capítulo vinte

127 22 92
                                    

O pessoal alugou um quiosque na praia.

Quando nós chegamos já tinha bastante gente comendo e bebendo no quiosque e outras na areia, reunidas em volta da fogueira. Mais de dez mesas devem ter sido expostas, e muita comida e bebida foi servida.

O clima a noite aqui em Outer Banks é mais frio que o calor quase insuportável que faz durante o dia. Por isso quando eu cheguei lá, bateu o arrependimento de não ter pegado nenhuma blusa.

O pessoal meio que se dividiu quando chegamos. Os meninos foram para um lado, a Sarah para o outro e a Kiara para a fogueira. Fiquei no quiosque comendo e bebendo, esse é o meu fetiche em festas.

Posso voltar para casa sem ter beijado ninguém, mas de barriga vazia jamais.

Quando terminei de comer a minha porção de batata frita com cheddar e bacon, e beber dois copos de ponche de groselha, deixei o quiosque e caminhei até a areia, me sentei em um tronco em volta da fogueira e observei o pessoal ao meu redor a procura de um rosto conhecido.

- Oi!- olhei para o lado e vi uma garota morena se aproximar com um copo em uma mão e um cigarro na outra.

- Oi?- me encolhi.

- Posso senta aqui?- ela fez sinal para o tronco e sem esperar que eu respondesse já foi se sentando.

A moça passou o braço na minha frente e praticamente enfiou o copo - cheirando fortemente a bebida alcoólica - na minha boca. Fiz que não com a cabeça, meio incomodada e ela afastou a mão.

- Você não bebe?- al garota parecia estar meio grogue, além da voz meio carregada, os olhos estavam murchos e as pernas bambas.

- Não. Tenho dezenove anos ainda.

Ela soltou uma gargalhada e balançou a cabeça para o lado, encostando-a no meu ombro e a levantando rapidamente.

- A-achei que pessoas que... Esperam os vinte e um anos para beber.- ela pousou a mão na boca e soltou um arroto.- fosse mito sabe? P-porque eu bebi minha primeira ca-cachaça com doze anos.

E então ela soltou outra gargalhada escandalosa, balançando um pouco o copo e deixando derramar um gole do líquido espumante sobre a areia. O seu escândalo chamou um pouco a atenção do pessoal em nossa volta.

- E não tá tudo bem.- falei. Sentindo vergonha por ela.

- Não!- sua voz saiu ainda mais carregada.- não está! E-essa porra... Tá tu-tudo dando errado.

E então a garota começou a chorar. O efeito do álcool com o baseado provavelmente começaram a fazer efeito, ela relaxou a postura e abriu o berreiro falando e falando ao mesmo tempo que fungava. E eu ficava sem graça por não estar entendendo nada.

- Calma...- disse um tempo depois, desesperada e confusa.- respira ok? Não precisa se descontrolar.

Ela virou o rosto para mim. As bochechas cobertas de rímel, o nariz vermelho e a boca torta e trêmula, tentava engolir o choro de maneira fracassada. Fiz uns sinais com as mãos a orientando, para segurar e soltar o ar com calma. Ela repetiu os movimentos uma vez antes de voltar a chorar novamente.

- Eu...- a morena parou de chorar de repente, paralisou e destravou, levando as mãos até a boca.- acho que vou...

A morena correu dali e eu fui atrás. Ao lado do quiosque, onde as pessoas comiam e bebiam ao som da Shakira, havia um muro repartindo o banheiro feminino a direta e o masculino a esquerda.

Escutei a porta de uma das cabines bater na parede, parei em frente a porta e a observei golfar, agachada no chão e agarrada ao vaso sanitário. Entrei na cabine e puxei os seus cabelos encaracolados para cima.

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora