14: Despedidas

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Os três irmãos haviam se preparado para o pior dos cenários, mas nem de longe para aquele pior cenário. Quando receberam as confirmações dos alistamentos tiveram três certezas: Eles ficariam separados, talvez jamais se encontrariam e James devia morrer.

Era a única explicação para cada um ser mandado para um canto exato da guerra. Enquanto Remus tinha sido colocado em uma base estrategista em Moscou, longe da guerra. Sirius ficaria em um quartel general auxiliando os estrategistas militares superiores. Mas James ia para o front. James ia para Stalingrado. Onde a Alemanha invadia a Rússia com todo seu imenso poder.

James não estava exatamente assustado, já tinha se preparado para aquilo. James era uma grande ameaça. Sem ele, os irmãos podiam continuar vivendo, embora ele soubesse que Sirius jamais deixaria de vingá-lo. Era uma sentença por amar alguém. Amar alguém que ele jamais deveria ter amado.

Após terminar a mala, James a deixou em cima do sofá, onde Remus colocou todas as cartas fechadas de Lily e a única de seu pai que ainda não havia sido aberta para que James encontrasse em algum momento de necessidade.

Na estação central, James e Sirius se abraçaram observados por Remus. James era o primeiro a partir. Ele estava todo de vermelho. O uniforme que ele tanto amava havia se tornado uma sentença para ele.

Sirius admirava James pela sua imensa coragem de proteger os outros. Ele jamais demonstraria fraqueza ali, não quando podia ser a última vez que os veriam.

James olhou para os irmãos e sorriu. Calma e pacífico.

- Nós vemos em Tréveris. Quando tudo isso acabar estarei os esperando na entrada da cidade construída pelos romanos. Na cidade do homem que criou o que acreditamos. – E dizendo isso, James abraçou os dois carinhosamente.

- Você precisa se cuidar. Não faça besteira. – Remus disse como uma ordem. E Sirius riu.

- Vai se dar bem no alto escalão. – Sirius disse o olhando. Ambos sabiam porque Remus foi mandado para lá. Algum amigo de seu pai havia intercedido por ele. Remus estava na análise de estratégia para salvar os irmãos nas batalhas. A vida de James e Sirius dependiam dele. E dependeria de Sirius se ele não tivesse mudado os planos.

Quando Sirius os encarou, Remus notou o uniforme embaixo do sobretudo.

- Você não fez isso. – Remus estava furioso e nem mesmo James escondeu a fúria.

- Não podia fazer isso, Sirius. Vocês dois estariam a salvo. – James disse triste, sabendo que Sirius iria para o front ao lado dele.

- Não podia te deixar. Estamos juntos nessa. E você vai cuidar de nós, não vai? – Sirius disse olhando para Remus sério.

- Vou. Eu vou fazer o possível. – Remus disse com a voz embargada. – E o impossível.

Aquele abraço seria o último em anos. E uma memória veio na mente dos três irmãos.

- Pai, pai. O Sirius não quer andar de patins. –James dizia correndo com os patins nos pés. O homem que conhecemos com Mikhail estava mais jovem e as crianças tinham seis anos.

- Ele virá, James. Você sabe disso. – Mikhail observou Sirius segurar no banco e evitar andar no gelo. Remus o observava enquanto cuidava de Peter. – Agora Acalme-se James ou você vai cair. – Mikhail observou James rodopiar e rodopiar enquanto sorria. Meio minuto depois estava derrubado no chão.

Mikhail observou Sirius correr de patins até James para levantá-lo tão instintivamente que sequer notou que estava com os patins. Aquela cena tinha um grande amor de irmãos que se formava. E Remus e Peter foram até eles até todos estarem rindo da queda de James e que ele sempre sabiam que todos estariam ali para protegê-lo. Eles protegeriam um ao outro. Para sempre.

Ainda abraçados, os irmãos ouviram o barulho do trem e acenando para o irmão que ficava entraram naquele trem que os levaria a lugares que ele sequer imaginavam.

Remus observou os irmãos partirem e acenou. Ele faria o possível para manter as pessoas que mais amava no mundo vivas. Isso era o que mais importava para ele..

Quando se virou viu Peter ali parado com os olhos em lágrimas.

- O que faz aqui? – Remus perguntou sério.

- Eu sinto muito. – Peter disse com a voz arrasada.

- Não sinta, você ainda vai sujar as suas mãos muito para me ajudar a mantê-los vivos. Porque nós vamos mantê-los vivos. Essa é a minha promessa. – Remus disse deixando Peter ali.

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