18: Irmãos

45 6 0
                                    

Marlene esfregou os olhos ao ver Remus Lupín caminhando pelas ruas. Ele estava todo de preto. Os soldados ao seu lado eram russos.

- Lily, Lily. – Ela chamou enquanto Lily terminava a atadura de um paciente.

- Que foi, Marlene, eu estou ocupada. – Lily respondeu quando seguiu até onde o indicador de Marlene apontava.

Era Remus. Um Remus exatam igual ao que havia conhecido em São Petersburgo. Remus estava ali para tirar os soldados Russos abandonados em Dunkirk.

- Remus. – Remus ouviu alguém chamar e quando se virou deu se cara com Marlene e Lily. Não pode evitar se sorrir. Era bom ver rostos amigos em meio a tanta hostilidade.

Após contar que estava comandando o centro de inteligência e ouvir as histórias sobre os atendimentos das jovens. A guerra era terrível para todos. Para quem estava preso em escritórios com mapas de estratégias e para as pessoas que atendiam os campos de batalha.

A guerra machuca todo mundo.

Sem exceção.

- Ele nunca me respondeu. – Lily disse para Remus quando Marlene foi atender pacientes que haviam acabado de serem resgatados de Dunkirk.

- Ele não está bravo com você. Ele está bravo com ele. – Remus respondeu tentando trazer um espécie de conforto impossível. – James é incrivelmente perfeccionista. Ele se sentiu traído e nós perdemos o papai. Ele sente que ele poderia ter impedido.

Lily observava Remus falar sobre o pai com os olhos marejados.

- Eu sinto muito Remus. – Lily disse encostando a mão no rosto do jovem que sorriu para ela.

Remus nunca se interessado por ninguém de forma séria. Ele sempre estava preocupado em tirar os irmãos se uma série de encrencas para namorar. Mas quando Lily tocou seu rosto, a culpa o inundou. Não podia fazer aquilo. Não podia dar seu coração a alguém que amava alguém que ele também amava.

Então ele virou o rosto e anunciou vendo a presença de Marlene.

- Vou partir amanhã com o primeiro navio de resgate. Tiraremos meus
30 mil compatriotas daquele inferno.

- E nós iremos com você! – Lily disse enquanto Marlene assentia. Percebendo o rosto surpreso de Remus, ela continuou. – Devem ter homens feridos lá. Precisarão de nós.

Remus já conhecia as jovens o suficiente para compreender que não adiantava falar sobre o assunto. Então apenas concordou.

Na manhã seguinte, ainda escuro, o navio partiu. A bandeira russa tremulando. Ao chegar próximo a área de desembarque.

James ao ver a bandeira de longe sorriu sozinho. Viu seus compatriotas sorrirem pela primeira vez em meses.

Estavam salvos? Claro que não. James percebeu que Sirius também pensava assim vendo a nuvem que se formou no rosto do irmão.

De longe os russos acompanharam o resgate dos britânicos e franceses. Muitos mortos para salvar outros. Eles eram bombardeados constantemente. Não seria fácil. Não seria simples. A batalha estava apenas começando.

Dunkirk era Terra viva. Viva e barulhenta.

Os pelotões começaram a se organizar para o resgate. Vários navios. Todos com a bandeira russa, já que apenas tinham permanecido ali até o momento.

Ao chegar na praia se esconderam de mais um bombardeio. Chuvas de bombas caiam. E mais russos se feriam.

A medida que embarcavam. Um a um. Lupín respirava mais tranquilo. Mas ainda não os tinha vista. Ainda não os tinha encontrado.

Existem momentos em que a vida te prega algumas peças. Sirius foi o primeiro a vê-lo. Ele e James ajudavam a organizar os pelotões para facilitar a viagem.

Sirius viu próximo ao mastro. Remus. Ele estava ali. Apontou e James o viu também.

O peito cheio de uma esperança sólida. Quase palpável. E foi então que Remus os viu. Mesmo de longe era possível perceber que haviam emagrecido muito. Os cabelos despenteados haviam crescido e a barba também. Remus sorriu. E pensou

" Eles estão bem, papai."

O que houve a seguir é o claro exemplo da guerra. A guerra tira esses momentos tão puros.

Esse momento de irmãos.

São Petesburgo Onde histórias criam vida. Descubra agora