Capítulo 9 - Love will tear us apart

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Elizabeth

A luz do sol atravessou a janela transparente e atingiu os olhos da garota com tudo. Olhou ao redor, o quarto de Tomas estava como costumava se lembrar, desorganizado e cheirando a suor. Apesar de ser uma ótima pessoa, sabia que seu irmão nunca foi muito organizado.

A maciez da cama de casal foi humilde o suficiente ao dar para ela algumas horas de sono necessárias após os acontecimentos da festa de ontem.

Deitou de bruços e a primeira coisa que sentiu foi o cheiro do álcool que vinha da respiração de Tomas. Seu irmão havia conseguido ser discreto noite passada, mas vê-lo viver à sombra da intolerância de seus pais fazia seu estômago revirar. Seus cabelos pretos estavam bagunçados e as poucas sardas no rosto eram destacadas pelo suor.

- Tomas? – Balançou-o devagar na tentativa de acordá-lo.

Um grunhido foi tudo que recebeu em retorno. Ele apenas se virou para o outro lado e, por incrível que pareça, começou a roncar. Sentou na cama e observou o quarto. Por uma fração de segundo sentiu que havia perdido alguma coisa ali.

Pulou da cama, em sobressalto. O que quer que havia perdido era de uma importância enorme. Abriu a primeira gaveta da escrivaninha ao lado da cama, apenas para se deparar com algumas camisas, a segunda e a terceira revelaram apenas cuecas e camisinhas, mas não era aquilo que procurava.

Sua busca foi abruptamente interrompida quando, em um estrondo a porta foi escancarada pela brutalidade de seu pai. O homem desprezível entrou no quarto, furioso.

- Pai? O que está acontecendo? – Se colocou diante da figura descontrolada e o irmão.

- Beth, saia daqui agora – Disse ele, com irritação.

Tirando a possibilidade de uma resposta e causando um estranho formigamento no corpo da garota, Vincent apareceu vindo do corredor. O segurança de seu pai que sempre teve uma queda por Beth se aproximou de forma cautelosa e à escoltou para fora do quarto, fechando a porta ao sair.

- Você precisa deixá-los conversar – O homem alto se colocou entre ela e a porta.

Não respondeu, bateu o pé no chão e saiu dali, em direção ao seu quarto. O cômodo acolhedor no qual havia passado toda sua infância e adolescência estava impecável, a cama ao centro com lençóis pretos jazia intocada. Ao entrar, se deparou com uma mulher, ela usava um uniforme preto surrado com um avental branco junto à saia. Provavelmente uma das novas empregadas da mansão.

- Você não precisa limpar aqui agora – Informou enquanto ela se direcionava a penteadeira do guarda roupa.

- Olá, eu não acho que nos conhecemos – A garota abriu um grande sorriso revelando dentes muitíssimo brancos e era de uma beleza esplendorosa, cabelos pretos cacheados e pele invejável – Me chamo Clarice e comecei a trabalhar para sua família hoje.

- Sinto muito.

- Vocês são muito agradáveis – Clarice passou o espanador sobre a superfície da penteadeira, ignorando as ordens – Honestamente eu estava entediada, o entretenimento que oferecem é muito prazeroso.

- Como é que é? – Encarou a empregada abusada.

- Você sabe, papai corrupto e homofóbico, mãe distante e irmão inocente, daria um bom romance, os corações dessa casa parecem flamejar em raiva.

- Saia! – Seus gritos assustaram Clarice.

- Eu já terminei aqui de qualquer forma.

O guarda roupa. A sensação de perda voltou à mente de Beth, dessa vez mais forte e mais voraz. Sem hesitar, abriu o móvel e todas suas gavetas.

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