Eu simplesmente não sei explicar. O que aconteceu. Ainda não consigo entender como tudo pôde acontecer tão rápido. E no fundo da minha mente eu consigo escutar seus gritos desesperados me chamando e me corrói.{...}
Meu coração batia tão rápido quanto o de uma presa prestes a ser apanhada. Enquanto andávamos todos retos em fila, de cabeças baixas, eu não podia deixar de pensar em como Phoebe estava. Se estava machucada. As pessoas desse lado da cidade é algo completamente novo pra mim, quando fugi desse lugar esse quadrante era ocupado apenas por prédios antigos onde guardavam tralhas como restos de materiais de construção, peças antigas de máquinas. Eu costumava a vir aqui para mexer nas tralhas e brincar, fingia que era meu escritório particular!
As pessoas pareciam furiosas, elas gritavam e xingavam várias pessoas que passavam perto da barreira que separava-nos do lado novo e moderno da cidadela, ou como eu costumava chamar de lar. Tinham guardas protegendo elas, é claro! Quem são eles para não proteger os ricos que financiaram tudo isso em primeiro lugar? Desse lado da cidade, o que importava era seu tipo sanguíneo e só. Nada importava desse lado do muro.
Não posso impedir meus olhos de xeretar o lugar inteiro. Até mesmo as pessoas e seus rostos, ou costas já que estavam viradas para a cerca de concreto gigante que separava os dois distritos. Eu gostava de ver as pessoas bravas, protestando. Era sinal de que estavam se fazendo presentes! Algo em seus gritos raivosos fazia meu coração se apertar pois eu sabia que elas não iam abaixar a guarda! A luta era bem maior que eu, Newt ou qualquer um de nosso grupo. A luta era também de todas essas pessoas protestando aqui, e passando fome do lado de fora.
-Katherine olhe para a frente!- ouço Alexander dizer atrás de mim quase em um sussurro
Porém era tarde, a voz dele ecoou pela minha cabeça por uns segundos, sumindo logo depois. Dentro todas as pessoas e rostos na multidão, pude reconhecer uma delas lá na frente. Era ele. O rosto que habitava meus pesadelos e partes mais sombrias dentro de mim. Eu nem percebi quando minhas pernas mudaram o curso, honestamente.
Meu sangue era frio igual gelo, sentia meu coração bater fortemente e devagar em meu peito, como se estivesse cansado. As minhas mãos tremiam de uma forma nervosa e intensa. Sinto o leve gosto de sangue, provavelmente pelo fato de eu estar praticamente comendo meu lábio inferior. As lágrimas pareciam estar presas em meus olhos e minha garganta doía.
Ver seu rosto me dava nojo e ânsia. Me trazia de volta memórias terríveis que tinha guardado a sete chaves. Seu sorriso olhando as pessoas do outro lado do muro era como se caçoasse de cada uma delas. Sentia as pessoas esbarrarem em mim, enquanto entrava no meio delas. Não sabia o porque estava fazendo isso. Era como se meu corpo não obedecesse, como se eu estivesse sendo puxada.
Ele apenas virou as costas e saiu, entrando na cidade novamente. Sinto como se pudesse respirar novamente. Algumas lágrimas escorriam por minhas bochechas rapidamente, sentia como se elas machucassem. A raiva me consumiu logo depois, ela parecia corroer e destruir todos os meus órgãos!
Eu preciso ir atrás dele! Preciso matar aquele filho da puta!
E num ato estúpido continuo andando por dentro da multidão de corpos nervosos em passos pequenos porém firmes. Nada mais passava na minha cabeça, além do fato de que eu precisava ir atrás dele, talvez para perguntar porque tinha feito aquilo comigo! Ou apenas para socar a cara dele até seu último suspiro!
Foi apenas quando cheguei á frente de todas aquelas pessoas que percebi a grande besteira que tinha feito. Apenas quando vi os guardas se entreolhando, virem em minha direção e me cercarem. Apenas quando ouvi gritos desesperados por dentre tantos outros raivosos. Sua voz soava como uma súplica, o que fazia meu coração se partir.
