— Então, vocês costumam brigar muito?
Os ânimos enfim se acalmaram. Mas isso já faz mais de três horas e eu ainda não consegui tirar nada interessante das respostas que a banda me dá. Apesar deles terem parado com o fogo cruzado e os discursos espertinhos que distraem entrevistadores do Youtube, nada do que eles me dizem é bom o suficiente para ser abordado com ênfase nas horas de documentário. Eu preciso da verdade nua e crua, e eles estão me oferecendo verdades maquiadas e bem vestidas.
Menos Calum, esse continua se negando a participar. E eu quero matá-lo por isso.
— Como irmãos — Luke afirma. — Nós brigamos como irmãos.
Eu sei que foi durante o almoço de hoje, após nossa discussão, que eu prometi ter paciência com eles, respeitar o conforto deles quanto às perguntas, mas fica cada vez mais difícil não achar eles chatos e desinteressantes.
— E dessas brigas de... irmãos. — Tento parecer compreensiva. — Tem alguma que marcou a história da banda? Que tenha sido pontual e transformadora para vocês?
Parece que Ashton estava esperando essa pergunta para retomar seus papos de guru. Ele passa um longo tempo falando sobre as marcas que a vida deixa, e como mesmo o negativo se torna positivo no futuro, porque te levou a ser o que você é. Relembra as desavenças dele com os amigos no início da banda, a discussão pelo nome — que é algo razoavelmente interessante de ser contado no documentário, para aqueles que estão tendo contato com os meninos pela primeira vez — e como eles brigavam muito mais quando moravam juntos.
— Mas nós sempre nos resolvemos no final das contas. São sempre brigas rápidas.
É claro que sim.
— Vocês costumam discordar muito?
Eu não queria estar perguntando isso. Na verdade, eu queria saber mais sobre discussões sigilosas como a de hoje de manhã, sobre o quanto eles brigaram durante a criação do álbum ou sobre como reagiram às fofocas que vieram após ele; se foram cobrar o Luke.
— Tipo, quando estão produzindo álbum, ou fazendo algum trabalho.
— Normalmente, quando acontece alguma discussão referente a banda, nós tentamos ouvir todos os pontos e ver qual pesa mais, mesmo que vá contra a vontade de um, o que for mais significativo prevalece.
Na minha cabeça, não parece ser possível seres humanos se resolverem tão bem. Nem minhas mães, que são loucamente apaixonadas uma pela outra, se resolvem de forma tão fácil e suave.
— Eu teria outras perguntas pra fazer hoje, mas acho que vocês não estão preparados pra elas, então eu vou embora, tudo bem? — Não espero a resposta, começo a pôr minhas coisas na mochila.
— Que tipo de pergunta? — Luke fica curioso, talvez pela primeira vez no dia.
— Sobre tudo o que vocês se esquivaram de falar até agora, eu vou ter que repetir algumas perguntas — explico. — Então, podem começar a pensar melhor naquele papo de colaborar comigo, nós temos muitos encontros marcados ainda. Não do tipo super romântico, Michael, mas eu posso te trazer umas rosas, se você quiser.
Dou uma piscadela pra ele. Quero quebrar um pouco o clima, devolvendo a piada que ele fez mais cedo, mesmo que eu não seja a melhor em fazer piadas após momentos tensos. Mas ele cai na gargalhada com o que eu disse.
— Eu sabia que tinha um pouco de senso de humor guardado no seu coração de bruxa má — ele diz.
— Coração de bruxa má? — Levanto uma sobrancelha. — Vou me lembrar disso, senhor Clifford.
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reputation || l.h
FanfictionComo a estrela que atua nos pesadelos de Luke Hemmings, um artigo é lançado após o lançamento do novo disco de sua banda a fim de destruir toda a reputação que o cantor demorou anos para construir e moldar de forma sólida. Estando até os joelhos co...