Vinte e cinco.

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Rafaella cumpre o que prometeu e vem até meu quarto após uns vinte minutos, vestindo roupas completamente diferentes. Ainda estou com minha calça preta e o suéter que usei na viagem para cá, mas cheguei a passar um pouco de rímel e uma fina camada de gloss, e Rafaella percebe imediatamente.

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— Olha só pra você, Andrade — ela diz, provocando, enquanto me puxa porta afora até o corredor.

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— Achei que deveria usar, já que eu vou socializar com lordes e tudo mais — digo a ela. — Mas ainda não faço ideia do que vou vestir para o jantar hoje à noite.

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Rafaella faz um gesto com as mãos.

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— Eu te disse, vou cuidar disso.
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— É isso que me assusta — murmuro, e ela me dá um sorriso malicioso.
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— Você duvida do meu gosto?

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— Não duvido, tenho é medo — digo, e ela solta uma risada.
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Andamos pelo corredor, passando por retratos e pequenas alcovas com estátuas de mármore e, no caminho para as escadas, eu pergunto:

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— Por que seu quarto se chama “Quarto Ponche de Frutas”?
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Sem responder, Rafaella vai até uma porta mais à frente no corredor e a abre, gesticulando para que eu me aproxime.
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Olho para dentro e então dou um passo para trás quase que imediatamente.
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— Uau.
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As paredes do quarto são tão vermelhas que quase machucam meus olhos, e a roupa de cama é coberta por uma estampa de árvores frutíferas e cachos de uvas.
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— Faz sentido agora — digo, e ela acena com a cabeça.
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— Quando lorde Henry se tornou Lorde das Ilhas, os antigos proprietários dessa casa tiveram que entregá-la a ele. Pelo que dizem, eles estavam tão enfurecidos por causa disso que tentaram redecorar todos os cômodos antes de ele chegar aqui. Mas só conseguiram fazer isso com esse quarto, deixando-o o mais pavoroso possível. Lorde Henry achou engraçado, então ele manteve desse jeito.

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— Design de interiores como vingança — comento. — Gostei.
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Sorrindo, Rafaella fecha a porta e continuamos nosso caminho pelo corredor e descemos as escadas até o salão principal de novo. Sherbet não está lá, mas tem um homem em pé vestido num terno de tweed, com uma bengala na mão, batendo impaciente no chão de mármore.

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— Tio Henry — Rafaella chama, e o homem se vira para ela, seu rosto enrugado se abrindo num sorriso ao vê-la.

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— Ah, lá vem confusão — ele diz com afeto, e Rafaella termina de descer a escada e vai abraçá-lo.

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Lorde Henry está na casa dos setenta e poucos anos, mas se move e se comporta como um homem muito mais novo, com os ombros para trás, o cabelo espesso e branco. E, quando ele olha para Rafaella, seus olhos azuis brilham.
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— Não sabia se você viria mesmo — ele diz, se curvando para beijá-la na bochecha, e Rafaella aperta os ombros dele antes de se afastar.

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— Eu não perderia um dos seus jantares por nada, tio Henry — ela diz e então acena para mim. — E eu trouxe minha colega de quarto, Bianca.

SUA ALTEZA REALOnde histórias criam vida. Descubra agora