17: Ao amor, com carinho

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Quando chegaram em Dunkirk, James Potter finalmente respirou. Finalmente poderiam focar na batalha e não apenas andar e andar. Mas os dias que se seguiram não foram exatamente como haviam imaginado. Cercado pelos alemães a tropa russa não tinha muita ajuda dos ingleses ou franceses. Eles estavam a mercê de um inferno e morreriam todos.

Remus Lupín era o chefe da inteligência russa naquele momento. Ao ver que os acontecimentos que se seguiriam condenariam seu exército, partiu rumo a Londres.

Lily e Marlene estavam só outro lado do mar e observavam Dunkirk queimar. Quando chegaram ali, a cidade francesa do outro lado do mãe já estava cercada pelos alemães . E embora ficassem preocupadas o dia todos com os soldados ingleses resgatados pelos navios, o coração delas pensavam nos russos que ainda estavam lá resistindo sem esperança de salvação.

James estava atrás de um muro. Do seu lado Sirius observava cuidadosamente quando seria o próximo bombardeio alemão. Eles faziam parte dos aliados, mas foram esquecidos ali. Sozinhos e lutando para salvar cada um dos russos dia após dia.

- James, acho que eles encerraram por hoje. – Sirius disse quando viu o avião alemão se afastar.

James suspirou longamente indo até um antigo porão em que eles estavam instalados. Sirius bebeu uma dose de vodka cuidadosamente guardada. Os outros russos, cada um deles estavam em seus abrigos. James tinha certeza que Remus faria de tudo para tira-los dali. Mas a cada navio que levava os franceses e os ingleses partiam, os russos ficavam ainda mais sem esperança de salvação.

- Nós somos os melhores. – Remus Lupín tinha envelhecido 10 anos naqueles poucos anos de guerra que estava presenciando. – Nós somos a melhor tropa que vocês têm. – Remus dizia ao primeiro ministro inglês. - E eu juro por Deus que se o senhor não tirá-los de lá, senhor Churchill, você vai conhecer o inferno.

Churchill encarou o jovem. Não devia ter mais que vinte anos. E tinha um cargo importante. Era determinado e tinha fogo em seus olhos.

- Está me ameaçando? Me ameaçar é ameaçar a coroa. Sabe disso não sabe? – O primeiro ministro perguntou e observou o jovem não demonstrar nenhuma reação.

- Jamais te ameaçaria, primeiro ministro. Pessoalmente não. Estou ameaçando a Inglaterra. Nós somos a Rússia. Eu espero que consiga gentilmente entender minhas solicitações. – Remus disse calmo.

- Mandarei um navio amanhã. – Churchill disse sem encarar o jovem.

- Eu irei junto. – Remus afirmou.

James ouvia os sons. Já faziam dias desde da última vez que dormiu. As bombas, os gritos. O terror. Havia perdido o medo da morte há algum tempo. Sirius e os camaradas dormiam na sua frente. Ao olhar para sua bolsa viu as cartas. Já desgastadas, porém jamais lidas.

Ao pegá-las viu a carta de seu pai. Fazia tanto tempo ou parece que fazia. Desde que o perdeu, James viu um vazio se instalar em seu coração. Não queria ler aquela carta, não queria se despedir.

Quando a bomba caiu, James abriu a carta. Se era uma despedida, melhor que ele a lesse antes de ir encontrar seu pai em outro plano. A ideia se sair dali vivo já havia o deixado.

Querido Mikhail,

Meu filho,

Quando te encontrei nas ruas de São Petersburgo sozinho e com frio apenas com aquele colar e sem lembranças uma luz se abriu em mim. Eu havia perdido a mulher que eu amava e não via sentido em muitas coisas. Seus irmãos chegaram e vocês se tornaram a minha vida.

James, você abriu meu coração para o mundo. Em cada um de vocês encontrei uma qualidade inestimável. De Remus é a inteligência e lealdade, de Sirius é a coragem destemida e a fidelidade, em você o poder de cativar e o amor pelo mundo.

Você que ama a todos será o que mais vai se culpar pelo que vai acontecer comigo e eu espero que saiba que eu vivo há muito tempo por vocês. Eu vivo e respiro por vocês.

Perdi meus amigos e a única mulher que amei. Quando Lenin e Trostki se foram eu perdi a esperança de ver a Rússia proletaria vencer. Stalin não nos representa. Mas dói quando eu te vi, foi quando eu te vi falando sobre Marx com seus irmãos que entendi.

Vocês são a Rússia, vocês são os defensores só que acreditamos e eu tenho esperança em vocês.

Em cada passo se vocês, eu estarei junto a vocês.

Eu amo vocês! Eu te amo, meu filho.

Com amor,
Papai.

As lágrimas escorreram dos olhos de James.

Eu te amo, pai. Ele sussurou ao vento.

Eu te amo muito, meu pai.

E decidiu que precisava viver, ele precisava deixar seu pai orgulhoso.

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