23: Quem somos no mundo

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A fonte de Treveris brilhava para ele. Ele amava aquela cidade que ele tanto tinha visto nas leitura de Marx. A cidade que foi negada ao próprio Marx. Exilado.

A rua inteira tinha efeitos da guerra. A Alemanha inteira estava devastada. Se não fisicamente, sentimentalmente. Ele já sabia da divisão. Ele já sabia que a Rússia tomaria conta de uma parte do país. Os alemães estavam perdendo o próprio país. O orgulho.

Ele vestia roupas civis. Exceto pelo broche. Ele era comunista e seria comunista onde estivesse. Não tinha medo. Não era algo dele. Não mais. Havia perdido o pai. Não sabia se tinha família, exceto por Mary e Frank. Ele era um sobrevivente e enquanto vivesse não deixaria Stalin destruir o sonho da igualdade.

Sirius caminhava ao lado de Remus. Haviam acabado de deixar a estação. Precisavam se despedir.

Ele e a dupla não se encontrariam. Remus e Sirius haviam ido uma semana antes. Souberam do fim da guerra instantáneamente. Ele olhava para a fonte completamente sozinho. As gravações das iniciais de milhares pessoas na parede de pedra. Ele sentia que havia sido dado como morto. É óbvio que eles não viriam. Ele encontrou as iniciais ali.

A perfeita letra de Remus. Ele sorriu. Ele ainda vivia. E Sirius também quando viu ao lado a letra do irmão.

Estava tudo bem. As lágrimas escorreram e James suspirou aliviado. Mesmo que jamais se vissem novamente. Eles estavam vivos. Mas ainda faltava um. E quando se virou a imagem de Peter uniformizado o chocou. Ele segurava o chapéu do pai para deixar na fonte com um dia Mikhail sonhou.

O irmão mais novo. Os olhos de Peter estavam marejados quando ele encarou os olhos de James. O irmão que ele havia magoado e pensou ter perdido.

James foi até ele que estava paralisado. E sentiu Peter tremer. Abraçou o irmão caçula.

- Está tudo bem. Está tudo bem. – James repetía enquanto segurava Peter tremendo e chorando nós braços. – Tudo bem, garotinho.

Após contar tudo pra Peter que só sabia sorrir verdadeiramente feliz recebeu notícias preocupantes sobre os caminhos da Rússia. E recebeu a notícia que já sabia, os irmãos estavam vivos.

James iria para Londres. Precisava vê-los.

Uma semana antes, Sirius chorou na mesma fonte  que agora via o choro de alívio de Peter. Uma semana antes, Lily se despediu para sempre do homem que ela amaria põe toda a vida. Uma semana antes Remus aceitou o cargo de alto estrategista do governo inglês, deixando a Rússia longe demais.

Sirius estaba chegando na grande casa que Remus havia ganhado do governo inglês. Ele trabalhava como professor em uma escola para meninos.

Ele o viu nas escadas de costas. O sobretudo preto, a boina preta. O homem estava observando a casa. Sirius achou estranho, mas a casa era realmente bonita.

Quando chegou mais perto algo naquele homem era tão familiar.

- O senhor precisa de algo? – Sirius perguntou enquanto observava o homem ao pé da escada.

- Eu preciso do meu irmão. – A voz estava embargada. Sirius o observou se virar. James sorriu com os olhos marejados. Nenhuma outra pessoa era tão dele quanto Sirius.

O abraço foi tão apertado que era possível identificar as palavras de Sirius.

- Você está mesmo aqui? Você jura? – Sirius perguntava repetidamente.

- Em carne e osso e história. Muita história. – James respondeu ao se sentar no grande sofá. – E Peter está comigo em Londres.

Sirius sabia que James perdoaria Peter. E tentaria fazer o mesmo.

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