The New World

Alarm

Katherine:

Após minha conversa com Jorge cheia de choros e mais choros, deixo ele descansar e aproveitar a companhia de Brenda.

Eu não fazia ideia que a infecção já estava tão avançada até levantar minha blusa na enfermaria, algumas horas atrás. Ver minhas costelas predominadas por uma cor preta feia me trouxe uma sensação terrível. Era como se meu tempo se encurtasse a cada veia comprometida.
Me trouxe também medo, de contar para todos! Mas principalmente à Newt. Não sabia qual seria sua reação e isso me apertava o coração.

Saber que eu serei o motivo da dor de outras pessoas me deixa angustiada! Talvez seja por isso que eu esteja atrasando tanto o assunto.

Meus passos pelo corredor vasto faziam um leve barulho, a sola de meus sapatos batendo no chão cimentado traziam um eco solitário pro recinto. Começo a descer as escadas até o térreo rapidamente, à procura de algo para comer. Finalmente meu apetite tinha aberto novamente, só restava saber se era de comida ou pessoas.

Ok! Piada de mau gosto!

Começo a apertar as mangas da minha blusa entre os dedos ao chegar no térreo, no grande galpão onde se faziam as refeições. Varro o local procurando alguém de nosso grupo, alguém familiar para que eu possa conversar porém não consigo achar ninguém.

Engulo em seco e começo a andar em direção à mesa onde ficavam as comidas, pego um sanduíche e uma garrafa de água de cima da mesma e procuro uma mesa para me sentar. Noto que haviam várias mesas novas e muitas pessoas a mais no local, já que tinham chegado muitos refugiados da cidadela. O que me deixava sem muita opção para me acomodar. Dou de ombros e caminho até a parede na extremidade do galpão, me sento no chão mesmo, encostada na parede e começo a desfazer o embrulho do meu sanduíche.

Cruzo as pernas e dou a primeira mordida no pão, que continha algum tipo de patê diferente que não consegui identificar. Fico observando as pessoas presentes no local, algumas continham machucados no rosto, talas, faixas e curativos de todos os tipos. Um grupinho de pessoas sentado a poucos metros de mim conversavam animadamente, pareciam felizes.
Na verdade o clima hoje estava mais animado, as pessoas pareciam estar aliviadas.
Haviam até pessoas dançando e cantando num canto.
O clima era de comemoração. Mas porque eu não sinto que acabou de fato?

O sentimento dentro de mim era de confusão. Me sentia extasiada, eu tinha a sensação de que algo acabaria errado! Não faço ideia da onde isso estava vindo, mas simplesmente sabia que não era o fim daquela montanha russa de desgraças!

Sinto algumas gotas de suor escorrendo por minha testa e encaro meu lanche mordido pela metade, perdendo a apetite no mesmo instante.
Deixo o sanduíche de lado e limpo algumas gotas de suor com a manga da blusa.

Sentindo minha cabeça rodar e meu sangue ferver. E novamente uma irritação toma conta de mim, eu poderia simplesmente surtar!
As vozes das pessoas ao meu redor ecoavam na minha cabeça como uma música chiclete, suas risadas altas pareciam ter o triplo de volume em minha mente! Era ensurdecedor!

Tento controlar minha respiração descompassada fechando os olhos e encostando minha cabeça na parede. Meu corpo parecia estar à beira de um colapso! Travo minha mandíbula ao sentir uma pontada dolorida em minha cintura, no local onde tinha sido picada.

Céus como dói! Alguém faz isso parar!

Mais risadas invadem meus ouvidos como um soco, trazendo uma dor insuportável para minha cabeça e meus neurônios. Fecho meus punhos, apertando ainda mais meus olhos em puro desespero.

Eu preciso contar pra alguém! Né?

-Você é louco Erick!- alguém diz, trazendo mais ecos para minha mente