04° Capítulo. As vezes no silêncio da noite.

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04° Capítulo.

As vezes no silêncio da noite.

Daniel.

Eu sabia que ela suspeitava de mim, mas naquela altura do campeonato eu torcia para que ela descobrisse, não tinha coragem para abrir mão sozinho do que tínhamos e, nem coragem para terminar o que eu tinha com Belinda, passei a ser menos cuidadoso, menos carinhoso e mais distante, eu pensava que seria melhor, pensava..., mas tudo o que eu tinha como certeza desmoronou ao ver que eu tinha jogado algo muito precioso fora, agora era tarde demais.

Nunca vou me esquecer a expressão de nojo quando ela me pegou saindo daquele hotel de mãos dadas com Belinda , era como se minha alma estivesse saindo do meu corpo, eu não tive forças para ir atrás dela, fiquei no hotel e mandei Belinda para casa, fazia muito tempo que eu não chorava como chorei naquela noite, quando eu cheguei em casa no outro dia esperando palavras duras, gritos e talvez um vaso na cabeça, eu apenas achei uma carta com as chaves da nossa casa, ela tinha me deixado, sem DR ou cobranças como ela tinha feito nos últimos meses, na carta ela disse que eu finalmente estava livre e que ela tinha entendido o recado, que não queria nada de mim, por um lado eu sentia uma sensação de alivio, finalmente não existia mais segredos, mas por outro lado eu não sabia quem eu era sem ela.

Quando eu conheci Belinda no escritório achei ela muito extrovertida, linda, sempre elegante e comunicativa, conversávamos bastante e ela sabia sobre como era difícil minha rotina de trabalho, fora viagens, jantares, meses juntos como amigos até que um dia não éramos apenas amigos tomando um café após o trabalho em uma cidade distante, olhares se tornaram toques furtivos, toques se tornaram carinhos e depois éramos novamente adolescentes trocando beijos em qualquer lugar escuro, ela me mandava mensagens, trazia comida, tínhamos piadas internas, eu estava apaixonado, toda a vez que estávamos juntos eu esquecia a mulher que sempre esteve ao meu lado, quando eu chegava em casa eu via Katharine dormindo segurando um livro, musica tocando e, eu colocava as mãos na cabeça e eu me perguntava " O que diabos estou fazendo"... uma vez ela me encurralou em uma conversa me perguntando coisas contundentes, ali era chance de salvar nosso casamento, mas como um covarde só ouvi suas perguntas calado... "O que eu fiz para você estar tão frio?" "Eu não sou mais bonita?" "Você não me ama mais?" "Quer conversar sobre o que está te incomodando tanto?" e eu pensava... "Eu sou um idiota e, não te mereço."

Os dias naquela casa foram longos e frios, seu lado da cama estava perdendo o cheiro que somente ela tinha, mas era isso que eu queria certo? Eu estava apaixonado por outra, eu tinha que estar feliz, então empacotei tudo o que era de Kate até o ultimo alfinete e mandei para Julia, eu tinha mudado muito e não conseguia mais fazer Katharine feliz e, não estava mais feliz no casamento... certo? Belinda foi morar comigo, com o passar dos dias tudo na minha vida tinha sido mudado por ela, o que eu comia, os moveis, meu coxão, qualquer lembrança que Kate tinha deixado nas paredes daquela casa tinha sido apagado pela tinta pastel. Tudo o que tínhamos que resolver era feito por nossos advogados, Katharine não complicou muito e Thiago meu advogado achou até engraçado o fato da esposa que pegou o marido em flagrante não querer se vingar tirando até as calças do marido, respondi simplesmente que " Kate não é esse tipo de pessoa" ela era o tipo que engole, que guarda até explodir, depois perdoa e esquece, ela não guarda maus sentimentos, não fazia fofocas de ninguém, ajudava qualquer um sem olhar a quem, eu a amava por isso, graças a ela eu podia estudar, eu estou onde estou graças a ela... grande jeito de pagar minha dívida certo?

No dia da audiência ela tinha um olhar distante, frio como jamais foi, no meio do processo pude ver claramente o momento em que seu coração se partiu de vez, seu rosto que sempre esteve corado tinha perdido a cor, ela me olhou somente uma vez e foi o bastante para partir algo em mim também, mas a voz na minha cabeça me dizia que ela me atrasava, meus novos amigos indiretamente diziam que por causa dela eu tinha que ser sempre o homem certinho, que por causa dela eu nunca poderia ser mais do que eu nasce para ser... tomei isso como uma verdade, motivo fraco e covarde, mas me apeguei ao que tinha me restado para me convencer que era o certo, Belinda me esperava no fim do corredor, eu tinha apenas que me manter firme e assinar aqueles papeis e enfim tudo teria acabado.

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