NOVE.

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— Depois disso eu só me lembro de me embriagar na rua, fazendo jus ao estilo "Eva do Ensino Médio". — Relembro as tragédias do último ano em uma única citação. — E de acordar ao lado de Megan no dia seguinte, na minha cama.

Josh permanece em silêncio por alguns minutos torturantes, balbucia um sinto muito e volta a encarar o painel do carro, depois as luzes da cidade e, enfim, os meus olhos, que devem estar vermelhos. Eu pagaria para ele me deixar fumar agora, e quando ele mantém o silêncio, sustentando meu olhar, eu ignoro todas as possíveis broncas que vou levar. Abro a porta e entro em contato com o vento gelado.

Me apoio de costas na mesma porta que fechei e tiro o cigarro eletrônico do bolso, trago sem demora. Logo ouço a porta do motorista ser batida, pedrinhas serem pisadas no solo por pés firmes em passos rápidos, ele para a pouco mais de um metro de distância de mim.

— Você não me respeita, né, Eva? — Sei que seu tom não está duro, mas o que ele está dizendo não é tão brincadeira quanto parece.

— Estou no meu direito de fumar. — Digo.

Ele respira fundo antes de dizer:

— Os caras foram uns babacas, Evie, eu daria um soco neles se pudesse, mas... — Ele hesita. — Já que você está no seu direito de fumar, eu estou no meu direito de perguntar, — quando ele começa a dizer, me tremo internamente com o que pode estar por vir. Josh costuma ser cuidadoso com as palavras e os sentimentos, mas não acho que esse seja o plano dele agora, não depois de eu desrespeitar ele e fumar ao seu lado. — Você tá brava porque de fato o cara é um babaca desde o início, ou porque ele não quer entrar no seu jogo?

— Entrar no meu jogo? — Não entendo muito bem o que ele está dizendo.

Meu coração está acelerado, pulsando em meu peito de forma que faz meu corpo inteiro tremer, muito além da brisa gélida que toca as poucas partes expostas da minha pele. Quando a fumaça branca sai por entre meus lábios, parece que está saindo um pouco dos meus sentimentos também. Aqueles que eu tranquei em um lugar profundo antes de entrar num avião para cá.

— Não se faça de boba, Evie... — Eu odeio quando ele usa o tom sarcástico. — Você quer mesmo que ele limpe a própria imagem, se esforce pelo bem dos amigos e faça a banda ter um final feliz, ou você só quer se vingar de toda a merda que ele já fez pra você?

Josh Walkers, eu te odeio.

— Eu te conheço, senhorita Eva, você provavelmente só quer ver o cara dependendo de você para se salvar, quer ver ele pedindo por favor pra você produzir um roteiro bom. E o que te irrita é que ele não quer ser salvo.

Na minha cara está estampada a resposta que ele precisa para rir de mim.

— Você é louca, Scodelario, mas não em excesso.

★★★

Uma das coisas que eu mais odeio, é quando as pessoas começam a apontar meus traços de personalidade, principalmente quando é feito para me criticar, como Josh fez ontem durante todo o final da noite e início da madrugada. Me chamou de cabeça dura de umas oito formas diferentes, e tentou me convencer de ceder um pouco para os garotos com quem estou trabalhando, principalmente Luke — mesmo depois do que o contei. E, "me vencendo no meu próprio jogo", ele disse que uma boa vingança só acontece quando eu mantenho meus inimigos mais próximos.

O que não sai da minha cabeça, é a fala dele sobre o que me irrita ou não no vocalista, e, devo dar o braço a torcer, o fato dele não estar se esforçando nem um pouco pela melhora, é o que mais me tira do sério.

Nesse exato momento, enquanto Ashton tagarela do meu lado direito sobre seus empregos da adolescência e eu finjo que aquilo é realmente importante para o roteiro, Luke, o homem que deveria estar aqui desenvolvendo a própria defesa, está jogando água na namorada e tentando convencê-la de entrar na água aquecida da piscina de Calum.

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