Passei três dias em casa. Trancada dentro do meu quarto. De castigo.
Foi a condição que Hanna me deu na quinta à noite, quando chegou tarde da noite em casa e me encontrou ainda em lágrimas debaixo das cobertas, mesmo que fosse horas depois do mais recente e dramático ocorrido. Na forma como ela me olhou da porta, eu vi que ela estava pronta para arrancar minha alma do corpo apenas com palavras, isso se não me matasse antes de começar a gritar. Mas não iria muito além do que eu queria, e merecia, que acontecesse agora.
E Hanna Scodelario, minha mãe, gritando comigo descontroladamente da porta do meu quarto, ao mesmo tempo que os cachorros latiam insandecidamente em minha defesa, era o mínimo do mínimo de todos os castigo que eu merecia receber por ser tão idiota.
Não por ter abandonado os quatro australianos plantados. Para isso eu meio que não dou a mínima. Mas por ter abandonado toda a minha vida em Nova Iorque para fazer o papel da filha legal e grata em Los Angeles. Eu sabia que eu deveria ter continuado lá, no meio do caos cinza e cheio de barulhos de buzina, que me faziam esquecer os barulhos que moram dentro da minha própria cabeça. E por não ter me desfeito da minha amizade com Megan no primeiro ano em que tive oportunidade, quando a escola acabou.
Eu poderia muito bem ter me desfeito dela, assim como me desfiz de muitas pessoas que passaram pela minha vida, e poderia ter me mudado para Nova Iorque sem promessas de retornar quando precisassem de mim, ou sem oferecer minha formação como pagamento de dívidas e demonstração de gratidão para Hanna. Eu nunca deveria ter respondido que seria ótimo abandonar tudo para trás para ajudá-la a salvar o nome de um cliente.
Porque, agora, é pelas minhas péssimas decisões que eu estou pagando.
Foi por causa delas que eu tive que ouvir Hanna gritar comigo e me xingar de dezoito coisas diferentes, sem ter espaço para me explicar. Afinal, segundo ela mesma, ela já tinha ouvido o suficiente sobre o ocorrido pelos seus clientes — provavelmente a parte mentirosa e dramática deles. E agora tudo o que ela queria de mim era um e-mail dando satisfação para a banda e equipe sobre minha fuga e que, como uma criança, eu não botasse a cara para fora do quarto pelos três dias seguintes daquela quinta-feira.
Inicialmente, fiquei bastante revoltada com a ideia, mas, depois do enorme discurso que eu ouvi, eu não era nem louca de questionar as medidas, e na manhã seguinte já tinha me adaptado a elas. Nem era tão ruim assim ter que ficar trancada no quarto.
Eu aproveitei as minhas horas trancafiada e sem barulhos para deixar alguns textos escritos para os meus bicos — caso eu precisasse enviar material para alguém —, para fazer algumas pesquisas para minha coluna do final do mês no The New York Times, que eu tinha conseguido com muita batalha ao longo dos meus anos acadêmicos, e para maratonar documentários.
Eu não queria ficar pensando no meu atual trabalho, mas se eu quero alcançar o perdão da minha mãe, eu tenho que entregar o meu melhor no roteiro e fazer com que os garotos, principalmente o Luke, parem de criar implicância nas perguntas que eu faço para a construção dele. Então, dediquei todas as minhas horas livres da política internacional para assistir todo e qualquer tipo de documentário, observando cada detalhe, desde a narrativa até os cenários e recortes de cena.
Fazendo uma pausa nos meus estudos apenas no sábado à noite, para tomar vinho e comer pizza em ligação com Louis e Lia.
— Mas ainda acho que tôp mais ansiosa pra sair o documentário da Taylor Swift do que o que eu to trabalhando... — Os dois riram da minha fala do outro lado da linha.
— Quando vai sair o seu? — Adalia perguntou.
— Acho que só no meio do ano que vem, quando o álbum fizer um ano e a turnê estiver na metade, não sei.
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reputation || l.h
FanfictionComo a estrela que atua nos pesadelos de Luke Hemmings, um artigo é lançado após o lançamento do novo disco de sua banda a fim de destruir toda a reputação que o cantor demorou anos para construir e moldar de forma sólida. Estando até os joelhos co...