Eu tinha certeza de que não podia olhar para trás, para onde ele estava. Para onde todos eles estavam. Não podia estragar o plano. Ele ia continuar com ou sem mim, foi o que eu tinha pedido a Alex.
E então os guardas me cercaram por completo. Alguns tinham lenços verdes envoltos em seus braços, pelo o que pude notar. Depois injetaram um líquido em meu pescoço. O que me fez apagar na mesma hora.
N o w
A última coisa que me lembro ontem antes de apagar foi sua voz implorando para vir atrás de mim.
Tinha acordado á alguns minutos atrás no meu antigo quarto. No meu antigo prédio. Eu reconheceria essas paredes sem graças em qualquer lugar! O lugar continua exatamente igual. Uma cama de solteiro no centro do quarto, onde eu estava sentada no momento. Uma estante onde tinham meus antigos brinquedos e alguns livros. Continha também um banheiro no canto logo ao lado da parede em que a estante ficava. Também tinha a parte da janela, que ocupava uma parede por completo. Era toda de vidro, com a vista para a cidade e os prédios. Quando paro pra pensar agora é loucura ter uma janela inteira de vidro num quarto de criança! Meu passatempo predileto era olhar todas as pessoas lá em baixo, passeando. Andando despreocupadas, em suas roupas chiques. O mais assustador desse quarto por mais estranho que pareça não é a parede/janela de vidro e sim o fato que o quarto inteiro era todo branco. Os lençóis eram brancos, a cama, a estante, a porta do banheiro e até o piso! Qual maníaco faria isso com uma criança?
Volto meu olhar para uma pequena mancha azul e marrom no canto da parede de frente para a cama. Tinha feito ela com pasta de dente e terra quando era pequena, era o meu detalhe favorito do quarto todo. Essa parte colorida me deixava feliz, quando meu pai brigava comigo e eu voltava chorando para o quarto, me deixava esperançosa de que dias melhores viriam, para algumas pessoas isso pode parecer idiota mas para uma criança isso era tudo! Sorrio fraco encarando a manchinha azul amarronzada.
Óbvio que não tinha mais mochila em minhas costas, muito menos uma arma! Tinham confiscado tudo, menos meu elástico preto. Solto meu cabelo, os penteando com as mãos e o enrolo em meu pulso logo depois. Passo meu dedo em volta do mesmo apenas uma vez.
-Por favor esteja bem.- sussurro para mim mesma enquanto olho pela janela, para o prédio da frente onde o reflexo do nascer do sol batia, deixando meu quarto em um tom alaranjado.
Ouço as engrenagens da porta funcionarem, o que faz meu coração errar as batidas e não de uma forma positiva. Logo a peça de metal abre e uma silhueta entra no recinto. Ele vestia um terno amassado todo preto, assim como os sapatos. O que ressaltava sua barba e cabelos brancos. Seu paletó estava aberto de forma relaxada. Não pude deixar de notar que havia envelhecido ainda mais! Tinha algumas rugas novas em seu rosto. Ele não parecia um velho gaga, parecia um homem envelhecido se é que isso faz sentido. A porta se fecha atrás dele e ele sorri fraco.
-Olá minha menininha!- ele diz, sua voz soa como aqueles mosquitos irritantes em minhas orelhas. Respiro fundo antes de responder
-Olá, pai...-
——————— —W.C.K.D—————-
Hello babesEspero que estejam gostando! Perdoem qualquer erro.
Próximo vai ter uns flashbacks significativos talvez... quem sabe!Até o próximo, beijos e se cuidem!
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The New World
ActionJá pararam pra pensar em como seria o mundo após o terceiro filme de Maze Runner? E se Newt tivesse sobrevivido e tivesse uma chance de reconstruir sua vida? "Bem vindos ao mundo pós C.R.U.E.L! Já aviso de antemão, é uma p0*#¥! Alguns realmente for...