DEZOITO.

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Minhas mães são rápidas em repreender meu comportamento. Hanna me lança um olhar assassino ao mesmo tempo em que Monique estica sua mão para acertar o meu braço, as duas dizem de formas diferentes para eu ser mais gentil e aceitar a visita.

— Eu queria saber se você está melhor. — Ele diz, terminando de colocar seu corpo para dentro da sala. — Sabe, a cena toda foi bastante... desagradável.

Desagradável é a palavra.

Seja para se referir a minha crise de vômito falsa ou a minha relação bastante verdadeira com a banda, ambos são muito desagradáveis.

— Sim, muito. — Estreito meus olhos para o garoto parado em minha frente. — Mas, veja, já estou bem! Ótima, eu diria.

Sorrio cinicamente para ele.

Em seguida, viro meu olhar para minha mãe, que estava sentada ao meu lado com os cachorros, e noto que ela está se levantando e levando todos — exceto eu e Luke — para fora da sala.

— Sim, querido, ela até comeu pizza. — Sorri fofa enquanto passa por ele, tocando seu ombro brevemente. — Fiquem à vontade.

— Onde vocês vão? — Pergunto indignada.

As duas olham para mim como se estivessem fazendo um favor em me deixarem sozinha com um garoto que mal conheço, ou que sequer quero conhecer, e eu assisto a cena perplexa. Elas pedem que Luke fique a vontade e qualquer coisa grite, oferecendo bebidas para ele. Tudo faz com que eu me sinta traída por minha família.

— Pode ir com elas. — Abano minha mão em direção a porta.

— Mas eu vim te ver — Ele sorri e eu reviro os olhos.

— O que você quer, Hemmings?

Ele se aproxima mais do sofá e senta aos meus pés, apenas com metade da bunda apoiada nele. Fico observando, torcendo para que ele se desequilibre e caia, mas nada acontece. Ele coloca uma das mãos no bolso e parece bastante confortável onde está, cruzo minhas pernas e tento manter os joelhos longe do corpo dele.

— Saber se você tá bem. — Luke sorri de uma forma tão fofa que me causa náusea.

— Você poderia ter me ligado para saber isso. — Digo com obviedade em meu tom.

Ele dá de ombros.

— Você não teria me atendido.

Não mesmo, penso, mas não transpareço que ele está certo em seus achismos.

— Estou bem, viu? — Abro os braços para que ele tenha uma visão melhor do meu corpo, como se fosse a comprovação para algo. — Pode ir agora.

Abano mais uma vez para a porta, mas ele nem olha na direção, está ocupado demais usando da liberdade que eu dei para analisar todas as partes expostas do meu corpo. Passa pelas minhas pernas cruzadas, minha cintura e braços cobertos pelo pijama e termina em meu rosto, que sinto começar a esquentar.

O analiso de volta e percebo que talvez, agora, ele esteja mais confortável do que antes, mais seguro do que costuma estar.

— Não sou como você, Luke. — Digo e ele me olha com dúvida. — Não preciso que as pessoas fiquem checando como estou, como meus sentimentos estão. Sei protegê-los sozinha, não preciso ser salva.

— Nem eu — ele diz de supetão. — E mesmo assim, eu te deixo entrar na minha casa e gritar comigo sobre quão ruim eu sou e o quanto eu preciso melhorar.

Suas palavras me assustam. Ele não costuma ser do tipo que expõe seus desconfortos, que diz quando não gosta de uma situação. Luke tem um ar de submissão que o acompanha para todos os seus compromissos, mas vir aqui e dizer como se sente em relação a como eu o trato não deveria estar na sua agenda.

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⏰ Última atualização: Feb 04, 2022 ⏰

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