11°Capítulo. Take your time.

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11° Capítulo.

Take your time.


–Às vezes eu passava dias acordada e, ele estava bem ali ao meu lado, passava horas de olhos fechados apenas deitada e exausta, mas o sono simplesmente não vinha, então quando eu não aquentava mais eu levantava e me sentava na sala próxima ou jardim de inverno com uma xicara de café vendo os pássaros passarem pela claraboia da sala, era a única forma de me dar um pouco de paz, eu amava o silêncio da nossa casa quando nos casamos, mas esse silêncio foi ficando cada vez mais alto, mas assustador... –Olhando para a minha xícara de chá descrevo a discrepância de estado de espirito que tenho hoje. –Eu não posso explicar o quanto é diferente hoje, eu acordo e tenho o amor da minha vida meu lado, é tão fofo quando ele enrola o dedo no meu cabelo para se ninar, mesmo grande ele ainda parece um bebê... e mesmo com barulho, a ausência do silêncio na minha casa torna todo o barulho dentro de mim quieto e silencioso.

–E o que você percebe dessa situação, seus momentos sombrios vem do seu marido que pressionava demais você para ser o que ele precisava ou de não ser mãe? –Olhando para ele eu não sei como responder propriamente.

–Eu não sei, eu nunca fui uma pessoa frágil, desde sempre tive que blindar meus sentimentos e nunca tentar analisar muito, por ser disléxica sempre me cobrei muito para não deixar palavras maliciosas me machucarem, as pessoas que não entendem geralmente são ignorantes e elas não tem culpa do que dizem e, outras pessoas  são apenas  pequenas demais para valer apena qualquer correção. –Eu não sei como saiu essas coisas sobre minha juventude, não queria chegar a essa época ainda.

–Quem seria as "pessoas ignorantes" e as "pessoas pequenas"? –Sua postura mudou completamente, está levemente inclinado para frente, olhando profundamente para mim. –Não se sente preparada para falar sobre isso? 

–Não... faz alguns anos que tive que lidar com isso, é um ponto bem sensível e eu nunca consegui lidar com isso em seção com a minha outra terapeuta. –É uma questão que eu empurro para o fundo junto com muita magoa e ressentimento.

–Então vamos falar sobre seu novo relacionamento, como tem sido? Tem duas seções que você evita falar sobre ele, porque? –Ele gosta de ir bem nos meus medos e me puxar do meu esconderijo e me por de frente para eles.

–Ele tem sido tão... não sei, não quero dizer perfeito e não quero colocar ele nesse pedestal, mas ele é tão diferente, as vezes me sinto uma esquizofrênica, inventando um homem que é tão diferente do que eu estou acostumada, ele passa os dias comigo e com nossos filhos fazendo coisas como o dever de casa, ou brincando na praia, ele cozinha e faz as compras da casa mesmo depois de um plantão de 48 horas, ele canta tão mal que espanta até os gatos quando está lavando louça... mas é tão bonito ver Lucia e o Rafael secando e guardando os prato cantando em plenos pulmões junto com ele. –Eu tento colocar um pouco o turbilhão de sentimento que eu estou sentindo, é uma confusão toda a vez que eu olho nos olhos castanhos e tão doces. –Ele me deu o celular dele essa semana para estalar um aplicativo e ele tocou, quando eu ia devolver, ele me mandou atender e ver quem era... Isso nunca aconteceu comigo antes!

–Estar com alguém que confia em você ou está com um homem que foi muito bem criado e, que compre com as atividades domesticas? –Eu posso sentir uma pitada cômica na sua voz. –É muito bom que não queira colocá-lo em um pedestal, ele é um ser humano assim com você e é cheio de falhas, mas não tem que se sentir tão aterrorizada, o que acaba de me descrever é como deveria ser uma relação saudável, dar e receber, dever e responsabilidade.

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