Era um dia normal de verão. A estrada estava silenciosa e deslumbrante, até mais do que a garota achava que seria. Ela não estava muito animada com a ideia de abandonar a sua família logo antes da sua grande viagem, mas seus pais estavam resolvendo algumas coisas entre si e acharam que era melhor ela permanecer longe da bagunça; então, ela concordou em ir para a fazenda de sua avó durante a estação.
Ela não conseguia parar de olhar pela janela do carro. Tudo estava indo tão rápido. As árvores pareciam estar dançando e as nuvens pareciam segui-la.
Por alguma razão desconhecida à garota, ela não estava se sentindo melancólica. Sim, ela não veria os pais por um tempo. Sim, eles não paravam de brigar entre si. Sim, ela estava de mudança para outro país em alguns meses. Ela estava, compreensivelmente, apavorada. Mas, ao mesmo tempo, seu coração vibrava com o ritmo da vida – nada podia atrapalhá-la. Sua vida estava prestes a começar.
Seu cabelo voava alto e o mundo brilhava.
Após algumas horas no carro, ela saltou do veículo ao chegar à fazenda. Seu pai e sua mãe a abraçaram e a disseram que podia ligar quando precisasse. Os dois lhe deram um beijo na testa e cumprimentaram a avó. E assim eles foram, sozinhos e juntos novamente no carro. Eles provavelmente discutiriam durante a volta para a cidade, mas pelo menos eles manteram sua calma enquanto ela estava ali para que ela não se estressasse no seu primeiro dia fora de casa.
A avó era uma senhora de sessenta anos com cabelos longos e cinzas, amarrados em um nó. Ela geralmente usava um vestido branco com um avental marrom por cima. A sua fazenda era a maior da região e ela tinha vários empregados. Eles geralmente a chamavam de Barb. Ela cuidava do jardim e se dirigia à feira dos mercantes sozinha, pois ela tinha muito orgulho de suas hortas.
Sua neta, a única, só havia estado lá duas vezes em sua vida e não reconheceu tudo. Havia uma varanda de madeira na entrada, com várias cadeiras e almofadas coloridas. A casa em si era branca e tinha muitas janelas. Algumas das pessoas da equipe de empregados da avó lhe deram boas vindas, mas ela não conseguia lembrar de nenhuma de suas faces. Depois de colocar suas malas no quarto do segundo andar, ela foi à cozinha para preparar uma xícara de café e a varanda para beber o líquido em paz.
Ela podia ouvir o som dos pássaros fazendo ninhos no telhado. O vento cantando enquanto tocava as flores do campo a alguns metros de distância.
Ela nunca conseguia escutar essas coisas na cidade. Apenas carros e pessoas caóticas.
Até o seu café tinha um sabor melhor.
Ela estava feliz. Parecia que aquele verão seria melhor do que imaginava. Ela podia sentir as paz e ordem da natureza.
O que ela faria agora? Havia tantas possibilidades. Ela poderia ajudar a sua avó a cuidar do jardim, ou talvez assistir as pessoas a cuidar dos cavalos, das galinhas, da cozinha. Ela poderia aprender como fazer aqueles bolinhos incríveis, dos quais lembrava de quando foi ali pela primeira vez.
Ah, ela provavelmente nunca aprenderia. Naquele momento, tudo o que queria era olhar ao redor e buscar inspiração.
A casa mais próxima da fazenda de sua avó era uma cabana pequenina e amarela, a alguns metros para a esquerda. A cozinheira lhe contou que ali vivia uma família de três, prestes a ser quatro – sete, se você incluir os animais. Ali moravam uma mulher simpática, que cuidava da casa, assava as melhores tortas da região e estava grávida; seu marido, que plantava legumes e às vezes cuidava do gado dos vizinhos para ganhar um pouco mais de dinheiro; e Elizabeth, também conhecida como Betty. Ela era a filha deles, talvez tinha 16 anos.
Betty tinha cabelos castanhos e loiros escuros que mantinha presos com uma peça de roupa antiga. Seus olhos eram dourados e seu nariz parecia um botão. Ela também tinha sardas, que tentava sempre esconder. Seu sorriso era um pouco torto e ela tinha vergonha disso – o que a deixava um pouco tímida. Mas, mesmo assim, uma "ótima garota" - como todos a chamavam.
Ela havia visto a outra garota chegar no seu carro elegante pela janela de seu quarto. Quando a estrangeira colocou seus pés no chão pela primeira vez, o coração de Betty pulou. A garota era intimidadora, com seus sapatos brancos caros que logo ficariam sujos e suas roupas chiques. Seu cabelo era comprido e preto e voava com o vento. A vizinha, que assistia o espetáculo, não conseguiu distinguir a cor de seus olhos, mas tinha certeza que seria algo de outro mundo.
Ela ficou ali, em seu quarto, completamente em silêncio, tentando focar em um livro ou qualquer outra coisa do que aquela garota que estava sentada na grande varanda da fazenda – mas ela não conseguia evitar o sentimento que tinha – a vontade enlouquecedora de ser sua amiga, de conhecê-la. Mas aquela amizade permaneceria apenas em seu imaginário, uma vez que Betty nunca teria nada de interessante para falar-lhe.
Depois de trinta minutos, seus pais chegaram em casa e a pediram para colher algumas flores do jardim para que eles pudessem vender como buquês. Eles tinham belos girassóis em seu quintal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
um segredo de verão
RomanceUma garota da cidade visita a fazenda da sua avó e ali fica durante o verão, antes de se mudar para outro país para seguir seus sonhos. Imediatamente, ela fica fascinada com a vizinha - uma menina ruiva e tímida chamada Betty, que, por sua vez, tamb...