QUATRO.

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São seis horas da manhã desta quinta-feira e tudo que eu queria era continuar na cama, embaixo das minhas cobertas quentinhas e com meus cachorros deitados no meu pé, tudo o que eu sonhei que faria quando estivesse na casa das minhas mães, mas o que menos aconteceu desde que eu cheguei aqui, dias atrás. O que era para ser uma semana relaxante e um novo trabalho animador, se tornou um grande pesadelo para mim.

E a pior parte é não poder falar com todas as letras o motivo de eu querer cair fora disso.

Obviamente, Hanna e Monique já notaram que eu não estou nada feliz com a situação, e assumiram que deve ser porque eu gosto mais da banda rival da 5 Seconds of Summer — e se eu soubesse qual é a banda rival da deles, provavelmente teria um pouco de verdade no discurso delas, mas não é a questão. Então, todos os dias elas passam horas discursando sobre como eu tenho que ser profissional durante os próximos meses, pelo menos até o roteiro estar pronto.

— Você não vai estar sozinha, Eva, uma equipe está aqui para te apoiar — Monique dizia repetidas vezes ao longo dos últimos cinco dias.

— Mas é preferível que você faça o máximo das suas tarefas sem precisar de nós — Hanna rebatia, o que me levava a uma série de reviradas de olhos e respirações pesadas.

Ultimamente, eu só saí de casa para apenas duas coisas: comprar nicotina e ir ao escritório com Hanna estudar contratos e possibilidades.

— Você jura que sua filha vai ter que assinar um contrato de sigilo? — Meu cigarro estava a caminho da minha boca, mas hesitei ao ver o olhar assassino de minha mãe, cruzando os braços para disfarçar.

— Todos vão, Eva, agora guarda seu cigarro na bolsa que não pode fumar aqui dentro, e assina essa merda! — Naquele dia Hanna estava especialmente brava comigo, nós havíamos discutido logo cedo por causa da minha alimentação ruim e comportamento rebelde.

Na volta para casa, eu contei a ela sobre o ocorrido com Megan, enquanto comia uma salada no banco do carona do conversível vintage recém adquirido, tentando não derrubar molho de mostarda no couro — se não eu teria mais um problema para minha lista — e Hanna, em resposta, dizia que já sabia que uma hora ou outra Megan ia me decepcionar. Aparentemente, isso está bem claro para minha mãe desde o dia em que Megan brigou com a Jess, ou que foi pela primeira vez em casa, não sei.

— A Monique já estava suspeitando de algo, você não comentou nada sobre a festa conosco — a loira disse.

— Pensar nessa festa me deixa estressada — eu respondi. — E como se não fosse suficiente, agora ela me liga todos os dias e manda mensagens achando que eu vou perdoá-la.

Bloquear as mensagens de Megan não foi o suficiente para impedi-la de tentar falar comigo, ela continuava me ligando de qualquer telefone que conseguisse, pelo menos uma vez ao dia nos últimos três. Até mesmo o celular de Josh ela usou na terça-feira, enquanto eu estava no carro com minha mãe, o que me levou a discutir com ele na mesma hora, sem nem querer saber se a Megan estava do lado ouvindo tudo, desde que ela se mantesse calada e eu não precisasse ouvir sua voz.

— E, antes que eu me esqueça, Megan, porque eu sei que você está me ouvindo... — dizia com todas as letras, gesticulando para o vento, já que não havia nada além de outro carro na minha frente. — Vai se foder, não me procure mais e pare de usar meus amigos para tentar chegar até mim!

O mais engraçado foi ter Hanna ao meu lado, me apoiando nos meus desabafos e passando a mão nos meus cabelos enquanto estacionava o carro na primeira vaga que encontrou, para que eu pudesse chorar de ódio em paz — mesmo com pessoas estranhas me olhando na calçada. E quando voltamos ao nosso percurso, ela tentou me distrair com suas histórias de adolescência.

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