8: Um dia de James e Lily em São Petesburgo

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James estava apaixonado. Ao chegar na sala a encontrou conversando com o pai. Ela estava com uma boina francesa e vestido midi preto. O batom vermelho em contraste com os olhos verdes eram de uma beleza surreal, ela era surreal e ele não pôde evitar de sorrir para ela.

Um sorriso que parecia morar no rosto de James nos últimos tempos. Ele não podia evitar estar plenamente feliz o tempo todo e se sentia egoísta por isso.

Estavam em guerra. Companheiro após companheiro convocado para defender a Rússia. James sabia que a aliança do atual governante russo com o líder alemão terminaria assim com traição e com seus camaradas indo para guerra.

Os irmãos Mikhail eram vistos com outro propósito, líderes não queriam mandar os jovens que poderiam modificar o sistema para a guerra sem previsão de volta. Eles eram protegidos pela oposição de Stalin.

Saíram da casa dos Mikhail rumo a biblioteca como sempre faziam após as aulas de James. Eles criaram um roteiro sem ao menos combinar antecipadamente.

Iam a biblioteca, depois tomavam café juntos, iam patinar e por último, dançavam juntos em algum bar.

James começou a observar Lily. Amava cada detalhe da ruiva de olhos verdes. A forma como as covinhas se formavam quando ela sorria, a forma como ela tinha exatamente quatro sardas maiores no nariz. A forma como ela sempre segurava a mão dele apenas com um dedo. A forma como seus olhares se cruzavam enquanto liam e ela corava graciosamente. Nao havia dúvidas de que ele estava perdidamente apaixonado.

Mas ele teve certeza apenas quando:

Começou a perder a concentração durante as aulas de oratória;

Começou a recusar convites para encontros importantes para o seu futuro;

Começou a mentir para os irmãos sobre como se sentia a tratando como uma amiga;

Mas acima de tudo, quando o garoto criado para liderar a Rússia começou a questionar seu propósito de vida.

Não parecia real que conseguisse ficar com Lily no fim daquela história. Ele tinha muitas coisas planejadas para a vida dele. E ela merecia alguém que não tivesse um destino traçado. Eles não tinham nenhum futuro juntos.

E isso doía em James.

- Uma vodka pelos seus pensamentos. – Lily despertou James enquanto eles estavam sentados próximos ao rio congelado.

James a olhou. O sol refletia no gelo e a imagem dela estava ali. Brilhando.

- Como a senhorita é linda! – James disse enquanto olhava dentro dos olhos verdes dela.

Lily corou, claro que sim. Cada dia mais linda.

Em outra vida, talvez. Pensou James.

- Você também é e me chame de você e de Lily. – Lily retrucou sem tirar os olhos dele.

- Algo te preocupa? – James perguntou sincero. Lily sabia que ele sentia que algo estava errado. Claro que sabia.

- Está tudo bem. – Ela mentia. Ela estava sempre mentindo. Ela tinha medo. Ela tinha medo de morrer, de nunca mais dançar, de não terminar a faculdade, mas ela tinha mais medo dele a rejeitar. Havia essa sensação estranha de um laço eterno entre eles.

- Vem, vamos patinar! – James a puxou. A essa altura, ela ja havia aprendido muito com James. E o fato dela ser bailarina ajudava no equilíbrio. Eles dançavam e patinavam como um.

Lily rodopiava pelo gelo enquanto ele a levantava. Eram perfeitos juntos, mesmo sem música a sintonia era perfeita. Naquele momento, eles se esqueciam quem eram e se tornavam apenas um.

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