Disparamos o carro em direção à estrada de terra que conduz à cabana. Ouvimos a explosão na concessionária que o coquetel que Adrian jogou logo atrás de nós e vemos um clarão no que antes era a concessionária. A combinação de fogo com vários carros com os tanques cheios de gasolina será catastrófica. Meu pai acelera o carro o mais rápido possível, mas a rua ainda está escura, só os faróis do carro não são suficientes para nos permitir ver tudo. É difícil até mesmo enxergar os zumbis, que aparecem como fantasmas na frente do carro. Podemos senti-los sendo esmagados pelas rodas e carcaças sendo destroçadas pelo para-choque de impulsão. Ouvimos outra explosão, o fogo deve ter atingido mais tanques de gasolina dos carros, não sobrará nada daquele lugar.
Chegamos na estrada de terra, olho para trás, resta apenas alguns zumbis perdidos indo em direção à concessionária, poucos andam na direção do carro, mas conforme avançamos perco-os de vista.
Levamos mais tempo para chegar à cabana por causa da chuva que não cessa e deixam a estrada ainda mais lamacenta. Caso tivesse escolhido um carro menor, não teríamos chance de continuar nessa chuva.
Ao chegarmos, vemos minha mãe na entrada, em meio ao barulho de trovões a ouço gritar:
– Graças a Deus! Por que vocês demoraram tanto? Eu estava tão preocupada!
– Aconteceram alguns imprevistos, mas estamos todos bem. –Responde Adrian, encarando Denis, como se o culpasse por tudo que aconteceu.
– O que é isso na sua cabeça, Thomas?
– É só um machucado. Estou bem.
Meu pai caminha até onde está minha mãe e a abraça, para tentar acalmá-la. Entramos na casa e Adrian vai direto para o corredor no qual toda a tragédia toda aconteceu.
– Charles. Vou precisar da sua ajuda aqui. – Chama ele.
– Já estou indo. – Responde meu pai, enquanto acaricia o rosto da minha mãe, que já está mais tranquila.
Denis foi direto para o quarto onde deixou Anna e se trancou lá.
Adrian está ajoelhado no chão, ao lado dos corpos inertes da pequena Tina e de Geórgia. Elas estão cobertas por um lençol branco.
– Precisamos enterrá-las. Podemos fazer isso lá nos fundos do quintal, perto das árvores. Temos que, pelo menos, dar um enterro digno a elas. – Fala Adrian ainda com os olhos cheios de lágrimas, olhando para meu pai que acabou de chegar ao corredor.
– Sim, mas com essa chuva será um pouco complicado fazermos as covas, você não acha melhor esperarmos ela diminuir? – digo, olhando para os pés da pobre garotinha que não estão totalmente cobertos.
– Não podemos deixá-las aqui, eu posso cavar sozinho então.
– De maneira alguma – responde meu pai, caminhando até Adrian e colocando a mão em seu ombro. – Vamos ajudá-lo sim.
– Ótimo. Tem uma pá lá nos fundos da casa, podemos usá-la.
* * *
A terra está úmida devido à chuva, o que facilita o trabalho. Em menos de uma hora as duas covas já estão prontas. Não ajudei muito, afinal só tinham duas pás na casa e uma delas estava com um pedaço quebrado, o que atrapalhou um pouco. Adrian volta para a cabana e me pede para ir com ele para ajudá-lo a trazer os corpos. Denis ainda está trancado no quarto, todos sabemos o que acontecerá com Anna, já que ela foi mordida, mas ninguém tem coragem de tocar o assunto.
Ajudo Adrian a posicionar o corpo de Geórgia na cova maior e o de Tina na menor. Logo em seguida meu pai começa jogar a terra na cova. Fico só observando até que o trabalho esteja completo.
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Sobreviventes do Apocalipse - Livro 1 da Duologia Últimos Dias na Terra
TerrorThomas é um garoto de quatorze anos, que adora filmes de terror. Após mais uma noite cheia de pesadelos, ele acorda e vê um noticiário na televisão: repórteres entrevistam um cientista em frente a um centro de pesquisas no Rio de Janeiro que explod...