Capítulo 8 - Suicide Squad

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Elizabeth

A tela do notebook sobre a mesa clareou o quarto mal iluminado. Da confortável poltrona, os passos pesados dos hóspedes no quarto acima constantemente tiravam a concentração de Elizabeth à medida que encarava a página em branco do documento de texto que abrira.

Fitou a formosa taça preenchida com vinho tinto até a borda, talvez o álcool ajudasse com o que estava prestes a fazer. Estendeu a mão cuidadosamente e com ela trêmula levei a taça de vidro até a boca, o gosto do vinho reagiu com seu corpo da melhor maneira possível, considerando todo estresse colocado sobre seus ombros desde que voltou à Califórnia, a sensação torpe era apreciada com louvor pela garota.

Após saborear o líquido, encarou novamente o espaço em branco esperando para ser preenchido e finalmente colocou-se a escrever:

Querido Tomas.

Pelo tempo que se passou desde que enviei minha última carta, percebi que não ter tido uma resposta talvez signifique que você não quer conversar comigo. Se esse for o caso, saiba que respeito inteiramente sua decisão e sempre estarei aqui quando resolver que finalmente é o momento certo.

Escrevo porque os últimos dois meses fizeram com que toda minha vida mudasse de uma forma que nunca pensei ser possível. Desde nossa última conversa no cemitério, onde lhe disse que precisávamos abraçar a escuridão para encontrar a luz, tenho refletido sobre minha relação com a escuridão.

Descobrir que ser uma bruxa e ter dons sobrenaturais faz com que questione suas crenças mais enraizadas. Eu sei que provavelmente nesse momento você deve estar pensando: "Minha irmã finalmente enlouqueceu", mas acredite em mim, queria que isso realmente fosse fruto da minha imaginação.

Basicamente, uma visita do nosso antigo afeto Brad Flink despertou algo em mim, trazendo à tona habilidades adormecidas. Por sorte, Louise, nossa mentora (também uma bruxa) estava lá para me ajudar nesse processo. Segundo ela, nós temos a capacidade de sentir uma à outra, como um sexto sentido ou intuição.

Devo confessar que a resistência ao seu convite de participar de "aulas" em uma mansão com outras duas garotas (também especiais) duraram por duas longas semanas, e teria sido assim se acidentalmente eu quase não tivesse iniciado um incêndio no cabelo de uma professora que dava declarações homofóbicas na nossa sessão de Call me by your name.

De qualquer forma, agora pelo que parece, eu e essas outras garotas precisamos selar a prisão de uma bruxa centenária que vai condenar a humanidade se for solta. Então sim, estou indo muito bem, obrigada.

Espero que Ansel esteja bem e mande minhas lembranças a Latrice, sei que ela tem sido uma irmã melhor para você do que eu.

Afinal de contas não é como se eu realmente fosse enviar essa carta, mas escrever para você ajuda a colocar meus pensamentos em ordem.

Com amor e Carinho, Elizabeth.

Leu duas vezes o que acabara de digitar e, em cada linha, ela conseguia visualizar as expressões que Tomas faria se realmente recebesse aquela carta. Ansel leria ao seu lado? Os dois estavam se vendo com frequência?

A ideia de ter se tornado uma estranha na vida do seu próprio irmão assustava-a, mesmo sabendo que se afastar tinha sido a melhor decisão. Mas talvez isso o tivesse feito odiá-la, pensou.

Foi trazida de volta ao quarto de hotel quando batidas na porta tiraram sua concentração. Sem hesitar, clicou no botão e excluiu o arquivo de texto. Em seguida, pegou bruscamente a taça e, em um gole, terminou seu conteúdo. Se levantou da poltrona e foi até a porta.

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