08° Capítulo. Trevo de quatro folhas.

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08° Capítulo.

Trevo de quatro folhas.


As crianças corriam ao redor da fogueira segurando o canudo de papel que acendia brilhando, os músicos tocavam Gonzaga e, eu olhava as crianças brincando e dançando jogando estalinho com as outras, sinto braços fortes em volta de mim, eu olho para cima e Felipe beija a minha testa. –Será que poderíamos conversar agora? Os meninos estão bem com Julia e minha mãe, já avisei a elas que iriamos falar.

–Claro... é algo grave? –Eu realmente estava meio preocupada com o rosto de preocupado que ele estava fazendo.

–Talvez um pouco, vem... –Ele segura minha mão e me guia até um lugar calmo, era uma pequena praça com bancos de metal, foi reformada recentemente e alguns bancos ainda se podia sentir o cheiro da tinta, nos sentamos e ele me conchegou mais a ele passando seu braço ao redor dos meus ombros. –Linda, tenho notado seu esforço para parecer bem, seus sorrisos pela metade e sua fadiga...

–Eu não... –Ele me abraça antes que eu possa mentir, eu tento falar, mas eu estava tão cansada de fingir normalidade, felicidade... –Eu quero ser feliz, Rafael não merece alguém assim, ele passou por muita coisa.

–Você está doente querida, estar doente não faz de você uma pessoa ruim, não faz você menos apita a cuidar do seu filho, reconhecer que não consegue sozinha é força, não fraqueza, deixa eu te ajudar... conversa comigo e nós vamos todos ajudar você a ficar bem novamente. –Ele afaga minhas costas. –Pode chorar o quanto quiser.

–Eu tenho me esforçado tanto, achei que se eu fingisse estar bem eu ficaria de verdade. –Entre soluços e um nariz lambicando eu tentei falar, ele me puxou mais para perto e nem notei que estava sentada no seu colo com a cabeça enterrada em seu pescoço, me sentia uma criança novamente.

Aquele foi o melhor abraço que eu recebi em muitos anos, ficamos ali de forma confortável, eu sentia a respiração dele e seu calor naquela noite fria de inverno, a música junina ao longe e as vozes das pessoas na rua, ele começou a rir beijando a minha cabeça, eu olhei para ele sem entender. –Briguei com o seu ex-marido, dei um soco nele... desculpe. –Disse e voltou a rir, ele ria tanto que eu acabei rindo também.

–Você bateu no meu ex-marido? Porque? –Ele me olhou para mim e ajeitou meu cabelo, afagou meu rosto.

–Ele é um homem egoísta, me contou que você fazia terapia e teve a coragem de terminar tudo de um jeito feio, quando eu disse a ele que deveria pensar em sua saúde mental antes de pensar em vir aqui, ele disse que precisava te ver, fiquei muito irritado e não me contive. –Me beijou na testa e, colou a minha na dele. –Eu não sei porque isso me irritou tanto, não sei porque o fato de você estar perto dele me deixou tão assim. –Dessa vez foi ele que enterrou o rosto no meu pescoço, afaguei seu cabelo.

–Eu não sei também porque o fato de você ter batido no Daniel me faz tão bem... –E rimos juntos, sua respiração quente no meu pescoço faz meu corpo arrepiar.

–Acho que está na hora de voltarmos para as nossas crianças. –Ele afaga minha coxa onde sua mão está pousada, quando deixo seu colo ele pega a minha mão e vamos andando. –Estive pensando se não quer conhecer a minha analista, ela é muito boa e talvez seja bom conversar com alguém que vai saber como te orientar, ou para apenas desabafar com alguém que não esteja envolvida emocionalmente.

–Eu... quero sim, eu quero estar saudável para cuidar bem do meu menino. –Morta de vergonha acompanho aquele homem enorme pelas ruas me sentindo uma adolescente.

Minha sorte é você.Onde histórias criam vida. Descubra agora