SUA ALTEZA REAL

Vinte e nove.

Quando retornamos de Skye, a dra. Sorrah está nos esperando no salão de entrada. Eu imagino se ela vai nos perguntar sobre a viagem ou talvez pedir a Rafaella informações sobre lorde Henry - o colégio está sempre em busca de doadores ricos, segundo Marcela -, mas, em vez disso, ela diz:

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- Bem-vindas de volta, senhoritas. Espero que tenham se divertido em Skye. Um dos meus lugares favoritos na Escócia.
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- Foi incrível - digo, com sinceridade, e a dra. Sorrah sorri de forma que me parece sincera.

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Então ela diz:

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- Na ausência de vocês, nós decidimos fazer algumas mudanças. Senhorita Andrade, pelo restante do ano letivo, você dividirá o quarto com a senhorita McGowan. Senhorita Kalimann, a colega de quarto da senhorita Worthington, senhorita Graham, tomará o lugar da senhorita Andradre em seu quarto. (n/a: MAS QUE PORRAA???)

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Nós ficamos ali, no salão, sem dizer nada por um segundo, e de repente eu tenho esse pensamento horrível de que a dra. Sorrah ficou sabendo da gente dançando em Skye. Que de alguma maneira ela sabe que o chão se moveu um pouquinho sob nossos pés.
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Eu sinto vontade de me retorcer de vergonha e nem olho para Rafaella quando ela diz:

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- Pelo amor de Deus, por quê? Andrade e eu estávamos começando a ficar amigas. Não é esse o objetivo de ter colegas de quarto?

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O sorriso da dra. Sorrah fica um pouco mais duro.

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- O objetivo de ter colegas de quarto é aprender a compartilhar o espaço com outras pessoas de maneira respeitosa e agradável. Amizades são um bônus adorável, mas não o objetivo.

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Isso ainda me parece estranho, e penso que Rafaella vai continuar debatendo, mas, após uma longa pausa, ela apenas dá de ombros.

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- Que seja - ela diz, e então se vira para mim. - Bom.
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- Bom - repito, muito consciente da dra. Sorrah nos observando.
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- Acho que te vejo na aula, Andrade.
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- É, eu também - respondo, e imagino se devemos apertar as mãos ou algo assim.
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Mas Rafaella apenas se vira e caminha em direção às escadas com sua bolsa. Quando ela está fora de vista, para minha surpresa, a dra. Sorrah apoia a mão no meu ombro.
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- Vai ser melhor assim, senhorita Andrade, te garanto. E essa decisão não é um reflexo do seu comportamento de jeito nenhum, é mais uma... medida de precaução, digamos assim.

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- Contra o quê? - pergunto, meus dedos dormentes onde seguro a alça da bolsa.

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- Eu te disse - ela fala. - Você precisa ter cuidado ao escolher as amizades aqui em Gregorstoun. A senhorita Kalimann é uma pessoa adorável, e sua vida é realmente muito glamorosa, mas eu nunca imaginei que você se deixaria levar por isso. É parte do motivo pelo qual você foi selecionada pra ser a colega de quarto dela. Mas agora...

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Com as bochechas queimando, levanto a bolsa um pouco mais alto.
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- E agora parece que eu me deixei levar?