capítulo um

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*CAPÍTULO NÃO REVISADO. SUJEITO A ALTERAÇÕES*

Férias? Para a minha família isso significa praia.

A princípio parece empolgante.
O calor, a ideia de simplesmente viajar... Sair da rotina e estar na presença das pessoas que você mais gosta.

Mas depois aquela euforia acaba.
Pelo menos para mim. Chegou há uma semana, quando os meus pais anunciaram que iriamos passar as ferias turistando pelas praias de Carolina do Norte, pegamos o aeroporto as seis e meia da manhã de hoje. A viagem foi curta e tranquila, gostei! Não passei por nenhuma crise de panico. Mas a empolgação sumiu agora, quatro horas depois que chegamos na praia e eu simplesmente decidi que me cansei dela, só na segunda vez que deixei a agua.

Toda desengonçada. Com o cabelo grudado na cara e cuspindo metade do oceano. Eu não sirvo nem para conseguir me equilibrar no vai e vem de uma pequena onda. Acabei me afogando, minha irmã riu da minha situação de maneira desesperada pela atenção de todas as pessoas presentes na praia. E conseguiu.

Fiquei bastante constrangida, a pele pegando fogo diante dos olhares de todos. Soltei baixinho uns palavrões antes de voltar para a areia e me sentar em uma cadeira debaixo de um guarda- sol.

Como se fosse adiantar alguma coisa ser desbocada.

E estou sentada na mesma posição até agora. Com a minha mãe ao meu lado me encarando com uma cara feia enquanto discursa sobre a minha ingratidão e indisposição para viajar com a própria família.

Ela escondeu o meu celular e o meu fone dentro da bolsa. É por isso que estou a ouvindo contra a minha vontade.

Fiquei pelo menos com o meu livro: As vantagens de ser invisível. Eu bem que tentei me concentrar na leitura, mas com a minha mãe falando sem parar do meu lado, é como passar os olhos pelas páginas de um dicionário no meio de uma sala de aula falante.

Eu só queria ir embora.

- ... Está vendo a Zoe?- apurei os ouvidos e suspirei impaciente.

Lá vai ela colocar a minha irmã no meio da nossa conversa de novo. Eu odeio isso.

- Ela está se divertindo. Você devia fazer o mesmo e deixar de se comportar igual um "bicho do mato".

Batuquei os dedos na capa dura do livro sobre o meu colo e comecei a assobiar olhando para os lados.

- Você está me evitando? Não vai dizer nada? Fazer nada?

- Eu estou fazendo nada.- sorri ironicamente.

A mulher ao meu lado revirou os olhos antes de finalmente se levantar da cadeira.

- Vai entrar na água?- perguntei enquanto ela chacoalhava a areia esparramada pelo seu par de chinelo.- Eu ouvi um amém?

- Comece a brincar e eu volto a me sentar rapidinho. - ergui as mãos para o alto como quem diz
"não está mais aqui quem falou".

Vi Zoe se aproximar da parte rasa da água. Ela estendeu o braço para ajudar a minha irmã a entrar na água. Zoe é cinco anos mais nova do que eu, sabe nadar, mergulhar e até surfar. Eu fico no chinelo. Aqui em Carolina se você não souber nadar em público já é motivo de chacota, então eu prefiro evitar do que passar vergonha.

Enquanto minha mãe brincava com a minha irmã na água, o meu pai bebia cerveja e conversava com dois homens que ele acabou de conhecer em um quiosque. Como vocês podem ver, exceto eu, todo mundo é bem comunicativo e se enturma com facilidade na minha família.

Fechei o meu livro e relaxei meus pés na areia.

Zoe acenou para mim, de dentro da água. Retribui o gesto e suspirei.

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora