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Depois de despistar o JJ jurando que não abriria a boca para ninguém sobre o que eu vi, volto para a areia as pressas, não demorei muito, mas o pouco é demais para a minha mãe. Ela aumenta tudo e faz causo ao falar para o meu pai. Ambos são supercontroladores desde que eu me conheço por gente, quando eu era criança não via problema nisso, agora eu enxergo tudo e me sinto um pouco sufocada as vezes.

Eu nunca dormi na casa de nenhuma amiga minha, nunca fui de frequentar muitas festas no colégio ou ir aos retiros de jovens com os meus amigos da Igreja. Meus pais sempre me passaram uma visão assustadora do mundo lá e confesso que ainda sou movida pelo medo que eles colocaram em mim.

Enquanto me aproximo da areia, de longe já consigo ver a minha mãe ralhando com o meu pai e a minha irmã enquanto aponta para as cadeiras, as toalhas estendidas na areia. Zoe bebe água tranquilamente, geralmente ela não discute com a minha mãe, é muito alheia, igual ao meu pai que também permanece em silencio deixando a esposa dar o seu show sozinha. Discutir em casa é uma coisa, até eu faço, agora em publico... Só a minha mãe mesmo.

- Você ficou maluca?- Minha mãe grita comigo assim que eu me aproximo.

- Primeiramente oi. Como você está hoje dona Lorena?

- Para de graça Maggie! A sua sorte é que eu dei com a sua ausência a tempo de ninguém roubar as nossas cadeiras e a caixa de isopor largadas pela senhorita na areia.

- Eu estou bem se era isso o que você queria saber- Ironizo.- Demorei no banheiro por causa de uma dor de barriga.- minto.

Zoe me encara com uma expressão de nojo. Reviro os olhos.

- Espero que você não entre mais na água.- Provoca a morena enquanto seca o cabelo encaracolado na toalha.

- Espero que você cale a sua boca.

- Ei, ei!- Minha mãe interfere.- Vamos parar as duas? Ninguém vai entrar mais na água não. Já estamos de saída.

O sorriso da minha irmã se desfaz enquanto o meu cresceu. Enfim, totalmente opostas.

Se estamos indo embora por minha causa eu não sei. Só sei que se for por isso até que valeu a pena me encrencar, no final das contas JJ me salvou da praia e estamos indo embora como eu queria. Pego uma das cadeiras já desmontadas e penduro no meu braço, na outra mão seguro meu par de chinelos. Viro de costas e olho uma ultima vez para o mar antes de seguir a minha família até o carro.

Terminamos de guardar dentro do bagageiro tudo o que trouxemos. Minha mãe já esta acomodada dentro do carro, Zoe e eu conversamos do lado de fora para evitar atrapalhar ela, pelo menos até o meu pai voltar do quiosque, ele foi até lá de novo porque disse que precisa resolver alguma coisa com o dono. Viemos para cá de avião, porque eu tenho sensibilidade a descer serras de carro. Meu pai alugou um carro para passearmos pela cidade e vir até a praia, a pousada que estamos hospedados é próxima, mas andar com cadeiras e tantas coisas nos braços é dureza.

Na bolsa que alguém acabou de guardar no bagageiro, busco pelo meu livro que a minha mãe provavelmente guardou enquanto eu estava enroscada no banheiro. Zoe entra no carro e eu a sigo. Nos acomodamos nos bancos de trás, ela já esta com a sua almofada no pescoço não sei o porque se a pousada é logo ali.

- Cabe mais um?- Praticamente salto do banco quando uma voz recém conhecida chega ao pé do meu ouvido.

Viro a cabeça e encontro o rosto de JJ colado no na janela do carro. O encaro assustada, ele ri ao perceber a minha surpresa e tenho vontade de arrancar os seus dentes por isso. Fico ainda mais confusa quando meu pai da dois tapinhas nas costas dele e faz sinal para eu abaixar o meu vidro. Contrariada faço o que ele pede.

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora