Trinta.

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- Marcela, conta pra mim alguma fofoca sobre a família real?

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Estamos deitadas na cama dela, tecnicamente estudando para a prova de história, mas minha mente está a um milhão de quilômetros de distância.

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Sendo honesta, estou fora do ar desde que voltamos de Skye, há duas semanas. As coisas entre Rafaella e eu estão do mesmo jeito - a gente se dá bem, conversamos, sentamos juntas no almoço -, mas aquele momento na estufa não sai da minha cabeça. E não apenas isso, mas o fim de semana inteiro, na verdade. Ceder o quarto favorito dela para mim. Escolher o vestido perfeito. Isso é só a Rafaella tentando ser legal agora que somos amigas ou...?

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Tá bom, talvez seja por isso que a dra. Sorrah decidiu que eu deveria dividir o quarto com Marcela.
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Saio do meu devaneio e vejo minha amiga vasculhar embaixo da cama.

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- Garota, pensei que você nunca ia me perguntar - ela diz, voltando com uma pilha de revistas.

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Ela as joga sobre a roupa de cama verde, sorrindo.
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- Onde você arranjou isso?

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Marcela se senta na cama, cruzando as pernas.
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- Tenho minhas fontes.

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Ela pega a primeira edição da pilha, colocando-a com um só golpe no espaço entre nós na cama. A palavra "MAJESTADE" está impressa no topo em letras onduladas.

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- Essa é a edição mais recente - ela me conta. - E tem uma matéria inteira sobre o irmão da Rafaella, Hyunjin, e sua noiva. O nome dela é Eleanor, ela é americana, e estamos obcecados.

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Abrindo a revista, ela aponta para uma foto de uma mulher ruiva com o rosto apoiado no ombro do príncipe Hyun, os dois de pé num jardim.

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- Certo - digo, lembrando do Miguel me contando sobre isso. - Eu mais ou menos sei sobre ela.

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- E essa é a irmã dela, Daisy - Marcela aponta, virando a página.

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É a foto de uma ruiva de jeans e camiseta, de braços dados com um cara atraente também e vestido de modo despojado.
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- Ela está namorando o chefe dos Rebeldes Reais, Daniel Caon. Bom, ele costumava ser o chefe, Tato e ele tiveram algum tipo de desentendimento, não estou cem por cento certa de que foi resolvido. Daniel foi para os Estados Unidos para reconquistar Daisy, é o que contam, e esses são eles lá. Estamos levemente obcecados por ela também.
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- Eles ainda estão brigados - digo. - Tato mencionou esse cara. Disse que, pra ele, estava morto.

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Fazendo um estalo com a língua, Marcela troca de página.

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- Que pena. Dizem que ele era uma influência tranquilizante pra Tato. Ele vai precisar disso agora que eu cheguei à conclusão de que ele é uma causa perdida.

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Eu olho para ela, puxando as pontas dos meus cabelos.
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- Espera, o quê? Desde quando?
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Ela pega outra revista, essa datada da semana passada, abre uma página que mostra Tato usando uma camiseta de futebol e aponta para a foto com a unha pintada de rosa-choque.

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