Capitulo 20 - Tudo que pode dar errado

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Lúcia
          — Eu tinha acabado de sair do trabalho e fui pegando um trem que me deixaria a poucas quadras do meu bairro e por mais que estivesse com aquele assunto todo resolvido na cabeça ainda sim sempre me veria encurralada por mais pensamentos de culpa e agora que via Brenda na mesma situação que estava fiquei sensibilizada e imaginei como seria diferente se Maria estivesse aqui ou minha mãe que me deixou na mão quando mais precisei dela.
Lúcia:- Ou talvez tenha sido eu mãe.
          - Estou sentada em uma cadeira que fica do lado de uma janela enquanto via o movimento tão rápido quanto foi a passagem dela pelas nossas vidas e entendia que tinha se magoado com meu pai e não tendo muito apreço pela minha irmã cega porém tentava acreditar que com o tempo passando iríamos achar um jeito de enfrentar as coisas e vencermos.
Lúcia:– Sou uma idiota!
         — Aos poucos o trem vai parando e percebo que é hora de descer só que não estava com pressa e deixei as pessoas mais apressadas saírem na frente enquanto ficava esperando aquela grande quantidade passar na frente.
Lúcia:– Agora sim!
           — Não fazia diferença antes quando estava em casa e muito menos agora porque toda vez que tentei fazer algo bom pela minha família acabei de mãos atadas com medo porém não iria me sentir assim nunca mais.
Lúcia:– Não acredito.
            — Tinha acabado de subir um lance de escadas para sair da estação quando avistei Antônio contra uma parede parecendo esperar alguém e nossa como sou boba!Até parece que iria me esperar,ele nem sabia que estava vindo por esse caminho hoje.
Antônio:– Bem na hora gata.
            — Ele acaba me beijando e vou retribuindo seus beijos e caricias até percebermos que estávamos em público.
Antônio:– Calma tigresa.
Lúcia:– Como sabia que eu vinha por esse caminho?
Antônio:– Suas amigas são ótimas informantes sabia?
             — Novamente sou beijada na testa o que me faz arrepiar por completo em meu interior e como gostava de senti-lo tão perto,era quase como se soubesse do que precisava e me desse,adorava sentir aquilo,dessa maneira e então começamos a caminhar juntos de mãos dadas.
Lúcia:– Claro que são.
Antônio:– Não quero te ver voltando sozinha do trabalho mais Lúcia.
Lúcia:– Não se preucupe comigo estou acostumada em fazer isso.
Antônio:– Lúcia não adianta ser forte o tempo todo e esperar que não pode se apoiar nos outros de vez em quando.
             - Queria dizer que estou com raiva dessa situação só que não consigo,a verdade é que nos últimos meses Antônio tem sido um ponto de apoio melhor do que poderia imaginar sendo que a aproximação com meu próprio irmão está péssima e mesmo tendo conversado algumas vezes com Maria ainda sim me sinto horrível por não ter ficado do lado da minha família.
Lúcia:- Caramba!Você está diferente.
Antônio:- Estou mais gostoso?
Lúcia:- E convencido também?Sem sombra de dúvida!
             - Dessa vez coloco minhas mãos ao seu redor e acabo rindo daquela situação toda,me sentindo tão bem e protegida como a muito tempo não me sentia,fiquei agradecida por aquilo que acontecia.
Lúcia:– Vem!
Antônio:– Que foi?
           — O arrasto para tomar um sorvete de casquinha e as vezes fazia isso com Maria e me senti nostálgica passando em frente aquela sorveteria.
Antônio:– Então quer um encontro comigo gatinha?
Lúcia:– O que!?
           — Antônio quando queria sabia como me deixar rindo e o achando ridículo ao mesmo tempo,esse era seu super poder contra mim.
Lúcia:– Você não existe sabia?
Antônio:– Se não existisse não estaria grávida não acha?
Lúcia:– Calado!
           — Acabo escolhendo uma casquinha de chocolate enquanto ele escolhe uma de morango e sentamos em cadeiras brancas ainda lá dentro.
Lúcia:– Nossa como isso é bom!
