capítulo dezessete

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JJ é mais estranho do que eu pensava.

Durante a temporada que ele passou "trabalhando" nas praias e pousadas em Carolina ele também se aproveitou dos turistas. Acumulando cerca de três dólares no final de cada semana e se queixando de receber tão pouco, o garoto resolveu arrumar uma terceira forma de conseguir dinheiro.

Tocando na praia. Uma velha e desafinada gaita.

Sem nenhum preparo de verdade, ele simplesmente encontrou o instrumento no lixo de um dos quiosques que estava limpando e resolveu que ia conseguir uma grana extra "tocando" para as pessoas presentes na praia. Como se alguém estivesse pedindo para ser perturbado.

JJ alegou que ninguém de fato gostou da sua música e que eles não sabiam apreciar um bom musico.

Mas não desistiu. O seu boné continuou ali jogado na areia a espera de uma pequena recompensa. E tocando a gaita por três semanas seguidas, todas as tardes depois de terminar seu expediente nos quiosques, tudo o que ele conseguiu foi ganhar uma camisinha...

Aquela camisinha foi na verdade uma espécie de esmola.

Quando ele me contou a historia eu me acabei de rir, juro não era a minha intenção ser tão indelicada. Vendo o descontentamento dele diante da minha graça eu perguntei o porque ele ainda guardava aquela camisinha no bolso das suas calças sendo que nós deixamos a praia há muito tempo.

Sua resposta foi simples: a camisinha era um símbolo de sorte.

Jurou que nunca ia usa-la a não ser que a pessoa lhe traga mais sorte que um preservativo (papo estranho). Vai estar sempre na sua carteira ou no bolso de alguma calça. É como andar com a sorte ao seu lado. Disse ele, o que me fez ficar bastante assustada. Ele jura que escapamos de tudo até aqui graças a uma camisinha?

Eu recomendo o meu psicólogo ou uma terapia logo.

Talvez envergonhado ou sentindo que eu estava envergonhada, JJ permaneceu o caminho todo até a praia longe o suficiente de mim. O possível para não escutar a minha respiração. Enquanto eu estava conversando com a Sarah em uma ponta, ele estava deitado com o boné sobre o rosto na outra.

- Vai uma ajuda?- ainda estava observando JJ, John B. e Kiara correrem na direção do mar agitado com as suas pranchas quando Pope me ofereceu a mão para me ajudar a descer da Kombi do John B.

Aceitei a sua mão e desci do veiculo com um pulo. Sarah veio logo atrás com toalhas e bolsas nos braços.

- Acho que será somente nós duas por enquanto.- disse Sarah enquanto caminhávamos na areia e Pope se afastava com a sua prancha.

- Você não surfa também?

A loira riu, parou a uns dez pés de distancia da maré e estendeu uma toalha na areia.

- Eu não sei nem nadar se você quer saber.

- Olha...- suspirei aliviada.- errado ou não eu fico feliz por não estar sozinha nisso. Da ultima vez que estive na praia com a minha família eu me afoguei e não foi legal.

Ela me entregou uma toalha esverdeada e eu a estendi na areia logo ao seu lado.

- É bom ficarmos juntas. John B. na maioria das vezes deixava de surfar para me fazer companhia na areia.- Sarah levantou o corpo para cima apoiando os cotovelos na toalha enquanto falava.- eu via que ele se sentia meio que não obrigação de deixar de se divertir com o pessoal só para ficar comigo. Isso me fazia sentir que estava atrapalhando alguma coisa de alguma forma.

Sei bem como é isso. Eu me sinto cem por cento deslocada na maior parte do tempo.

Ajeitei a toalha e me deitei. O biquíni florido que Sarah me emprestou coube certinho em mim, o que foi o gatilho para eu colocar um short jeans na parte debaixo. O problema não esta nem no meu corpo, o problema esta em andar com roupas de banho por ai . Eu não consigo me sentir confortável.

Ondas De Encrencas (2021-2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora