Capítulo 16 - Doces ou Travessuras Parte 2

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21:50H — Duas horas e dez minutos para o fim do Halloween

Imprensado contra aquela árvore, João podia sentir o corpo de Lucas indo de encontro ao dele. Os dois garotos haviam saído escondidos da festa de Halloween, a qual acharam muito violenta, depois de um garoto ser praticamente espancado por estar beijando o namorado. Então, Lucas e João se afastaram um pouco do resto do grupo de amigos que os acompanhava, e antes que qualquer um pudesse perceber, já estavam emaranhados na pequena floresta perto da grande mansão.

A língua de Lucas ia de encontro a de João de forma voraz. Emaranhando-se em uma batalha que fazia os dois ficarem ofegantes. João podia sentir as mãos de Lucas explorando seu corpo, primeiro suas costas, depois, sutilmente, indo de encontro a sua bunda, e por fim, tentando abrir o seu zíper.

— Ei – João, em um movimento rápido, afastou as mãos de Lucas. – Aqui não! Cê tá louco?

— Qual é cara? – Lucas abriu um sorriso malicioso. – Vai dizer que você não quer tudo isso? – disse, exibindo o corpo de porte avantajado que, secretamente, havia conseguido através de anabolizantes.

— Eu já devia saber – João fechou seu zíper, depois, levou as mãos à cabeça, aflito. – Você é um desses pervertidos que acha que qualquer gay vai querer ficar com vocês só por causa do corpo. – O garoto encarou o céu escuro, depois, voltou a olhar para Lucas, que parecia sem palavras. – Quer saber? Eu vou embora.

Dando as costas para Lucas, João começou a andar em direção a trilha que tinham pego para chegar até ali. Daquele ponto, ele podia ver a grande mansão imponente e um pouco macabra que servia de sede para as reuniões da turma de ocultismo de Berkeley. João não sabia dizer se sua cabeça estava muito influenciada pelo fato de ser Halloween, mas podia jurar que via um pouco de névoa se formando aos seus pés.

Ignorando o acontecimento peculiar, ele continuou andando. O garoto foi interrompido quando sentiu algo puxar seu calcanhar. O ataque fez com que ele caísse com a barriga para o chão. Desesperado, ele tentou enxergar o que o havia puxado, mas a escuridão da noite somada àquela névoa cada vez mais densa, tornava impossível que alguém pudesse enxergar alguma coisa.

João se arrastou um pouco e conseguiu levar a mão ao bolso para sacar seu celular. A lanterna forte do dispositivo iluminou a escuridão assim que ele a acionou.

— Caralho velho, desliga essa porra! – reclamou uma voz, que ele podia jurar ser de Samanta. – Foi só uma brincadeira.

— Mas que porra – queixou-se João, irritado com a garota.

— Eu disse a vocês que eles estariam por aqui – agora, foi Denis que cortou o silêncio. – É o melhor lugar pra se pegar com privacidade.

— Você tá bem? – finalmente, João conseguiu ouvir uma voz que o confortava. – Parece que viu uma assombração – os três amigos estavam em pé, próximos a ele, exceto por Fabiane, que se aproximara e agora estava estendendo a mão para o amigo – Vamos, te ajudo a levantar – se ofereceu.

Sem hesitar, João pegou a mão da única pessoa em quem realmente confiava ali e com a ajuda dela, colocou-se de pé rapidamente, apagando a lanterna de seu telefone.

— Os brasileiros são tão fofos – Lucas voltara, caminhou tranquilamente pelo mesmo percurso que João fez, até se juntar ao grupo. – Mas isso me lembra de algo – ele olhou para João e Fabiane, como que maquinando a pior coisa que poderia fazer com os dois. – Vocês não passaram pelo trote! – disse, por fim, abrindo um sorriso de orelha a orelha e deixando João envergonhado de alguma vez ter considerado ficar com o garoto.

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