capítulo onze

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Dois dias se passaram desde que eu vi o JJ pela última vez e os meus pais me trancaram dentro de um quarto de hotel.

Não saí para nada. Recebi as refeições na porta do meu quarto pelo Room service. Zoe me ligou dizendo que a nossa mãe havia proibido ela de ir até os meus aposentos para falar comigo.

Eu estava literalmente de castigo.

Mas ele logo "acabou", dois dias depois da hospedagem, estaríamos deixando Virgínia e voltando para a casa ao invés da pousada. Minha mãe deixou bem claro que a minha fuga acabou com a viagem e deixou todo mundo estressado.

Eu tive que me segurar para não sorrir enquanto ela dizia isso.

Minha alergia melhorou um pouco e eu tive duas crises de ansiedade. Tratei tanto da irritação na pele quanto da psicológica a base de remédios. Senti saudades da minha bombinha.

O rosto do JJ apareceu na minha cabeça quando eu peguei a caixa de antibióticos. Eu ignorei e tomei mais de dez comprimidos nesses dois dias.

O meu corpo estava relaxado, minha mente depressiva e minha aparência maquiada.

Literalmente maquiada, coloquei um sorriso sínico no rosto e corrigi as olheiras com corretivo e as manchas da alergia com base.

Não há nada que já não esteja ruim que não possa piorar.

Meus pais vão me internar mesmo. Passarei uma noite em casa e no dia seguinte serei encaminhada para uma clínica perto de casa.

Talvez fosse bom. Talvez fosse ruim. Eu já não me sentia mais incomodada, acho que era o efeito dos remédios. O que eles resolvessem seria e pronto acabou! Não tenho para onde fugir, não tenho nada a perder.

Eu já perdi.

Ele não me escolheu. Só precisava me ajudar, mas não era sua obrigação.

Estava perdida nos meus pensamentos, enquanto ajudava os funcionários do hotel a moverem as minhas bagagens do quarto até o carro. Zoe aguardava dentro do veículo enquanto meus pais estavam acertando contas e mais contar na recepção.

Durante esses dias eu fumei, chorei, alucinei e imaginei demais.

Praticamente passei o dia todo sentada na varanda do hotel, observando o movimento da rua e as pessoas passando pela calçada e admirando a entrada do lugar que eu me encontrava. E eu só queria sair dali.

Jurei ter visto o rosto do JJ em três caras diferentes que passaram na calçada. Convenci que estava doida e eram os efeitos do remédio, chorei sozinha me sentindo perdida.

Engolindo comprimidos até não sentir a falta de um amigo.

- Obrigada.- pisquei duas vezes, voltando para a realidade quando um dos funcionários do hotel fechou o bagageiro do carro.

- Eu que agradeço pela ajuda.- ele acenou para mim e entrou na recepção.

Ouvi Zoe assobiar de dentro do carro. Ela estava me alertando, era melhor eu parar de bobeira e entrar antes que os meus pais aparecessem e começassem a brigar comigo.

- Pronto.- fechei a porta do carro e me ajeitei no banco.- é minha vigia agora?

- Não começa. Só não quero que você se meta em mais problemas com papai e mamãe.

- "papai e mamãe"- debochei rindo, enquanto olhava a rua pelo painel do carro.

- É o que eles são.- Zoe suspirou.- independente de qualquer coisa.

- Mesmo se eles me deixarem ser internada?- lutei contra a vontade de fechar os olhos.

- Você vai ficar segura lá e eu não vou te deixar sozinha, te visitarei quase todos os dias.

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora