capítulo catorze

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Você só se dá conta de como ser uma pessoa teimosa é insuportável quando encontra uma mais teimosa do que você.

JJ não tem limites e depois fica me chamando de mãe. No caminho inteiro até o aeroporto eu pedi, na verdade supliquei para que ele se livrasse da merda daquela arma porque eu sabia que ela seria confiscada.

Eu não estava levando muita coisa para a viagem, porque eu não tinha literalmente nada para levar além da roupa no meu corpo e um mini caderninho que comprei no restaurante ontem. JJ só levou uma mochila.

O meu erro foi não revistar ela e me certificar do que ele andava guardando ali dentro além da arma. O resultado disso foi a vergonha que eu tive que passar quando passamos pela inspeção de passageiros.

Além da arma prenderam uma navalha, um estilingue, um taco de golfe e um isqueiro.

Eu só não matei ele naquele momento porque estava muito ocupada tentando contornar a situação e provar que não éramos loucos, e que não estávamos planejando matar ninguém.

Um taco de golfe? Eu juro que não tinha percebido que ele estava andando com uma coisa dessas se não teria jogado fora.

O que aconteceu foi que o JJ se estressou e falou que não ia embarcar sem "as coisas" dele. Foi aí que eu descobri que ele nunca tinha andando de avião, porque se tivesse andando pelo menos uma vez na vida teria um pouco de senso e entenderia que aqueles objetos são perigosos e é o trabalho da inspeção prende-los.

Ele peitou um dos seguranças do aeroporto por tocarem na sua arma. O nosso voo foi cancelado por isso, e fomos expulsos do aeroporto.

Infelizmente a arma e os outros objetos ficaram presos e não serão devolvidos. Caso contrário ninguém iria me impedir de disparar um tiro na cabeça do JJ.

- Vai falar comigo ou continuar emburrada?

Fechei o caderno, passei a caneta atrás da orelha e olhei feio para o garoto ao meu lado.

- Era para eu estar escrevendo no meu diário de bordo agora.- levantei as mãos para cima.- se você não tivesse estragado tudo e feito a gente perder a nossa viagem!

Do lado de fora do aeroporto, sentada no gramado enviava ódio gratuito para o delinquente do JJ, em forma de palavras rabiscadas na força do ódio no meu caderno.

- Vamos lá comprar outras duas passagens.- o garoto jogou o cigarro no canteiro e ajeitou o cabelo.

- Não? Você não ouviu? Nós fomos expulsos!

- Hum...- ele olhou para os lados e coçou a cabeça.- está vendo aquela mocinha ali?

Apontou o dedo na direção de uma aeromoça que estava terminando de almoçar na lanchonete do aeroporto.

- O que tem ela?- perguntei impaciente.

- Acho que vocês usam o mesmo número de roupa.

- É sério?- gritei.- Você está mesmo... - penso por um segundo.- Não!

- Sim!

- Nós não vamos entrar nesse avião se passando por outras pessoas. De jeito nenhum!

- Estou procurando por um homem espera aí.

- JJ? Menos, bem menos! nós não vamos fazer isso.- abri o meu caderno de volta e comecei a riscar uma página em branco, ainda mais nervosa.

- De acordo com esse relógio.- o garoto amostrou o pulso.- o nosso voo parte em quinze minutos. Precisamos ser rápidos!

Dito isso ele esticou bem as pernas e se levantou do murinho.

- Essa roupa de couro está me matando.- resmungou.

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora