Adeus remédios

4K 310 310
                                    

     Jeff correu em minha direção empunhando a faca, eu travei as lâminas e ficamos empurrando, até eu dar um chute em seu estômago, não tenho mais força que ele, ele não parece ter ponto fraco. Seu ataque foi bom, mesmo estando em meio a dezenas de corpos fedendo com partes e sangue para todo lado. 

      —Sua puta... Pare de se defender e ataque! —Ele gritou.

      —Não sou obrigada a obedecer um bosta como você, cospobre de coringa.  —Respondi e ele me atacou. Meu canivete e a faca dele voaram longe. Ele me jogou longe e eu bati com as costas na parede. Caí no chão e  tentei engatinhar para meu canivete mas ele chutou meu estômago. Merda, esse bosta vai conseguir me matar. Eu caí no chão e tentei levantar várias vezes mas todas as tentativas eram inúteis. Eu caía de cara no chão novamente. Ele pegou a faca e me virou para cima. Colocando a faca em meu pescoço.

     —Vamos, estou esperando. Me mata! —Eu disse com a respiração ofegante.

      —Depois do trabalho que me deu, eu vou te dar um destino pior, sua rata. —Ele bateu com a minha cabeça no chão.

      Acordei amarrada em uma cama. Ele não estava me esperando acordar, o que é bom. Ainda estou naquela casa velha. A madeira é podre e fraca. Meu pai não me treinou como lutadora, infelizmente, mas teve um bom motivo.  Puxei meus pulsos, que ficaram doendo da corda. Mas levantei  e corri para casa. Alguns quarteirões, estava tarde. O sol devia estar quase nascendo. Quando cheguei a porta de casa estava aberta. Meu coração sentiu um aperto. Talvez eu tenha esquecido aberta. Ele não teria vindo até aqui.  Entrei e fui ao quarto do meu pai, que era no andar debaixo. Assim que abri a porta, ele e minha mãe estavam mortos. Ele matou meus pais enquanto dormiam, um tiro em cada um. Meu pai poderia tê-lo matado se ele não fosse um covarde. De repente sua mão agarrou minha boca e colocou uma arma na minha cintura.

      —Se eu atirar, você fica paraplégica, então me obedeça. —Ele sussurrou no meu ouvido. —Vai ao seu quarto. Você vai fazer uma carta dizendo que matou seus pais. —Ele disse tirando sua mão da minha boca, deixando ela livre para eu falar "Tudo bem". Não é o que esse lixo vai ouvir.

      —Eu não vou fazer isso. Seu... —Antes de eu terminar ele tapou minha boca de novo. Soltou a arma e começou a apertar minha garganta cada vez mais.

      —Sim, você vai. —Ele disse soltando minha garganta. Ele atirou ao lado da minha perna.  —Agora, rata.

        —MEU NOME NÃO É RATA, CARALHO!

        —E qual é então?

        —Lua.

        —Então, Lua, vá ao seu quarto e escreva a maldita carta. Depois faça as malas. Você está me divertindo viva, acho melhor eu brincar com você mais, é melhor do que ficar chutando seu cadáver morto. —Ele disse me arrastando pelo braço andar acima.

      —Deixe eu entrar sozinha então. Eu prometo que não vou tentar fugir. —Eu falei ofegante.

        —E por que eu iria confiar em sua palavra. sua palavra não vale nada.

        —Mas a palavra não é como a sua. Eu cumpro ela. Fora que eu não iria pular do segundo andar, sua anta. Eu to com os pulsos machucados, um braço cortado e não vou correr o risco de torcer o pé.

      Ele cedeu e eu corri para o meu quarto. Peguei todas as malas. Eu olhei para meus remédios na penteadeira, não vou mais precisar deles. Ele vai me pagar por tudo isso. Eu só tinha meus pais e meus amigos. Mais ninguém.

      Juntei muitas mudas de roupa e joguei todas elas na mala. A mala era grande. E eu nunca tive muitas roupas, então todo meu guarda roupa cabe ali. Eu tenho 20 peças de roupa no total. Mas só vou levar 10. Peguei meu celular, mesmo sabendo que ele provavelmente não vai me deixar usar, O carregador e os fones. Uma escova de cabelo e uma caderneta pequena e dois lápis. Essas foram minhas malas. Eu peguei uma folha de caderno e uma caneta, me sentei na cadeira segurando o lápis, mas não tenho idéia do que escrever. Devo ter passado minutos assim. Eu escrevi algo, mas ninguém vai acreditar nisso. Não é mentira, tenho vozes que me mandam fazer coisas, mas os remédios acalmaram isso.

