aquilo.

      Horas se passaram e nada. Eu não duvido que ele me deixe passar o dia todo aqui, talvez até a noite toda. Assim como dias, eu não sei, não consigo pensar direito. A dor ecoa por cada parte do meu corpo, a tontura faz eu ficar cada vez mais desesperada pra que ele venha e me tire daqui. Eu sinto vontade de gritar, de bater em tudo, de descontar tudo isso, não aguento mais isso.

      Esses pensamentos tomavam conta de minha mente, não me deixando pensar, até que o barulho de um trovão, fez com que minha cabeça se calasse.

Pense direito, Lua, pense. 

      Eu quero morrer, eu quero que tudo acabe, eu já vi coisas piores e definitivamente eu posso aguentar mais do que isso, eu não vou deixar ele ganhar esse jogo. Tomar conta de mim, eu não vou obedecer e nem jogar de acordo com as regras dele.  Dei um passo para o lado, os arames rasgaram meus braços e minha barriga, estiquei meu braço e dei mais alguns passos até o prego que ele havia prendido os arames. Vários pregos, um debaixo do outro. Soltei o mais alto, meus ombros e meus braço não estavam mais presos, e assim fui soltando um por um. Cambaleei até a porta e a abri. Andei escorada na parede, que estavam sendo pintadas por meu sangue vivo. Andei vários corredores, chegando até o refeitório. Lá, Jeff me viu, seus olhos, ele estava surpreso e não posso afirmar se isso é bom ou ruim. Atravessei o refeitório e passei por ele em silêncio, indo em direção da cela onde eu tinha visto o médico da última vez, mas ele não estava lá. Andei por mais dois corredores e logo tudo ficou preto, não consegui resistir mais. Senti algo, como se fosse alguém me segurando antes que eu caísse no chão. Talvez tenha sido Jeff, talvez eu tenha imaginado...

Dance With Devil -Jeff The killerOnde histórias criam vida. Descubra agora