07°Capítulo.
Traidor
Onze meses atrás...
Ainda é apenas cinco horas da manhã de sábado, a chuva cai do lado de fora e eu continuo a olha-la pela janela, o sol não apareceu ainda mais não está tão escuro como antes, vejo os faróis do carro estacionar no andar abaixo, ouço a porta abrir, os passos pela casa e eu me deito na cama e finjo dormir, ele não acende as luzes do quarto quando entra e anda pelo quarto, abre o armário, revira as roupas, pega algumas coisas e entra no banheiro, além da chuva forte e constante eu ouço o chuveiro por alguns minutos, depois somente o silêncio.
Ele se deita ao meu lado, distante novamente como tem feito constantemente ultimamente, sinto o frio do corpo dele mesmo não estando colado em mim, ele se movimenta buscando uma posição até que ele para. –Eu sinto muito... –Ele diz como um desabafo, as vezes ele faz isso.
As dez da manhã o café está pronto, mas somente eu estou a mesa, o café está frio na caneca cheia e eu tomava coragem para colocar alguma coisa no estomago, ele se senta ao meu lado. –Diga-me... onde esteve ontem?
–Porque quer saber? –Ele toma o café e não me olha nos olhos, suas palavras frias já não me afetam tanto quanto nas primeiras vezes. –Mas só para não criar drama, eu passei a noite no escritório, tínhamos um prazo curto para entrar com um recurso, quando terminamos já era muito tarde por isso não liguei.
–Eu... –Não deu, as palavras simplesmente não saem, eu sei que é mentira, liguei para o escritório ontem e o segurança me disse que teve um vazamento de gás no prédio e evacuaram tudo. –Você deveria dormir mais um pouco então.
–Não, hoje nós temos uma festa no clube social, os Gouvêia vivem me lembrando desse negócio o tempo inteiro. – Ele come tranquilamente, mexe no celular, olha pela janela, mas não olha no meu rosto.
Silêncio, do café da manhã até a hora de irmos ao clube foi puro silêncio, eu tinha feito uma trança nos longos cabelos, coloquei um vestido azul de poá que marcava bem a minha cintura, ele me olhou e não disse nada quando entramos no carro, seguimos sem falar nada e a cada minuto o nó na minha garganta ainda ficava maior, e a pressão na minha cabeça também.
Na festa eu estava entediada, eu sorria e dava seguimentos as conversas vazias de senhoras enfadonhas e fúteis sobre o final de semana em Noronha ou na fazenda no interior, ouvia falar dos escândalos de maridos traidores e secretarias ou empregadas despedidas, eu as via nos cantos com copos de coquetéis fingindo não ter um par de chifres em suas cabeças assim como eu finjo não ter na minha. É muita hipocrisia junta e, eu compactuo com esse tipo de comportamento unicamente por não querer ser o alvo dessas mulheres.
No meio da tarde, depois de não aquentar mais aquele ambiente me junto ao meu marido que está na roda de homens, eles riem e falam alto sobre futebol, negócios, política e sobre nós suas mulheres. –Olá senhores!
–Olha só se não é a mais bonita do grupo de bruxas. –Diz Luiz da Costa, o único solteiro do grupo, ele declara abertamente sua "alergia" a compromisso, muitas mulheres aqui tem uma relação... "Próxima" a ele, as divorciadas costumam frequentar sua casa, apesar da sua reputação ele era o menos odiável daquela gente. –Se bem que nossa adorável Kate é mais uma fada que uma bruxa.
–Bem, nosso amigo aqui de fato tem muita sorte, minha mulher vive tendo crises de ciúmes e checando meu celular. –Cristian Dantas o meu vizinho, marido de Sheila a mulher mais enervante que eu já conheço disse olhando a mulher de longe fofocando com as outras senhoras. –Minha mulher sempre diz que a paciência de Katharine é um exemplo.
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Minha sorte é você.
RomansaKatharine sempre colocou o casamento em primeiro lugar em sua vida, mas descobriu que ser a esposa perfeita não impediu seu marido Daniel de traí-la, que mesmo declarando amor eterno não era garantia fidelidade, depois de um divórcio traumático, ela...