           — Enquanto comia noto que Antônio observa admirado toda minha cena em degustar aquela sobremesa já que fazia um tempo que não a comia.
Lúcia:– O que foi?Por que está me olhando assim?
Antônio:– Se continuar fazendo esses barulhos super sensuais Lúcia é melhor usarmos o banheiro daqui para uma rapidinho,sério.
Lúcia:– Palhaço!
           — Aquela risada dele me faz sorrir e pensar que deveria ter feito mais isso com minha irmã e além disso tê-la ouvido então uma culpa vem tão forte quanto todos os medos que tinha desde criança porque mesmo que Alex estivesse distante com tudo que houve e se sentisse uma merda como estou sei que poderia ter feito tudo diferente e é isso que mais dói ter me afastado delas quando precisaram de mim.
Antônio:– Ei não fica triste!
           — Sinto sua mão na bochecha e aquilo me faz ficar um pouco melhor com tudo que havia passado e mesmo que estivesse me sentindo em carreira solo lá no fundo sei que não estava.
Lúcia:– Não se preocupe comigo.
Antônio:– Já reparou que você sempre fala esse tipo de coisa?
Lúcia:– Não nem reparei.
            — Na verdade falava aquilo sempre que sentia que poderia ser alvo de pena por alguém e me sentia horrível já que sempre precisei lidar sozinha com meus problemas e não gostava quando alguém se achava no direito de se meter só pela desculpa de gostar de mim.
Antônio:– Pois é você adora fazer isso.
Lúcia:– Me desculpa se gosto de ser forte.
Antônio:– Não quer saber?
Lúcia:– O que?
Antônio:– Acho isso uma gracinha.
            — Pronto agora estaria ficando bem vermelha pelo que tinha acabado de falar,Antônio tinha esse dom de me fazer sentir bem pelo menos emcaro assim agora porque quando nos conhecemos lembro claramente de me sentir bem intimidada pelas amizades que Maria tinha arrumado e acima disso por ele ser garoto de programa já que na época era super preconceituosa e não conseguia acreditar que o cara que gostei e agora está casado com minha irmã também fazia esse tipo de trabalho para se sustentar,era tão boba.
Lúcia:– Você não cansa disso não!?
Antônio:– De você?Dificilmente amor,pode acreditar que vou convencê-la a casar comigo.
Lúcia:– Que!?
             — Preciso rir da sua audácia em tentar achar que iria fazer esse tipo de loucura só porque engravidei,será que Antônio não percebeu em que século estamos não?
Lúcia:- Você só pode ter bebido né?
Antônio:- Pelo contrário acho até que vai fazer um certo tempo que não coloco álcool na boca.
            - Ele dá um meio sorriso em minha direção e em seguida pede mais uma casquinha do mesmo sabor já que tinha praticamente devorado sua sobremesa.
Lúcia:- Cuidado!Vai ter uma indigestão se ficar comendo como louco sabia?
Antônio:- Fica calma docinho só estou começando.
             - Sempre fui uma garota direta e quieta e até mesmo fechada porém Antônio era totalmente o oposto de mim e toda vez que cometia um erro em vez de se sentir culpado por isso ele apenas ria e contagiava todos ao seu redor,isso com certeza me fazia sentir inveja dele,droga!
Antônio:- E aí?No que está pensando?
Lúcia:- Me sinto uma invejosa perto de você sabia?
Antônio:- Por que?
Lúcia:- Antônio você tem qualidades que eu gostaria muito de ter sabia?
            - Aquela emoção presa na garganta ou porque estou grávida talvez me faz ter lágrimas nos olhos como se jorrassem do mais profundo do meu ser,por mais que tentasse elas me conduziam à querer desabafar com ele.
Antônio:– Ei não faça isso.
            — Sinto suas mãos protetoras ao meu redor e estou tão afundada nisso que não percebi quando tinha vindo até mim.
Lúcia:– Eu não quero ser alguém ruim.
Antônio:– Você não é.
Lúcia:– Como sabe disso?
Antônio:– Porque aos poucos você tem me salvado.

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