Capítulo 20 - O sangue dos pecadores

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Phoebe

Pedro tinha as mãos suadas constantemente. Foi a primeira coisa que Phoebe notou durante o tempo que passaram juntos durante o recesso de fim de ano. Com a presença do garoto, o intervalo nas aulas havia se tornado bem diferente do que ela imaginou. Inicialmente, o plano era visitar os pais. Se distanciar de toda loucura que os últimos meses trouxeram.

Ela estava em seu dormitório, logo após Andréia, que voltara a si, sem nenhuma memória, depois da possessão improvisada de Lorraine, ter acabado de viajar. O Uber que a levaria ao aeroporto estava a dois minutos de distância quando uma mensagem de Pedro, chamando-a para encontrá-lo em uma das mais famosas sorveterias da cidade, para compensá-la pelo Halloween, encontrou sua atenção dentre as notificações.

Sem hesitar, Phoebe mandou uma rápida mensagem para a mãe explicando que não poderia passar o recesso com eles pois estava no comitê de organização de boas vindas aos calouros no início do ano, e com isso acumulou muito trabalho. Assim, ela vestiu suas calças rasgadas, compradas há dois anos, calçou os coturnos pretos surrados e colocou uma blusa velha da banda Evanescence, a primeira que encontrou ao abrir a mala já arrumada.

Apesar do poder que carregava, algo sobre Pedro fazia com que ela sentisse um frio na barriga desconhecido, chegava a ser desconcertante. Ela não era o tipo de garota que costumava dar atenção a relacionamentos. Mas a forma inocente, quase ingênua, com a qual ele se portava, fazia com que ela reconhecesse o sentimento do garoto como genuíno, imediatamente.

Porém, mesmo que a faísca entre os dois fosse incontestável, aquele primeiro encontro não poderia ter ido de mal a pior. Os dois sentaram-se um frente ao outro com seus milk-shakes e não conseguiram encontrar sintonia entre os assuntos que arriscaram puxar, que de acordo com as regras de Phoebe, naquele momento, não poderiam envolver as investigações que ela continuava a fazer no intuito de descobrir em qual corpo Clarice se escondera, nem qualquer assunto que dissesse respeito à magia.

Antes de irem embora, entretanto, em uma epifania criativa, Phoebe convidou-o para invadir o laboratório de astronomia da Universidade de Berkeley. Os dois regozijaram-se com os telescópios profissionais após ela usar um feitiço de camuflagem para os levar invisíveis até o grande salão de observação de estrutura oval.

Ali, naquela madrugada estrelada, observando as inúmeras galáxias com possibilidades infinitas diante de seus olhos, os dois se beijaram pela primeira vez. Os lábios dele tinham gosto de chocolate, mas o melhor que ela já provara. Ele intercalava entre um ritmo romântico e voraz, enquanto ela explorava sua boca com a língua. Não demorou muito para estarem no dormitório dela, tirando a roupa um do outro e consumando aquela noite de prazer.

Agora, depois de um período inteiro colecionando momentos juntos, os dois encaravam novamente as estrelas. Dessa vez, sentados em um dos bancos da imensa roda gigante do parque de diversões localizado no centro da cidade. Mesmo depois de construírem intimidade, Phoebe sentia a mão suada de Pedro, com os dedos entrelaçados aos dela.

— Acho que observar as estrelas se tornou algo nosso - Pedro deixou escapar, depois de um longo suspiro.

— Ah, então quer dizer que já temos as nossas próprias coisas? - Phoebe aninhou-se um pouco mais próxima ao namorado à medida que o brinquedo dava mais uma volta, fazendo-os descer e subir.

— Claro que sim! Inclusive, fiz uma lista de três dessas "coisas" - caçoou ele enquanto a brisa da noite fazia seus pelos se enrijecerem. - Bem, a primeira é observar as estrelas, afinal elas têm um brilho mais intenso quando você está presente. A segunda é tomar milk-shakes sem estragar a conversa e a terceira é você salvar a minha vida todas as vezes em que sou quase morto.

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