Minha sorte é você.

10° Capítulo. Paixão não é amor.

10° Capítulo.

Paixão não é amor.

Eu não entendi quando os dois homens da mesa saíram rapidamente, estava com muita fome e as crianças também, Julia não parava de falar como estava pirando com as senhoras do condomínio, que elas não tinham outro assunto além de um caso escandaloso entre vizinhos, parece que o assunto do meu divórcio finalmente virou assunto velho entre elas, no aniversário de Charlote foi uma situação super chata de todos perguntando como eu estava superando tudo, se eu já estava saindo com alguém, ou se ia tentar reatar a relação, foram meses realmente desgastantes. Enfim, quando Bernardo voltou estava com uma expressão preocupada e pegou a carteira e deixou o cartão e as chaves de casa com ela. –Bê? Aconteceu alguma coisa?

–Não vou mentir para você Katharine, o Daniel está aqui junto com alguns funcionários lá da firma, acabei esquecendo que estariam aqui hoje, eu acho que ele teve uma queda de pressão ou algo parecido, vou lá avisar a Belinda e depois levar eles para casa, depois eu volto de Uber. –Eu tenho um susto quando ele diz que Daniel passou mal, quase me levanto da cadeira, mas quando o nome de Belinda é citado... –Eu o deixei aos cuidados do Felipe, então pode ficar tranquila.

–Amor... ele está tão mal assim? Precisa até que você os leve? –Julia não precisa disfarçar preocupação, mas eu tenho que engolir esse sentimento vergonhoso de angustia, é impossível não me importar com o homem que passei anos convivendo, dividindo uma vida "feliz", me sinto doente. –Amiga...

–Eu não tenho... –Eu não tenho saco para isso, eu não tenho psicológico para lidar com isso, eu estou refazendo a minha vida, não quero ter que me preocupar com alguém que não se preocupava com meus sentimentos. –Eu estou bem, ele tem a esposa e Felipe já deu uma olhada nele.

–Mas... –Bernardo segura sua mão, posso ver a mensagem que trocam apenas com um olhar. –Vai lá amor, vamos comendo aqui, me mantenha informada, ele sorri para mim antes de beijar os lábios dela e depois vai até a outra mesa.

Eu olho para as crianças para não ter que olhar para as outras pessoas, não quero olhar para ele, não quero sentir o que estou sentindo agora, sinto a mão forte de Felipe no meu ombro e olho para o seu rosto. –Ele teve uma crise, não sei se foi pressão ou labirintite como ele disse, Bernardo já está levando-os.

–Ele nunca teve labirintite, mas já teve crises de pânico antes de se formar na faculdade, mas com o tempo parou de ter. –Quero dizer tudo disfarçando esse medo que sinto por ele, esse... sentimento. –Você percebeu que ele estava se sentindo mal?

–Eu o vi andando de forma anormal, Bernardo se levantou e eu o segui até o banheiro, quando chegamos lá ele estava quase desmaiando então o ajudamos. –Felipe ao contrário do que eu pensava ele não estava interessado em minhas reações, ou como o clima da mesa mudou, apenas está agindo como o bom médico que é. –Quer ir até ele e saber como ele está?

–Não, eu sei que é um ótimo Médico e não o deixaria ir se ele estivesse tão mal. –Seguro a sua mão por baixo da mesa entrelaçando nossos dedos, é impressionante como todos os meus músculos relaxam só de sentir o calor de sua mão. –Obrigada por cuidar dele, eu sei que é sua função, mas eu sei que fez isso por mim também.

–Eu sei que é difícil se desligar completamente de uma pessoa que fez parte de grande parte da sua vida, eu passei por uma situação semelhante antes de voltar para Bahia, voltei porque queria evitar ter que ficar interagindo com a minha ex. –Soltando a minha mão e me abraçando de lado, beijando minha testa e meu pescoço.

Olho rapidamente para as crianças para ver se notaram, mas elas não estavam nem aí, engataram um jogo no celular e ficavam o tempo todo beliscando a batata frita e as carnes na mesa, belisco Felipe que acaba rindo e acabo olhando para a minha amiga que estava esquecida na mesa, Julia, aquela alma abençoada estava com o celular nos gravando. –Hey! Não parem por mim, eu não estou aqui... depois eu mando o vídeo editado com uma trilha linda.