James andava de um lado para o outro na pequena sala dos Mikhail. O pai e Remus já tinham ido conversar com alguns apoiadores menos radicais com a premissa de que Lily Evans foi criada na Inglaterra e jamais iria querer o trono russo em hipótese nenhuma. Mas James sabia que aquilo não era suficiente. Nem o menos radical dos bolcheviques liberaria uma Romanov da prisão. Não depois de tudo que os imperadores russos fizeram ao povo.
James precisava salvá-la. Mesmo que ela tivesse mentido para ele sobre tudo. Mesmo que ela tivesse se divertido as custas dele e que ela não o amasse. Ele tinha que salvá-la. Ela não tinha culpa de nada e foi o irmão dele que a entregou, portanto, ela era uma responsabilidade dele. E ela não morreria na Rússia. Não, enquanto, ele estivesse respirando. Os sentimentos dele se misturavam, a raiva e o amor. A raiva de Lily pela mentira e o amor puro que sentia por ela. A raiva do irmão que fez algo deplorável e o amor pelo irmão caçula que ele viu crescer.
Sirius também sabia disso e por isso estava procurando meios menos convencionais de liberar Lily pelas ruas de São Petesburgo e utilizando os contatos do pai.
As ordens de Mikhail foram claras, James estava visado pelos guardas e, possivelmente, pelos líderes de governo. Era a oportunidade perfeita para prenderem o garoto que empolgava a oposição do governo. Ele devia fingir que foi enganado, enquanto os irmãos e o pai trabalhavam na fuga de Lily.
Remus soube que estavam em um impasse quando chegou a prisão. Alguns contatos o informaram que o próprio Stalin foi chamado para conhecer a traidora Romanov. Remus sentiu o nó na garganta se formar e o desespero fazer as pernas dele tremerem e apesar de não deixar ele trabsparecer, ele estava apavorado por Lily e por James.
- Preocupado com a princesa? - Snape disse. Aquele que odiava os irmãos Mikhail mais do que qualquer outra pessoa no mundo.
Remus não sentia raiva de Snape. Ele havia sido criado em um orfanato sozinho e se encontrou como seguidor e guarda do governo. Ele aceitava a crueldade, porque foi o único sentimento que foi atribuído a ele. Remus tinha compaixão.
- Snape. - Remus disse enquanto o cumprimentava e ia saindo pela porta rapidamente.
- A princesa não precisa morrer. Tem uma coisa que Stalin deseja mais que os Romanov nesse momento. Sem falar que se ela voltar para a Inglaterra e nunca mais aparecer podemos dizer que ela morreu e pronto. - Snape estava sorrindo ao ver Remus endurecer o semblante. Ele sabia que Remus se segurava para não agredi-lo. Era educado demais.
- NÃO, VOCÊS NÃO VÃO TOCAR NELE. - Remus estava furioso. Ele sabia exatamente o que Snape queria dizer. James. Stalin queria James. O filho favorito de Mikhail, um dos seus opositores mais fortes. James, o afilhado de Lênin, que chamou Trostky de tio. James, seu irmão mais protetor, mais amoroso. Remus estava mais furioso, porque sabia que era uma satisfação para Snape também. Ele que odiava os Mikhail, odiava mais ainda James.
Remus sentiu a mão do pai o tocar. O ombro relaxou. Mikhail os criou e sabia quando os filhos estavam prestes a perder a cabeça.
- Vamos Igor. - Mikhail chamou o filho. - Severo. - Ele cumprimentou o chefe da guarda. Severo teve uma infância difícil e talvez isso justificasse a frieza, mas para Mikhail ninguém tocava em seus filhos e se alguém tocasse, pagaria por isso.
Sirius tinha rodado a cidade inteira. Obviamente, ninguém estava disposto a se arriscar por um aristócrata. Mas encontrou pessoas que tirariam a companhia de dança na Russia. Isso era uma das coisas que Lily iria querer. Então, por último, foi até Marlene.
- Não é possível! - A jovem não acreditava. - Eles se enganaram. Ela não é isso. Eu a a conheço desde criança. - Mas ela sentia que Lily sempre escondeu algumas coisas. Os pais dela sempre esconderam algo.
Sirius não teve tempo de consolá-la. Antes, eles estavam seguros na Rússia e não precisariam ser tirados a força do país. Mas agora, era necessário que fossem embora o mais rápido possível. Embarcou todos e partiu para casa. Precisava ver o que os outros conseguiram.
Quando chegou ao jardim viu Peter. Encolhido em banco. Sozinho. Sirius passou por ele. Não podia fazer aquilo agora. Não podia encará-lo agora, não depois de tudo que ele fez. Era demais. Ao entrar na sala viu James com o pai e Remus. Pelo rosto abatido de todos, eles não haviam encontrado uma solução.
Todos sentados. Os Mikhail, os mais inteligentes entre os bolcheviques, simplesmente não conseguiam encontrar uma solução.
- O que você pensa, Sirius? Você acha mesmo que eu entraria em trem sem a minha melhor amiga? - Marlene havia entrado a sala antes que eles tivessem se dado conta.- Eu vou arrumar uma solução. Eu vou tirar a Lily de lá.
Sirius estava incrédulo. Mas se sentiu esttanhamen feliz por ela estar ali. Ela era corajosa. E amava Lily. Sirius sentiu segurança ao vê-la.
- Não tem outro jeito. - James disse decretando. Ele não estava perguntando, estava afirmando. Ele sabia o que Stalin queria mais que qualquer coisa. E podia negociar isso.
- Você só pode estar brincando! - Sirius não deixaria aquilo acontecer. James era seu melhor amigo além de ser seu irmão.
- Mikhail. - Remus começou se dirigindo a James. - Nós somos os irmãos Mikhail. Não damos o que as pessoas querem. Nunca. Nós não fazemos isso. Não nos curvamos as dificuldades.
Mas Remus sabia tanto quanto qualquer um que era a única opção que incluía Lily Evans viva no fim da história.
- Vocês sabem que vão usar a história de Lily para nos destruírem. A nossa família. A nossa reputação entre os camaradas. Apenas os homens de confiança do Stalin sabe o que está acontecendo por enquanto. Nós fazemos isso. Salvamos ela e ela vai embora. O nome Mikhail fica intocado. - James tentava argumentar de todas as formas.
- Todos nós sabemos que você não está fazendo isso pelo nome Mikhail. - Sirius disse quase rosnando.
- Estou fazendo por vocês também e por ela. Ela é inocente, Alexei. Inocente. - James completou sob o olhar triste do pai. Quando viu o olhar de Mikhail sobre ele, ele sentiu a opção única. O pai não o olharia daquela forma se houvessem mais opções.
- Você está fazendo isso por amor. - Mikhail disse quando os filhos o encararam. - Não há nada mais forte que o amor. - Os olhos de Marlene estavam marejados e ela percebeu que Sirius e Remus se sentaram tamanho o choque de realidade.
Para fazer o certo, eles seriam os mais machucados.
- Por amor se morre e se vive - Completou Mikhail pensando en Irina e a dor que o acompanhava durante todos os anos. James não morreria. Era a única certeza que Mikhail tinha. Nenhum de seus filhos morreriam sem lutar. Ele era um bolcheviques, ele estava na Revolução russa, ele foi melhor amigo de homens admiráveis e amou aquelas crianças que encontrou nas ruas. Ele era do exército vermelho e lutaria por isso.
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São Petesburgo
FanfictionRússia, Política, Balé, Patinação no gelo e uma guerra. A aristocrata e o camarada. 🥉 #jily em 04/04/2022