Any, uma pequena menina infantilista, foi abandonada com apenas nove anos pelos pais e levada para um orfanato. Nesse lugar, nunca recebeu o carinho e cuidado que necessitava, e quando completou os seus 18 aninhos, finalmente conseguiu se livrar daq...
Ver Any correr com medo de mim fez o meu coração apertar e errar uma batida. Eu nunca faria mal para a minha pequena, eu gosto dela, não sei ainda dizer o que sinto, mas eu quero cuidar dela, nunca deixaria que algo de mal lhe acontecesse, muito menos lhe faria mal.
Tem tempo que eu notei um comportamento estranho em Any. Primeiro aquela vez durante o interrogatório, em que ela pediu para eu me afastar assim que toquei as suas costas, e depois hoje quando nos beijamos. Eu sei que tenho que ir com calma, mas eu realmente não sei o que fiz de mal, eu só queria lhe fazer carinho. Cuidar da minha baby.
«A Ny gostou do seu beijinho, mas não quer o que vem a seguir. Doi muito, a Ny não quer sofrer mais»
Aquela frase não parecia bater certo para mim. Afinal? Quem magoou a Any ao ponto de ela rejeitar um simples afeto. Talvez a senhora Evans, não seria a primeira vez que ela se queixa dos seus maus tratos. Eu descobriria tudo sobre aquela mulher, só tenho que descobrir antes onde fica o tal Orfanato.
Dei a Any todas as fotos dos orfanatos registrados da região de onde ela veio,as nenhum lhe chamou a atenção. Isso significa que o orfanato em questão não pertence a nenhuma organização legal ou pelo menos não está registrado. Em breve conversarei melhor com Bailey e conseguiremos chegar numa conclusão mais plausível.
Olhei para as minhas mãos, numa tinha um biberón que antes continha o leitinho com morango que Any tomou, e na outra tinha uma linda chupeta que eu não tive tempo de lhe dar.
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Decidi fazer o que deveria ser feito. Encarar o medo de ser rejeitado outra vez e ir procurá-la. Eu não quero que Any tenha medo de mim, tampouco quero que ela passe mais outra noite a chorar triste. Queria poder levá-la para casa, a acalmar no meu peito e fazer carinho até ter a certeza que ela já estava a dormir.
- Mandou chamar Beauchamp?- Sabina falou entediada ao chegar no meu escritório sendo algemada por Alex.
- Já pode ir Alex, eu converso com a Hidalgo em particular- ele assentiu e deixou a sala.
- Afinal o que eu fiz desta vez? Hidalgo perguntou bufando. Any está a chorar e Joalin está a fazer a tarefa diária- ela resmungou.
- Então Any está sozinha?- pergunto preocupado.
- Sim, graças a você- ela falou com ódio- como sempre. Parece que a odeia
- Como ela foi para a cela? Vocês a encontraram?
- Não, a Agente Nour veio a trazer. Ela estava aos prantos chorando. Tens algo a ver com isso?
- Eu causei isso- Falei me sentindo mal.
- Não pode parar de a fazer sofrer? Se me dá licença, eu vou voltar para a minha cela- ela falou tentando se levantar com dificuldade pelas algemas.
- Espera- segurei um dos seus pulsos por impulso- Eu comprei isto para Any, consegui que ela bebesse tudo e acho melhor ficar com vocês. E aqui está a chupeta, talvez seja precisa durante a noite. Assim tu não tens que... Tu sabes- Falei meio constrangido.
- Eu não me importo Beauchamp. Se Any só se acalmar com o peito, eu irei dar-lhe peito. Não me importo com o que vocês pensam, só não a quero ver mal- Sabina falou pegando nas duas coisas.
- Desculpa, eu não quis dizer isso. Eu sei que só queres o melhor para ela. Eu só achei que fosse mais prático se...- Sabina me interrompe.
- Sim, é mais prático. Fez algo de útil- ela saiu da sala pegando as coisas com dificuldade pelas algemas.
- É melhor eu te ajudar- peguei as coisas de volta e acompanhei-a até á cela.
- Está sozinha bonequinha?- ouvimos uma voz do corredor. Era Amanda. Reconheci facilmente pela voz grave feminina que lhe dava um ar superior.
- Não- Any respondeu chorosa.
- Eu vi Loukamaa no pátio a fazer tarefas. Hidalgo foi chamada ao escritório do chato e tu contínuas aqui. Ou seja, sozinha- Amanda completou.
- Eu estou com o meu amigo, não estou souzina- Any resmungou baixinho.
-Que amigo? Alguém quer se seu amigo?- Amanda riu. Á medida que nos íamos nos aproximando, as gargalhadas ficavam cada vez mais altas.
- O cenourinha é meu amigo- Any falou chateada. A sua voz ainda era de choro, mas ela mantinha-se forte. Quando nos aproximamos mais, as vozes desapareceram e quando finalmente chegamos no corredor, Amanda já estava dentro da sua cela fingindo ler um livro numa página aleatória.
- Romance lésbico? Gostei- Sabina aproximou-se da cela de Amanda para ler o título do livro. A mulher corou e fechou a cara para Hidalgo que encolheu os ombros e foi para a sua cela já com as algemas tiradas.
- Aconteceu algo moranguinho?- Sabina abraçou Any que negou esforçando um sorriso. Isso me preocupou, ela não contou o que nós ouvimos, logo pode ter acontecido mais algo que ela não nos contou também.
- Perdoas-me?- perguntei me aproximando da sua cama. Any olha no rosto de Sabina como se procurasse uma autorização. Neguei, não acredito que Any confia mais em hidalgo do que em mim. Isso é um absurdo.
- Não vai fazer mais mal á Any?- ela perguntou olhando nos meus olhos com aqueles olhinhos de chocolate que tanto me encantavam.
- Eu nunca te faria mal pequena- Falei tentando soar o mais calmo possível.
- "Mais mal"? O que fizeste a Any Beauchamp?- Sabina perguntou me encarando furiosa.
- Nada, eu juro que nunca lhe faria mal- Falei nervoso. Eu realmente não entendi a sua fala.
- Any princesa. Se quiseres podes contar para a Saby o que aconteceu- Sabina falou limpando algumas lágrimas da bochecha de Any e depois fez um carinho no cenourinha que fez a minha pequena sorrir.
- Não, a Ny só quer um abracinho- Any falou tímida. Quando eu me cheguei para a pegar no colo e abraçar, Any abraçou Sabina recusando o meu abraço.
Não vou mentir, doeu muito...
Até amanhã meus geladinhos de avelã com cobertura de chocolate ao leite!
