SUA ALTEZA REAL

Trinta e três.

3/10

Acho que eu tinha me esquecido da sensação de estar completamente apaixonada por alguém.

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Com Mari, existia aquela bagagem esquisita de sermos amigas há tanto tempo, de manter um tipo de segredo, de ainda tentar entender o que tudo aquilo significava. Com Rafaella, é apenas...

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Bom, tem momentos como este em que estamos fazendo nossas corridas ao redor de Gregorstoun, e ela olha para mim com um sorriso iluminado, as bochechas rosadas, os cabelos grudando no rosto mesmo com esse frio congelante, e meu coração parece tão grande dentro do peito que eu mal posso contê-lo.
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- Você vai cantar dessa vez, Andrade? - Rafaella provoca, virando-se para correr de costas, e aceno com a cabeça para ela.

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- Talvez. Se você cair de bunda, eu definitivamente vou cantar uma canção sobre isso e os perigos da arrogância. Que nem um Loompa-Loompa.
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- Qual é o seu problema com todas essas referências de Willy Wonka? - ela pergunta se virando para correr como uma pessoa normal, eu diminuo o passo um pouco e Rafaella chega ao mesmo ritmo que eu.

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- Talvez "Veruca Salt" possa ser nosso "sempre" - brinco, e ela ri.

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Então, quando passamos por uma subida no caminho, ela se aproxima e segura minha mão, me puxando para atrás de uma formação rochosa para me dar um rápido, mas intenso beijo na boca e, sim.

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Talvez eu não tenha esquecido como é essa sensação, porque não sei se eu já senti algo sequer parecido com isso.
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Afastando-se, ela observa meu rosto por um longo momento, então acaricia meu lábio inferior com o polegar, acionando uma cascata de arrepios pelo meu corpo.
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Então me aproximo para beijá-la e, dessa vez, não há nada de rápido nisso.

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Penso que nós estamos sendo muito discretas sobre nossa nova situação, mas percebo que estou errada quando, na hora do almoço, Marcela e Manu se sentam cada um de um lado meu, quase que ao mesmo tempo. Elas são boas nisso, tão boas que às vezes imagino se elas treinam com frequência.
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- Conta tuuudooo - Marcela cantarola, abrindo sua garrafa de água mineral enquanto Manu se inclina sobre mim para roubar um pão da bandeja de Marcela.
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- Ou não - ela me diz, olhando feio para Marcela -, porque não é da nossa conta.

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Marcela revira os olhos.
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- Francamente, Manoela, não aja como uma senhorinha puritana. Bia é nossa amiga e nós apoiamos a felicidade dela, o que significa que precisamos saber tudo o que está acontecendo. Então. Conta tudo.

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Corando, eu mexo os ombros e continuo empurrando os feijões no prato.

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- Não tem muito o que contar - digo, e Marcela solta um suspiro profundo, levando a mão aos cabelos.
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- Não tem muito o que contar? Bianca... Você está namorando uma princesa. - Marcela continua falando como se eu nem tivesse dito nada, gesticulando com uma mão na frente do rosto, e fico surpresa em como ouvir essas palavras me atinge como um soco no estômago.

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- Não - digo, sacudindo a cabeça. - Não é isso que...

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- É absolutamente isso que está acontecendo - Marcela afirma, e até Manu acena com a cabeça, com a boca cheia de pão.