Trinta e sete.

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6/10

Acordo na manhã seguinte com olhos pesados e o início de uma dor de cabeça intensa. E isso não é nada comparado à dor em meu peito. A ideia de descer as escadas para tomar café da manhã e sentar à mesa com Rafaella me faz querer me esconder debaixo das cobertas. O que aconteceu na noite passada? Nós brigamos por causa de Gabriela ou por causa da bolsa de estudos?

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Mas então eu penso que, se nossa primeira briga terminou assim tão mal, talvez nunca teríamos dado certo. Talvez sempre todas as brigas terminassem dessa maneira.
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Finalmente consigo levantar, mas, quando chego à sala de jantar particular da família, está vazia exceto por alguns amigos de Tato, Daisy e seu namorado. Os garotos apenas olham de relance para mim quando entro, mas Daisy me dirige um sorriso simpático, e eu mexo os dedos acenando para ela antes de ir ao bufê e pegar algo para comer.

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O café da manhã escocês não é exatamente o meu favorito, mas agora, quando não consigo imaginar voltar a ter apetite, é bem menos atraente. Mesmo assim, coloco alguns cogumelos, um tomate grelhado e uma torrada em meu prato antes de ir até a mesa.
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Quando me sento, vejo Daisy cutucar Daniel - bom, chutá-lo por debaixo da mesa, é o que parece -, e ele limpa a garganta murmurando um "certo", antes de se inclinar e dizer:
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- Bianca, desculpa ter mencionado a história ontem. Achei que você sabia, ou não se importava, ou sei lá... Bom, todos nós estamos acostumados a ler coisas sobre a gente na imprensa, seja verdade ou não, ao longo dos anos, e eu esqueço que não é assim pra todo mundo.
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- E você é um tolo - Daisy completa, ao que Daniel suspira, fechando os olhos brevemente antes de dizer:
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- E eu sou um tolo.

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Sorrindo apesar de tudo, mexo nos cogumelos com o talher.
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- Não é não - digo a ele. - Não foi nada.
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- Parece que foi um tantinho demais - Daisy diz. - Já que você vai embora essa manhã?
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- Não é sobre isso - digo, o que tecnicamente é verdade. - É só que...

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Eu como um cogumelo para evitar falar por um segundo.
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- Não é pra mim - digo finalmente, agitando o garfo no ar. - Essa coisa toda. Deixo para os profissionais.

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Daisy abre a boca para dizer algo, mas agora é a vez de Daniel chutá-la debaixo da mesa e, olhando para ele, ela massageia a canela.
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Eu enfio mais um pedaço da torrada na boca e faço um ruído me desculpando antes de basicamente sair correndo da sala de jantar.
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Quando chego ao quarto em que fiquei, vejo que minhas coisas já estão arrumadas. A realeza claramente é muito eficiente em te mandar para fora assim que seu tempo acaba.
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Dessa vez, não recebo ajuda para carregar a bagagem, ninguém, na verdade, até que saio pela porta de trás e encontro Glynnis à minha espera.

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- Aí está você - ela diz. - O carro acabou de chegar.
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E lá está ele, um carro preto aguardando na entrada.
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- Quando Rafaella vai embora? - pergunto, mas Glynnis apenas me dá aquele sorriso duro, seus lábios muito vermelhos.

SUA ALTEZA REALOnde histórias criam vida. Descubra agora