Quatorze.

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O fato de a reunião estar acontecendo na capela e não no escritório da dra. Sorrah parece… abaixo do ideal.

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Ainda não estive no escritório da dra. Sorrah no andar térreo, mas, na única vez que passei na frente e a porta estava aberta, parecia… aconchegante. E o cheiro forte de chá estava vindo para fora.

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A capela cheira a velas apagadas e a verniz, o que, estou descobrindo, é muito menos calmante.

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A briga no pub não foi apenas um escândalo local, mas aparentemente foi parar nos jornais também. Eu não me preocupei em dar uma olhada porque a última coisa que quero ver é uma foto borrada mostrando que estou tentando me esconder enquanto copos de cerveja são arremessados. Nós conseguimos voltar ao colégio, mas, na manhã seguinte, Rafaella, Marcela, Manu e eu recebemos um aviso informando que a dra. Sorrah nos esperava na capela.
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Tato e seus amigos já estão longe, claro, alegremente livres de consequências, eu aposto.

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Enquanto isso, passei a manhã inteira tentando não vomitar, de tanto medo de me embarcarem no próximo avião para o Texas. Como pude ser tão estúpida? Eu devia ter ficado no meu quarto.

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Exceto que, se bem me lembro, saí por causa da Marcela. Minha loucura foi nobre, pelo menos.

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Eu me viro para ela e sussurro:

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— Acho que aquele papo todo de “casar com o Tato” está fora de questão agora, né?
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Para minha surpresa, Marcela balança a cabeça.

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— Não, mas percebi que vou ter que repensar meu plano.

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— Certo — respondo baixo antes de devolver minha atenção para a dra. Sorrah.

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Ela está em pé na frente do altar, com as mãos juntas, os ombros para trás e, ao meu lado no banco, Rafaella dá um suspiro.

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— Isso é tão dramático — ela diz em voz baixa. — Tão a cara da mamãe.

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E, nesse momento, percebo que essa pequena reunião que eu achei que seria apenas entre a gente e a dra. Sorrah, é muito maior do que eu pensava.

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— Espera, “mamãe”? — pergunto a Rafaella com os olhos arregalados. — Tipo, sua mãe? Ninguém menos que a rainha deste bendito país?
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Virando para mim, Rafaella levanta uma sobrancelha.
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— Por que você acha que estamos aqui? — ela pergunta. — Essa é a única parte do colégio que pode ser acessada sem passar por todo o restante. A última coisa que minha mãe quer é que saibam que ela está aqui.

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Marcela está sentada do meu outro lado e agora se estica sobre mim para agarrar os ombros de Rafaella.

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— Nós vamos nos encontrar com Sua Majestade?
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Desvencilhando-se das mãos de Marcela, Rafaella revira os olhos.
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— Ela estará aqui em modo mãe, não em modo real.
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Os olhos de Marcela estão arregalados e ela abaixa o olhar para o colo.

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— Esse nem é meu melhor uniforme.

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Todos os nossos uniformes são iguais — Manu diz, mas Ma sacode a cabeça.
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— Não, Manu, eu tenho um pra dias comuns e um que levei na costureira pra se ajustar melhor. Esse não é o ajustado, Manoela. Esse não é o ajustado!

SUA ALTEZA REALOnde histórias criam vida. Descubra agora