Dezenove.

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— É um veado falo com os lábios dormentes. — Foi isso que você quis dizer. Ai, Meu Deus, veado.

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Porque é isso que está atrás de mim. Um veado gigantesco com uma galhada cheia de pontas afiadas, olhando diretamente para a minha cara.
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Olha, a vida selvagem não me é estranha. Afinal, sou uma Garota do Texas. Já vi uma cascavel deslizar pelo meu caminho numa trilha, meu avô já viu um coiote nos limites de sua propriedade, e eu já vi mais tatus do que qualquer garota deveria ver.
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Mas é o tamanho dessa criatura que faz meu coração acelerar e minha boca ficar seca de medo.

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— Não é apenas um veado — Rafaella diz. — É um macho adulto.
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— Não estou exatamente preocupada com a nomenclatura apropriada — respondo com os lábios semicerrados. — Estou mais interessada em não ser empalada.
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O veado bufa e eu fico tensa.
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Então Rafaella se movimenta na minha linha de visão periférica, com uma mão estendida.
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— O que você está fazendo? — pergunto, o que é difícil porque, como disse, a essa altura meus lábios estão dormentes de terror e tudo mais.
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— O veado é o animal oficial da Escócia — ela me diz, movendo-se para a frente muito devagar, nunca tirando os olhos do animal à nossa frente. — E já que sou uma princesa…
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Se eu não estivesse tão ocupada tentando convencer um animal selvagem, pela força do pensamento, a não me matar, faria uma careta para ela.
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— Quê? Você acha que esse bicho respeita hierarquias? Você perdeu completamente…
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— Shhhh! — ela murmura, ainda se aproximando do veado, que, preciso admitir, não está se movendo e apenas a observa. — Há um motivo para que esse tipo de coisa aconteça em contos de fadas — Rafaella continua, e posso ver um sorriso começar a se abrir em seu rosto. — O bicho claramente sabe que ele e eu somos conectados pelo amor que sentimos por esta terra.

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— Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi alguém dizer. E estou me sentindo mais estúpida por ter ouvido isso.

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Rafaella acena com a mão livre para mim. Seus óculos escuros estão no topo da cabeça, aqueles olhos cor de esmeralda se estreitam enquanto ela se aproxima do veado.

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— Mas está funcionando, não está?

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Está, eu acho. O veado continua parado, parou de bufar e Rafaella endireita um pouco a coluna.

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— Pronto — ela diz, convencida. — Agora tudo que precisamos fazer é…
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Sem aviso, o veado avança numa investida, e eu e Rafaella gritamos e tropeçamos enquanto pulamos para trás. Ela se engancha nos meus braços, eu me agarro aos dela e os próximos segundos são um borrão enquanto caímos, sentindo o cheiro daquele animal enorme, e então o frio repentino quando mergulhamos no rio.
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O frio é tão cortante que me tira o fôlego, e meu cérebro fica louco de desorientação e pânico entre pensamentos como veado gigante! Galhadas! E a i m e u d e u s t ã o f r i o t ã o f r i o t ã o m o l h a d o p o r q u e p o r q u e p o r q u e, e ESTOU ME AFOGANDO! Exceto que… não estou me afogando.

SUA ALTEZA REALOnde histórias criam vida. Descubra agora