SETE.

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Chegamos atrasados para a terceira entrevista.

Saímos mais tarde do que programamos do prédio da rádio, paramos para comer e pegamos um trânsito jamais esperado para as 15h de uma quinta feira em Los Angeles. Eu aproveitei cada um dos minutos que ficamos parados na via para cochilar. O sono dominava o meu corpo, e o dom que eu desenvolvi morando em Nova Iorque, de conseguir dormir com qualquer tipo de barulho, me ajudou a usufruir do caos como se fosse música de ninar.

Enquanto no banco de trás, os meninos repassavam tudo o que poderia ser perguntado para eles na última gravação do dia, a quarta, que seria gravada num estúdio grande e com plateia. Não ouvi muito sobre os planos do Luke de como sabonetar porque tive que por meu sono em dia, mas tenho certeza que era tão ruim quanto qualquer outro. E, talvez, dormir tenha sido a minha melhor escolha para não me intrometer na conversa, mas fui castigada por sua voz, que invadiu meu subconsciente e me fez ter um breve sonho com o vocalista da 5 Seconds of Summer, ou pesadelo.

Era apenas ele usando uma coroa e tocando uma música ruim no violão, que eu descobri ter tocado na rádio enquanto estávamos no carro, ao mesmo tempo ele que dizia: "Eu sou uma bagunça que você quer ter".

Acordei em um susto, com Luke tocando o meu braço, do lado de fora do carro, pela janela aberta.

— Acorda, Eva! — O tom dele não era doce. — Nós temos que te entediar mais um pouco.

E entediaram. A gravação inteira foi um saco. Apenas os quatro, separadamente, sentados na frente de um fundo azul, listando coisas que eles levariam para uma ilha deserta, e nenhuma dessas coisas eram minimamente úteis.

Usei todo o meu tempo livre para cochilar mais um pouco, mas não tão profundamente quanto no carro, ainda conseguia ouvir Luke falando sobre levar um smartphone para um lugar que não tem energia elétrica e Calum levar um perfume para um lugar onde só os animais sentiriam o seu cheiro. Geniais. Porém, no fundo, os agradeço mentalmente por serem patéticos. Eu precisava de uma brecha para descansar mais um pouco, sem Luke Hemmings sorrindo na minha frente.

Quando me dou conta, estamos no carro de novo, desviando do trânsito para chegarmos o quanto antes nos estúdios do Ellen Show. Pelo o que eu ouvi falar, a equipe dela não é do tipo que tolera atrasos, e não se importa em ser rude às vezes. Durante o percurso, o silêncio dentro do carro é pacifico, e estou grata por isso, me concentrando apenas no trânsito e no retrovisor, que me mostra quatro músicos tentando descansar.

Eles estão tão cansados quanto eu estava mais cedo, dá para notar nos olhos pesando, no caminhar largado do estacionamento até a porta principal e na falta de vontade deles em debater algo que já repassaram um milhão de vezes hoje; o que pode ou não ser falado.

No camarim, eles trocam de roupa e comem algo, enquanto eu converso com Jax no corredor.

— Ashton comentou comigo que vem sendo difícil trabalhar com você...

— Pra cacete. — Respondo.

— Você já identificou onde o problema mora?

— Luke e Calum. — Digo sem enrolação. — Eles são cabeça dura, não cedem fácil as perguntas, se esquivam da maioria, isso quando não estão implicando.

— Luke se tornou uma pessoa muito fechada desde o artigo, você tem que ter paciência, Eva.

Porque ele não tem maturidade. A essa altura, ele deveria estar acostumado com as pessoas criticando ela na internet.

— Acredite, Jax, eu tento! — Me viro para poder olha-lo enquanto falo. — Já expliquei pra eles porque preciso que cedam, já fiz minhas perguntas mais fáceis e tranquilas, mas nada é o suficiente. Eles não querem colaborar.

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