13°Capítulo. Segure minha mão.

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13° Capítulo.

Segure minha mão.


–Diga-me mais sobre como era sua relação com a sua família, seus pais eram rígidos ou eram mais de deixar você tomar suas escolhas? –Greg tinha cortado os cabelos e estava um pouco mais formal, roubas formais apesar do calor que tem feito nos últimos dias, mas o sorriso e a voz dócil ainda eram a mesma.

–Meu pai era rígido, mas não intolerante... era do tipo que pedia disciplina e respeito acima de tudo, se eu escolhia fazer alguma coisa, eu tinha que me dedicar seriamente aquilo, eu deveria sempre buscar mérito. –Ele escreveu em seu caderno enquanto eu falava. –Eu sempre me sentia muito feliz quando ele se orgulhava de mim quando eu tinha sucesso em algo que eu me dedicava, quando passei no vestibular com bolsa integral ele chorou por mim... minha mãe era uma alma doce e pacifica, amava livros e era uma pessoa de muita fé, gostava de coisas antigas e amava fazer trabalhos manuais, costurava as próprias roupas, eles raramente brigavam por alguma coisa, mas se amavam tanto que dava para sentir mesmo quando eles estavam em silêncio.

–Você acredita que todo amor tinha que ser como o deles? –Ele segurava seu queixo com uma das mãos, pernas cruzadas e as costas apoiadas na cadeira.

–Eu honestamente no momento não sei, achei que ser uma boa esposa tornava o homem automaticamente um bom marido, dizem que todos os homens são iguais..., mas eu não acredito nisso, se não todos eles seriam como o meu pai. –Deito no seu sofá enrolando com os meus dedos os cabelos recém cortados, eu pintei para ficar mais claros, uma paleta mel e caramelo. –Eu acreditei que o amor tinha que ser como nos livros de romance da minha mãe, como os dos meus pais..., mas essa irrealidade me custou tanto esforço, tanto de mim e da minha personalidade.

–É sempre exaustivo se podar para se encaixar nas preferencias dos outros quando a outra parte não faz o mesmo por nós, quando dizem que não se deve mudar por alguém, geralmente eu descordo, como havia dito a você a um tempo acredito em dar e receber, existem coisas que podemos abrir mão para o bem do relacionamento, como por exemplo... não deixar a toalha em cima da cama, ou lavar os pratos quando o parceiro chega cansado do trabalho, não ir ao jogo com os amigos para ir ao cinema, mas no seu caso foi se anular completamente, não existia reciprocidade de seu antigo parceiro o que a sobrecarregava e, você alimentava suas esperanças na imagem de perfeição que tinha da sua família. –Ele me despiu, era exatamente assim que eu agia, queria um casamento como o dos meus pais. –Pelo que me contou do Daniel, ele veio de um lar desfeito, o que tornou ele forte, disciplinado e um pouco obcecado por dinheiro e status, um homem inflexível que não está acostumado em ceder, não era responsabilidade sua muda-lo, não era sua responsabilidade fazer dele um marido.

–Agora eu sei disso, agora eu sei que essas coisas não dependem de mim, mas isso não muda o fato de ser impossível não se sentir tentada a não fazer, mas o engraçado dessa situação é que com o Felipe eu não sinto essa ansiedade, ele é um homem... quando me casei era uma menina morando com o menino. –Suspiro lembrando dessa época em que uma casa pequena, quarto e cozinha era tudo o que tínhamos e éramos felizes, as vezes não dava tempo de cozinhar e comíamos miojo sentados no chão da sala, eu corrigia atividades das crianças que eu dava aula e ele estudava para as provas da pós-graduação dele. –Eu era feliz por que era uma menina... ou era feliz porque éramos nos mesmos? Quando foi que eu perdi aquela felicidade?

–Pergunta interessante, mas isso importa realmente?! Saber onde tudo o que viveram morreu? Como isso muda o que está vivendo agora... –Posso sentir o tom profundo em sua voz, ele quer que eu descubra se eu ainda amo Daniel, ou se apenas sinto saudade de uma época que não volta mais.

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