      —Eu tinha certeza que ela ia fugir. —Ele rugiu abrindo a porta, se surpreendeu ao me ver olhando para o papel. — Qual o problema?

      —Não sei o que escrever.  O que eu escrevi... não faz sentido. Escute:   " Eu sinto muito, mas eu não tive como evitar, eu não queria fazer isso,mas as vozes. Elas não pararam, até eu me render para minha própria escuridão e me libertar.
                                          Lua Hartman. "

      —Na verdade faz muito sentido. Você enlouquece, mata seus pais e foge.

      —Tanto faz. —Falei me levantando e pegando minha mala.

      —Não leve seu celular. Pegue esse. —Ele me disse pegando o celular da Giovana. —Eles vão rastrear o seu. O dela é menos provável. Ela "pegou fogo" em uma casa abandonada. —Ele me entregou o celular. Joguei o meu no chão e fomos embora.

      Giovana não tinha senha. Ela sabia que ninguém iria fuçar a nojeira de sexo virtual que ela fica fazendo. Mas em vez de achar isso. Eu encontrei outra coisa em uma conversa com um estranho. Que mandou ela dar a idéia de irem na casa mal assombrada e ela falou para o Pablo.

      —Alguém nos mandou lá. Foi você?

      —Sim. Estava entediado. Sabe, sua amiga era muito atirada. Mas tanto faz. —Ele disse retirando os galões de gasolina do porta malas e queimando a casa "mal assombrada". Entramos lá e eu ajudei a colocar gasolina em tudo.

      —Você queria que eu visse. Por isso me deu o celular. Me deu só pra isso?

       —Você não leu a conversa com Pedro? Leia depois. Essa conversa é maravilhosa. —Ele disse com um sorriso cruel.

      Depois de colocarmos fogo na casa, eu li. Ela realmente me odiava. Ela me odiava tanto, que ela queria me matar na casa abandonada. Abri a janela e joguei o celular. Lágrimas imploravam para sair. A minha única amiga queria me matar.

      —Por que não me mata de uma vez, Jeff?

      —Digamos que é mais divertido ter você viva. Não sei por quanto tempo, mas você vai ficar viva.

       Ele parou em um posto de gasolina e mandou eu comprar porcarias para comer no caminho. Peguei doces. E alguns salgadinhos. O atendente ficou me olhando com uma cara de dúvida e nojo. Sério isso? Eu tenho dinheiro pra pagar.

      —Nossa, que sorte que esse lugar não rende graças ao atendimento, se fosse por atendimento. Estaria falido. Babaca. —Eu falei dando o dinheiro e voltando para o carro.

      —O que você falou pra ele?  —Jeff perguntou sério. E eu expliquei. —Por que não me dedurou?

       —Eu não tenho para onde ir. Vou para a cadeia, já que fiz 18 semana passada. Então ter que aturar um porre como você é melhor do que nada. 

      —Eu não teria certeza disso. Mas como você me chamou de porre, e é insuportável. Vai para o porta malas. —Ele disse parando o carro no acostamento e me jogando no porta malas. Está frio aqui. Começou a chover, está frio e eu estou morrendo de fome. Ótimo.

      Do que eu estou reclamando? Eu podia estar em casa, se não tivesse ido naquela casa maldita. Mas eu fui, não posso mudar isso. Mas eu me arrependi de ter deixado meus remédios. Estou começando a ficar louca de dor de cabeça. Com fome, frio, minha cabeça é perigosa. Meus pais tiveram uma filha, uma filha problemática.

      Eu era o tipo de Criança que com cinco anos eu quebrei o nariz de um colega, torci o pé de outro e saí praticamente intacta, isso foi no jardim de infância. Eu sou violenta de nascença. Depois isso tudo começou a piorar. Minha mente começou a falar comigo. Me machucar, eu comecei a me machucar. Me mutilar. A me tornar violenta com tudo e todos. Até os remédios aparecerem, eles não me livraram disso, mas diminuíram.

Dance With Devil -Jeff The killerOnde histórias criam vida. Descubra agora