Capitulo 14 - Revelada

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Lúcia
         — Eu não devia estar aqui porém precisava voltar ao mesmo lugar que a deixei repousando à alguns meses antes não entendia por que ou como aquilo tinha acontecido de fato mas retornar ao cemitério que minha mãe foi enterrada me deixava com várias emoções juntas e nenhuma conseguia ser feliz o suficiente.
Lúcia:– Alex?
          — Não era tão tarde assim e mesmo que fosse conseguia contar o horário do almoço no hospital sem problema algum.
Alex:– Não achei que você viria aqui hoje.
          — Meu irmão mais velho parecia diferente de antes e primeiro tinha o lance do cabelo castanho dele que agora estava raspado completamente o deixando com uma pose de ex presidiário é claro que nessa altura do campeonato talvez ele seja isso mesmo,todos nós estamos ainda nos recuperando de todas as bizarrices dos últimos tempos.
Lúcia:– Nem eu mas sei lá meu irmão me bateu a vontade de visitá-la.
           — Estou com a roupa de enfermagem e coloquei uma pequena jaqueta de tecido branca que me deixava com menos cara de hospital ou no mínimo mais humana era assim que Maria nossa irmã mais nova sempre me falava quando retornava do trabalho.
Alex:– Eu matei ela Lúcia.
           — Estávamos lado a lado observando com cumplicidade a lápide da pessoa que deveria ter cuidado e amado nossa família porém não foi assim e desde que descobri os podres que ela deixava minha irmã passar junto de Alex mesmo sabendo que Maria não era nossa irmã de sangue esse safado não parou de pertubá-la.
Lúcia:– Eu sinto muito Alex.
Alex:– Pelo que?
Lúcia:– Estou te xingando mentalmente.
           — Aquilo lhe provoca uma breve e seca risada e mesmo que nossa relação tenha esfriado desse que Maria resolveu se mudar do Brasil e conhecer sua família biológica me pergunto por que nenhuma vez fui atrás para conversar ou tentar me reaproximar porque nossa mãe morreu e minha irmã não está mais aqui então o que me restou?Logo uma breve lembrança de Antônio sobre mim vem como um flash rápido.
Alex:– O que foi?
Lúcia:– Não é nada.
Alex:– Tudo bem.
Lúcia:– Podemos sentar um pouco e conversar?
Alex:– Em um cemitério?Que garota estranha maninha.
             — Estava ali o cara malandro que tanto adorava quando criança parecia que tínhamos voltado à ter doze e ele quinze anos de novo mas agora aquelas memórias eram apenas isso sinais do passado.
Lúcia:– Não enche!
            — O empurro devagar e Alex finge se desequilibrar porém já segue me oferecendo o braço e mesmo tendo lembranças sobre o que houve entre ela e meu irmão espero que aos poucos esteja começando à mudar e assim entrelaço minha mão e vamos caminhando devagar até o banco mais próximo e sentamos.
Lúcia:– Como você está?
Alex:– Quer dizer depois de ser o responsável por todo o sofrimento da nossa família e também por ser parte principal dela ter se matado?
            — Não tínhamos falado direito ainda sobre o suicídio da nossa mãe então aquela revelação é como um soco no estômago.
Lúcia:– Estou enjoada.
Alex:– Não tanto quanto eu estou.
Lúcia:– É sério estou mesmo.
             — Depois da descoberta da gravidez meu estômago me lembrava diversas vezes o quanto poderia me controlar se possível e ser muito desagradável.
Alex:– O que houve?Você nunca foi de sentir enjoos nem nada do tipo.
Lúcia:– Bem as coisas mudam.
              — Não tinha contado ainda sobre o bebê para meu irmão então as coisas seguiam meio estranhas entre nós.
Alex:– Você fala com a Maria?
Lúcia:– O que?Não importa se quer saber mais sobre sua irmã mais nova vai lá e pergunte o telefone está na bolsa e à propósito valeu por querer saber sobre meu bem estar e quando ele ou ela nascer vou informá-lo Alex!
             — Me levanto porque parece que voltamos à ser os mesmos de sempre já que Alex não tinha esquecido minha irmã pelo menos dava sinais de querer perguntar sobre sua gravidez há  cada minuto quando conversávamos então me sentia para escanteio.
Alex:– Dúvido que Maria vá dizer alguma coisa para mim sobre seu filho.
             — Já chega!Não posso mais guardar isso para mim!Esse imbecil iria saber para que de alguma maneira entendesse da existência do sobrinho!
Lúcia:– Você é um burro sabia!?
Alex:– "Cê"tá afiada hoje em!?
Lúcia:– Sou eu que estou grávida tapado!Descobri à pouco tempo e quase cheguei à abortá-lo.
             — Falo essa última parte com um sentimento muito ruim de culpa e tristeza porque se eu tivesse seguido com aquele plano absurdo de acabar com a existência dessa criança tenho certeza que ficaria com mais pesar em meus ombros e dou graças à Deus por não ter seguido com essa loucura.
Alex:– Isso é algum tipo de piada de mau gosto!?
           — Meu irmão tinha se levantado e ficado com uma cara sombria e meio que entendi o que aconteceria depois disso.
Lúcia:– Olha bem pra minha cara,você acha mesmo que eu iria inventar esse tipo de coisa idiota!?
Alex:– Eu vou matar o Antônio!
Lúcia:– O que!?Não!Volta aqui!
           — Vou correndo atrás dele e consigo alcançá-lo na saída do cemitério.
Lúcia:– O que pensa que vai fazer!?
Alex:– Vou matar aquele safado!
Lúcia:– Você não vai matar o pai do meu filho entendeu!?
Alex:– Então você admite!?
Lúcia:– Fui para cama com ele algumas vezes e sei o quanto fui irresponsável beleza!?Agora porque está tão estressado assim!?
Alex:– Não achei que você estaria grávida pensei que só estivesse nervosa com tudo,eu sei que a culpa é minha!
            — Noto um tom severo e desesperado que parecia não ser por causa do meu filho talvez em parte sim porém era mais do que ele demonstrava,entendi tudo.
Lúcia:– Você tá deixando nossa mãe mexer com sua cabeça ainda,precisa acreditar em mim meu irmão porque independente do que fez sempre era mais pesado pro meu lado.
           — Dessa vez Alex me olha e não sorri mas sua fisionomia muda para alguém mais leve e realmente preocupado.
Lúcia:– Graças à Deus!
Alex:– O que foi?
Lúcia:– Você não está sozinho me entendeu?Posso ter negligenciado os cuidados com a Maria porém não quero fazer isso de novo me ajuda para eu te ajudar.
           — Fico surpresa com o abraço que Alex me dá e dessa vez retribuo sabendo que mais do que nunca precisava de um colo para me sentir melhor comigo mesma assim como meu irmão também precisa.
Lúcia:– Eu te amo.

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