15: A vida em Londres

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Bombas. O barulho de Londres caindo aos pedaços. Era a quarta vez no dia. O sinal de alerta havia tocado acordando toda a ilha as cinco da manhã. Lily e Marlene não haviam dormido, estavam no hospital, haviam feito o curso de enfermagem e se voluntariado para o hospital. A guerra corria a todo vapor e eles estavam perdendo.

Após o bombardeio, Lily se sentou pela primeira vez em dez horas. Novos feridos chegavam a todo momento. Crianças órfãs todos os dias. Tudo era um pesadelo.

Naquele pequeno momento, Lily lembrou da mãe e do pai que haviam se mudado para o interior por recomendação de todos. Não era seguro, todos deveriam sair de lá. Antes da mãe partir, Lily havia entregado a carta de Mikhail, a mãe não acreditou que Lily tivesse o conhecido e Lily viu o olhar de Irina ao ler a despedida do grande amor de sua vida. Lily sempre soube que seu pai e sua mãe não se amavam, eles eram amigos, Irina amou Mikhail e Mikhail morreu para salvar Lily. Essa culpa ela carregaria para sempre. Talvez um dia Lily encontrasse um amigo para se casar, como mãe. Porque o amor ela já havia conhecido e ele não respondia cartas.

Irina chorou ao saber de tudo que Lily havia passado na Rússia, chorou por Mikhail. Aquele homem que um dia ensinou a jovem da realeza russa a patinar. Mikhail nunca a viu como uma princesa, ele a via como a mulher que ele amava. Quando tudo acabou, Irina prometeu que jamais amaria novamente e por sorte conheceu um homem que a aceitou como uma amiga. E apenas isso, o amor da princesa russa era de um Bolchevique.

Após o turno, Lily e Marlene voltaram para o pequeno apartamento em uma área segura de Londres. Marlene estava com as correspondências. E deu para a Lily as cartas dos pais. Marlene recebia cartas de Sirius e Remus. Eles sempre estavam e contato e isso era um alívio para Lily. Pelo menos, ela sabia que James estava bem.

Ela enviava cartas todo mês. Ele nunca respondia.

Lily se sentou na cama e olhou a pequena foto na cômoda de madeira. James e ela. No gelo. Ele havia a presenteado com a foto.

Lily estava perdida nas memórias boas com James quando Marlene apareceu na porta com a carta na mão. Ela estava pálida e com lágrimas no canto dos olhos, os cabelos loiros já soltos.

- Eles estão no front. Eles estão em Stalingrado. - Ela disse em tom desesperado.

Existem momentos em que o chão desaparece, momentos em que a vida parece um sopro. Momentos em que a vida de despedaça como uma taça de cristal.

Então, Marlene leu a carta de Remus.

A partir daquele dia, Marlene e Lily ouviam o rádio buscando por notícias de Stalingrado. Estava cada vez mais frio e o exército alemão avançava sobre a cidade que levava o nome de Stalin.

Não havia notícias sobre os soldados em especial e tudo que elas sabiam era o que Remus a cada dois meses enviava para elas. E não era muito, porque ele também não conseguia muitas informações.

A única coisa que eles sabiam era que os dois permaneciam vivos.

E apenas isso importava.

Os turnos estavam incessantes naquela semana, os bombardeios não cessaram. Lily estava na recepção do hospital quando ouviu a notícia que fez o coração dela disparar.

Vocês souberam? Hitler perdeu para os russos em Stalingrado.

Ninguém vence o frio daqueles demônios. Ao que parece, eles viram para cá e para França.

O coração dela estava acelerado. Quando encontrou Marlene a abraçou.

Já a noite no pequeno apartamento, Marlene a olhou séria.

- Eles vão para França? Temos tropas lutando lá - encarou Lily e a ruiva soube exatamente o que ela estava pensando.

- Ao que parece sim. Mas Remus pode confirmar isso. - Lily constatou e elas imediatamente começaram a escrever para Remus.

A resposta de Remus chegou com a certeza. Marlene e Lily pediriam transferência para o exército inglês. Elas trabalhariam com os soldados. Era uma irresponsabilidade imensa, mas no amor e na guerra as coisas realmente valem a pena e mesmo sem James e Sirius ali, eventualmente, Lily e Marlene optariam por ajudar mais o exército inglês.

O único problema é que a batalha na França era travada nos mais diferentes lugares, ou seja, elas ainda dependeriam do destino.

Que o destino estivessem ao lado delas.

As malas estavam prontas e o caminho iria começar.

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