capítulo doze

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Fomos quase alcançados e perseguidos por duas viaturas da polícia, e pelo carro dos meus pais com o Luke de passageiro.

A nossa sorte foi termos um carro muito potente para fugir e o azar deles é o JJ não estar sóbrio. No banco de trás eu encontrei uma garrafa de cerveja vazia e três cigarros apagados ao lado dela, o garoto assumiu que tinha usado tudo aquilo no caminho para o hotel. E então ele começou a chorar, com aquele seu velho discursinho de "Ai, eu sou um fracassado", "Meu pai me odeia". Os efeitos do álcool e do baseado estavam começando a ficar mais fortes.

Quando eu percebi que ele havia dado uma desacelerada e os carros estavam mais próximos, alertei JJ às pressas. O choro de se transformou em raiva quando visualizou o rosto do seu pai em um dos carros, com a adrenalina a mil JJ não limitou a velocidade e meteu o pé no acelerador, eu tive que fechar os olhos para não vomitar enquanto escutava o maluco ao meu lado gritar e xingar o Luke com todos os palavrões possíveis.

Depois de mais ou menos cinco minutos correndo da policia JJ conseguiu despistar eles nos jogando dentro de um milharal.

É, um milharal. E lá ficamos, sem saber exatamente para onde ir. Apenas se recuperando das emoções que a fuga trouxe.

JJ estava fumando o seu quinto cigarro ao meu lado, ao mesmo tempo que já abriu outra cerveja. Ele parecia mais calmo já que não estava mais dirigindo, mas só Deus sabe o que se passou na sua cabeça. Nunca o vi fumar e beber tanto, não trocamos uma palavra até agora e isso só me faz pensar no "Eu te amo", que ele disse.

Foi besteira, ele estava chapado e já tinha fumado no caminho. Provavelmente soltou aquilo na emoção.

Eu fico muito aliviada, afinal ele não se passa de um amigo meu.

Esse garoto é tudo o que tenho agora. Não tenho família, nem dinheiro e fui deserdada só para poder ficar com um pobre sem visão de futuro. Não quero arriscar perder a amizade que temos, por mais maluca e complicada que ela seja.

- Me arranja um cigarro.- quebrei o silencio.

JJ mexeu no bolso da jaqueta de couro e tirou de lá um cigarro e um isqueiro. Aquele isqueiro é novo, de capa verde e tudo.

- Obrigada, mas eu não desfaço dos mais velhos.- puxei o isqueiro do bolso da minha calça e apontei na sua direção, ele curvou a boca de uma maneira esquisita e eu considerei aquilo como um sorriso.

Acendi o cigarro com um sentimento divertido no peito, eu estava me acostumando a fazer aquilo. Infelizmente ou felizmente essa droga me deixa tranquila e menos presa que os meus remédios. Suspirei soltando a fumaça pela boca, a cabeça erguida para fora da janela do carro.

- Então agora você fuma?- provocou.

- Parece que sim.- suspirei.- e agora você usa esse tipo de roupa de bad boy?

- Isso não me caiu bem. Meu pai que inventou.

- Você ficou gatão.

- Talvez porque eu tenha ficado igual a você e as suas roupas de gente rica.- ironizou.

Olhei para a minha jaqueta e depois para o garoto ao meu lado. Coube tão bem nele essas roupas, e eu uso esse tipo de roupa há anos e nunca me senti bem.

-Zoe que me obrigou a usar isso, não é por que sou rica que curto esse estilo.- ele não disse mais nada, me virei para a janela para não olhar na sua cara e continuei- o que aconteceu com o seu pai? Por que você quis fugir comigo?-mudo de assunto.

- Achei que fossemos amigos.

- Não se faça de sonso. Há dois dias você defendeu o seu pai e me deixou ir embora, e se o destino tivesse sido decente? E se nunca mais nos encontrássemos?

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora