QUATORZE.

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— Podemos seguir o combinado profissional, pelo menos? — Ele me pergunta após pagar a conta, quebrando o silêncio denso que pairou durante o restante do nosso almoço.

— Qual é ele mesmo? — Pergunto sem ânimo.

— Vamos para minha casa e eu te digo o que quiser ouvir.

Sua tentativa de se redimir é patética.

— Decidiu pesquisar o significado da palavra profissional enquanto fui ao banheiro? — Finjo admirá-lo com carinho. — Que fofo!

Ele revira os olhos.

— Noto que já voltou ao humor de sempre. — Dá um sorriso sem dentes. — Tava com saudades.

Me levanto da mesa ignorando o que ele disse.

— O que você tem pra me falar? — Pergunto.

— O que você quer ouvir?

Sinto sua voz tremer. Ele não quer me dizer o que eu quero ouvir, mas está se esforçando para que eu — e ele — acredite nisso.

— Começa me explicando sobre o que você disse mais cedo, que terminou com alguém... — Relembro, cedendo a perguntar sobre o que eu estava verdadeiramente curiosa.

Ele se levanta e caminha ao meu lado até a calçada. Coloca seus óculos escuros quando a luz do sol preenche nossos olhos, deixando fleches brancos até que os meus se adaptem. Quando pede seu carro ao mocinho de boné na porta, vira para mim.

— Eu e Steph terminamos.

Estou surpresa.

— Ah, não! A namorada troféu! — Finjo sentir muito. — O que aconteceu? Você percebeu que o troféu da história na verdade era você, ou... cansou dela te usando?

Ele solta um riso.

— Você é a pior, Eva!

— Espera um minuto. — Sorrio sagaz. — Hoje podia ter sido uma comemoração, por que não me avisou antes?

— Uma comemoração por eu estar solteiro? — Parece mais curioso do que o óbvio.

— Uma comemoração por seus últimos neurônios estarem funcionando. — Bufo. — Está na hora de você arrumar uma mulher decente, ou ficar sozinho pra sempre. Faria bem.

— Pensei que você fosse a maior defensora da minha ex namorada.

Minha mandíbula tensiona ao ouvi-lo. Não sei de onde ele tira essas ideias.

— Eu nunca defendi sua ex namorada.

— Mas me atacou por eu me colocar como vítima da situação.

Pensei que ele tivesse aprendido depois de eu ter gritado na cara dele.

— E você é a vítima da situação? — Pergunto, levantando uma das minhas sobrancelhas.

Espero que ele entenda que estou sugerindo a resposta.

— Não vamos discutir isso aqui. — Suspira e alonga o corpo.

— Você falou que ia me dizer tudo o que eu quisesse ouvir. — Lembro.

— Quando estivéssemos na minha casa. — Rebate.

— Espero que o seu carro seja confortável, então. — Sorrio.



Ser carismática com Luke é exaustivo, mas sei que é assim que vou tirar as informações que preciso dele. Tratá-lo com hostilidade no máximo nos levará a uma discussão como a última e eu não tenho mais tempo para perder com isso. Fiz ótimos avanços com os outros garotos em suas entrevistas sozinhos e preciso fazer com Luke também, principalmente agora com Hanna falando sobre mandar o documentário para os cinemas.

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